Jonathas Filho
Em
meus pensamentos sempre incluo uma longa lista de vidas que se misturaram à
minha. Estou velho, mas vivi como poucos poderiam viver. Vi coisas
deslumbrantes e vi horrores. Vi a vida germinar e vi a morte vir buscá-las.
Fui
UM TRABALHADOR e dei muito do melhor de mim, muito mesmo. Ainda estou aqui
apesar do meu passaporte já ter o visto de saída do corredor da vida sem
direito a retorno... só não sei o dia da partida. Enquanto isso não acontece
espero, sem me desesperar. Pelo menos, para isso... não tenho pressa.
Afinal,
a vida é feita de esperas. Esperamos para nascer, esperamos para crescer,
esperamos para viver a juventude, esperamos para aprender, nos graduar e
formar, esperamos para trabalhar, esperamos encontrar o amor de nossas vidas, esperamos
para ter nossos filhos, esperamos para viajar, esperamos pela ansiada
aposentadoria e até esperamos o nosso fim.
Embora
tenhamos certeza do fim, que é inexorável, durante a vida esperamos outra série
de situações serem resolvidas. Esperamos que respeitem nossos direitos,
esperamos pela justiça, esperamos que nos entendam e nos atendam, esperamos que
nossas causas legítimas sejam reconhecidas, esperamos por julgamentos,
esperamos por resultados, esperamos por acordos e esperamos por pagamentos
devidos.
São
várias esperas, mas uma delas, devida à urgência da vida (ou da morte...), se
torna em muito mais que aflição ou angústia... se transforma em AGONIA!!!
A
cada vez que se anuncia um acordo para os participantes do AERUS, vive-se a
tortura do “quando e como será esse
acordo” e especulamos em pensamento o que essa situação promove, tal como:
“Esse aguardar será igual aos outros
anteriores, sem a finalização positiva que materialize, de fato, um acordo que faça
cessar tão amargurada espera?”
Neste
momento, vivemos novamente o escuro vazio, silencioso e angustiado.
Sem
notícias, temos o receio que ao desabrochar elas venham acompanhadas das
habituais respostas cujos indeferimentos propiciam a partida (para o túmulo
frio) de mais uma esperança.
Tememos
que de tanto ir embora, elas – as esperanças – possam cansar de voltar.
Eu
sei que muitos já se esqueceram delas, das esperanças, pois assim como toda aquela
necessidade se transformou em desilusão e decepção, tais efeitos danosos
propiciaram também a partida antecipada de muitos de nós para outra dimensão, o
dito “andar de cima”, deixando para continuarem essa saga de sofrimento, suas
viúvas ou viúvos, seus sucessores e beneficiários.
Toda
essa constrangedora situação, quando se desenvolve, leva o estômago à beira do
colapso e irremediavelmente vem o efeito quase que imediato da náusea e,
certamente, do vômito. Essa sensação foi comentada por aqueles que estiveram nas
masmorras antes das torturas ou a caminho do cadafalso.
Conta-se
que na era Hitler, na Alemanha nazista, dois rabinos estavam escondidos no
forro do teto de uma casa em Stuttgart
e tremiam descontroladamente. Devido ao ruído que faziam, foram descobertos
pelos SS. Porém, depois de presos, permaneceram serenos e sem medo e, segundo
eles afirmaram, sabiam que depois de tudo, na morte consumada, ninguém mais
poderia lhes ferir, magoar ou torturar.
Conclui-se
então que o pior está na agonia da espera, na angústia, na especulação que o
pensamento desenvolve, imaginando previamente o que poderá acontecer.
O
que é certo é que se perdemos a paz antes, por conta da espera e da solução
desse mistério chamado de ACORDO, sofreremos muito mais.
Temos
de reverter toda essa energia, transformando-a em reclamações que devem ser
formuladas à Corte Internacional dos Direitos Humanos, à Corte Interamericana
de Direitos Humanos, à ONU-Organizações das Nações Unidas, à OEA-Organização
dos Estados Americanos, às midias jornalisticas e televisivas internacionais e
nacionais para que isso se torne um efeito positivo.
Quem
cala, de certo modo, consente.
Título
e Texto: Jonathas Filho, 1º de maio
de 2014
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DE DESILUSÃO EM DESILUSÃO VAMOS TODOS SENDO ENGANADOS DE MONTÃO.
ResponderExcluirAFINAL DE CONTAS É O PT DESTRUINDO E EXTERMINANDO AOS POUCOS OS EX.TRABALHADORES DA VARIG E DA TRANSBRASIL E SUAS RESPECTIVAS FAMILIAS.
Cuidado Petroleiros da PETROS. Esta gente que comanda o País só quer se dar bem e nada mais. Protejam a PETROS da sanha do PT.
Prezado Editor Jim Pereira
ResponderExcluirAos pouco estou retornando as telinhas dos internautas e não poderia deixar de parabeniza-lo pelo seu magnifico trabalho, divulgando notas (textos) tão bem elaborado pelo Amigo Jonathas Filho, que em sua escrita me fez lembrar de uma frase do saudoso Professor Darcy Ribeiro, que disse:
"Resignar-se jamais, INDIGNAR-SE sempre que for preciso"
Só não ve a desordem do Governo Petista, que já morreu.
