Aos 40 anos, o economista e
jornalista britânico já vendeu mais de um milhão de livros. A receita?
Descomplicar a economia.
Se atravessarem – o leitor e o
economista – uma estrada com muito trânsito, é provável que ele lhe fale do
engenheiro de tráfego holandês que inventou uma forma de reduzir drasticamente
o número de acidentes, só porque libertou algumas ruas do mobiliário urbano em
excesso, obrigando os condutores a serem mais responsáveis. É assim que Tim Harford ganha a vida: a contar – nos
jornais, na rádio e em livro – histórias sobre a economia escondida em tudo o
que fazemos. As últimas estão publicadas em O Economista Disfarçado Contra Ataca, o seu sexto livro.
Trechos da entrevista de Tim Harford à jornalista Joana Carvalho Fernandes, revista Sábado, edição nº 521, 23 a 29 de
abril de 2014
(…)
E como é que isso nos ajuda a resolver esta crise e a prevenir outras?
Acho que podemos esperar que a
próxima crise desta dimensão só aconteça daqui a 50 anos. O problema da Zona
Euro é que o nível de integração política não acompanha o nível de integração
econômica – temos uma situação em que os alemães, que têm uma grande influência
sobre o Banco Central Europeu, querem o melhor para a Alemanha, e em que os
espanhóis querem o melhor para a Espanha. Mas o que é melhor para a Alemanha
não é o melhor para a Espanha. Nem para a Itália, nem para Portugal. E todos
estes países são democracias, todos os governos têm de respeitar o que as
pessoas querem. Isso faz com que a coordenação seja muito difícil.
No último século a economia fez invenções (como a do PIB) mas também
contou mentiras. E até houve uma determinante para a economia do Brasil.
Foi uma moeda-fantasma. A
história começa no início da década de 60. O Brasil sofria surtos de inflação
há décadas. Os preços aumentavam 80% por mês. Uma carcaça (pão francês) que
custava 1 cruzeiro em janeiro podia custar mais de 3 cruzeiros em março, mais
de 100 em setembro e bem mais de 1.000 no mês de janeiro do ano seguinte.
O Governo mudou de moeda
diversas vezes para tentar controlar o problema – o cruzeiro foi substituído
pelo cruzado (1986), no ano seguinte o cruzado foi revalorizado, depois o
cruzado foi substituído pelo cruzado novo. Dois anos depois, o cruzado
regressou. Em 1992, o cruzado voltou a ser substituído. Mas pelo cruzeiro.
Cinco moedas novas em sete anos!
Como é que o problema se resolveu?
Um grupo de economistas
decidiu alterar a unidade de conta do cruzeiro – chamou-lhe Unidade Real de
Valor (URV). Os salários passaram a ser denominados em URV, no supermercado tudo
era denominado em URV. A pessoa ia comprar pão e, para pagar, tinha de
consultar a tabela (na parede, nos jornais) calculada diariamente pelo banco
central, e entregar o número de cruzeiros equivalente a uma URV.

Esta moeda-fantasma mudou a
psicologia da inflação. Foi brilhante. A melhor propriedade de uma moeda é que
o seu valor seja compreensível.
(…)
Edição: JP
Relacionado:
Quando os poucos políticos competentes querem fazer coisas úteis e construtivas, eles se reunem e fazem, ainda que imprensados contra a parede pelo FMI, como ocorreu com o Presidente Itamar Franco e seu então ministro da economia, o sociólogo socialista moderado Fernando Henrique Cardoso fizeram... Quem quiser revisar e lembrar desses dias economicamente conturbados e entender melhor o que ocorre hoje em dia, deve ler o livro que FHC escreveu com a ajuda de um 'ghostwriter', com o título:"Fernado Henrique Cardoso: O Improvável Presidente do Brasil". Foi essa fase da história do nosso país que ensinou uma lição que a esquerda tupiniquim não quer aprender: a de que "não se pode exigir de uma pessoa obrigações e deveres que ela não esteja preparada para cumprir", e que a cidadania tem que ter um mínimo de qualificação para ser exercida por quem quer que seja, e esse mínimo consiste do segundo grau completo da escolaridade oficial e de uma reputação de pessoa de bem, proba e cumpridora de seus deveres. Quando isso for observado de modo eficaz, o Brasil passará a ter condições de figurar entre as maiores potências do planeta. Antes, não...
ResponderExcluirBELEZA JP!
ResponderExcluirAlgumas considerações sobre o economês brasileiro. Eles enchem a boca falando de PIB, mas não definem suas falácias.
O Brasil teve em 2013 o sexto PIB do mundo 2.673.580 milhões de dólares.
Já no PPC o Brasil ou PIB PER CÁPITA estava em 54 lugar com 8400 dólares por cabeça.
E se formos calcular com paridade de poder de compra per cápita ele cai para 76 no mundo.
O PRODUTO INTERNO BRUTO PER CÁPITA COM PARIDADE DE COMPRA OU PPCPC é o mais importantes à se medir.
Só para constar a CHINA terceiro PIB do mundo é o 89 no PPCPC.
Metade dos brasileiros são informais e o mesmo acontece na China, são pessoas que não pagam impostos mas se beneficiam deles, e quanto mais informalidade, menos renda per cápita, mais corrupção e mais alta a taxa de impostos à metade trabalhadora.