Parabens ao Jonatha a Filho neste Dia do Trabalhador e Batalhador oelos Direitos Humanos
Nelson Schuler, 76 Anos
Aeroviario Aposentado - Brasileiro Indignado
Prezado Jonathas, é muito bonito e enfático o que escreve, mas permita-me discordar a comparação.
ResponderExcluirNo holocausto que você cita, resignar-se com a morte. e tremular de medo, sem lutar são paradoxos.
Eu não me torturo pelo pagar-se, nem tão pouco pelo não pagar-se, tenho certeza que será pago. Se não for para mim, nem para minha esposa será para meu filho.
Somos imediatistas demais, e nos achamos sofredores.
Há ONGs que defendem animais domésticos e criminosos.
Quando ambos são produzidos pela falta e inépcia da educação.
Se cada família tivesse um animal de estimação seriam 7 bilhões, os que nascessem DEVERIAM SER sacrificados. Veja por este lado, a terra tem mais insetos que estrelas no universo, e insetos nós matamos, apesar de serem altamente necessários à natureza.
Os plânctons produzem oxigênio, as minhocas produzem húmus, as abelhas a reprodução das plantas. Claro plânctons e minhocas não são insetos. mas seres ínfimos na cadeia alimentar. A maioria das baleias consomem milhões de plânctons, nem por isso destruí-las. Há opções e alternativas, eu sou complacente, prefiro o bem dos que quero bem, aos meus próprios, isso é heroísmo.
bom dia...
Jonathas Filho
ResponderExcluirMeu caro VSRoccha, obrigado por me ler mas, se me permite, verifique se em alguma oração dentro desse texto eu mencionei o Holocausto. Não mencionei! Comentei uma passagem dentro de uma situação, sobre comportamento de dois Rabinos que ao serem presos sabiam que iriam morrer quase que imediatamente. Esses Rabinos disseram o que naquele momento lhes pareceu efetivamente o mais certo ou seja, depois de morto não se sente mais nada. Isso não é resignação. Isso é uma constatação. Além de que, falar do Holocausto, na realidade, consumiria muitos milhares de páginas e convenhamos, o texto que escrevi nem é uma sumula desse horror acontecido há mais de 75 anos. Discordo com a sua assertiva; que somos imediatistas. EXIGIR o que se tem direito legítimo NÃO PODE E NEM DEVE ser considerado como imediatismo. Direitos são direitos e ponto final. Somos sofredores sim, de hora à hora, diáriamente há mais de oito (8) anos. Quanto aos animais (insetos, mamíferos, microorganismos pelágicos, crustáceos, vermes oligochaetas da família lumbricidae e/ou cetáceos de grande porte), a única coisa que devo mencionar é que eles estão aqui, conosco, comendo e sendo comidos dentro de uma imensa cadeia alimentar vulgarmente chamada de VIDA. Comparativamente, o nosso "dim dim" foi "comido" pelos predadores do Aerus, sabia? Bom 1º de Maio, caro VSROCCHA. Jonathas Filho
Desculpe-me pela insistência. Muitas vezes as fotos em epígrafe falam mais sobre o texto. A foto postada do gueto de Varsóvia não condiz com a nossa situação. Não estamos sendo deportados nem assassinados, nem forçados a aceitar a situação. Infelizmente viúvas tentam salvar primeiro a falecida VARIG, outros grupelhos que nada tem a ver com o AERUS, como a CUT e a FENTAC e os sindicatos tomaram as rédeas da negociação, não informam nada, nem dizem seus interesses que eu pessoalmente acho que não são os nossos. Nós os associados do AERUS temos o direito de escolher quem negocia o acordo passado, presente ou futuro. Nenhum dos citados acima têm procurações em nosso nome ou em nome do AERUS. Estamos calados, somente eu e o JIM compartilhamos disso. Não houve predadores do AERUS, não foi pago, houve calote, estelionato.
ExcluirFalei dos insetos porque estamos nos comportando como tal.
Com código penal e civil remendado datado de 1940 que dá direito a 70 pedidos de revisão para os advogados de criminosos de assassinato, a culpa está no voto ou em quem acreditou na petralhada, que são muitos do próprio AERUS. E tem outra há calhordas que se sair um acordo tentam reelegê-los. Não somos passageiros do trem da agonia, mas sim do trem da alegria, da CUT, da FENTAC e dos sindicatos.
Jonathas,
ResponderExcluirObrigado, por mais este seu esforço e cooperação.
DCS
Todos os textos sao bem interessantes e o Jonathas faz sair das entranhs a denuncia de todos os males aliados à corrupçao, que sao a Euthanasia Oficialisada de uma grande parte dos aposentados do nosso Pais, que nao teem o direito de viver com dignidade, o fruto dos seus impostos pagos.Agora,nossas "horas extras" voam e com elas, nosso pobre salario. Avante,homens do Ar!
ResponderExcluirPrezado Jonathas
ResponderExcluirCada vez que leio um novo texto de tua autoria, volta a me surpreender a facilidade que tens de passar a imagem do nosso problema.
Mal imaginava, que o colégio Amaro Cavalcanti iria produzir um escritor do teu quilate
Foi bom ter estudado contigo, foi bom ter voado contigo e agora é ótimo viajar dentro dos teus escritos.
Um abraço do teu amigo
José Manuel