terça-feira, 8 de julho de 2014

Si no te gusta lo que pasó, no pasó nada

José Mendonça da Cruz
«Sem casos e sem história», foi assim que SIC e TVi resumiram as mais de 3 horas do debate do Estado da Nação na Assembleia da República.

É certo que já durante o directo os espectadores haviam tido que suportar que, durante e por cima de uma intervenção do primeiro-ministro, a inultrapassável Anabela Neves, repórter da SIC, se mostrasse muito preocupada com as pessoas «importantes» que faltavam na bancada do PS e, presume-se, com a importância que ela considerava que essas ausências tinham para o futuro da Nação e do Universo.

Ainda e apesar de tais interlúdios, não existe melhor forma de avaliar o estado da informação televisiva do que através da comparação de um debate na AR em directo (embora poucos possam ou queiram segui-lo) e o resumo que dele é feito nos jornais das 20.

Desta vez a ausência de casos e de história relatada à noite era, afinal, a maneira de omitir algumas das intervenções mais combativas de Passos Coelho, que foi capaz de explicar a política do último ano, soube usar os trunfos da melhoria dos indicadores económicos, apanhou o PS em várias contradições, e desmascarou as invocações feitas por Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, com base num «documento do FMI» que, afinal, não dizia o que ela dizia que lá estava.

São casos e têm história, mas são, é claro, pratos indigestos para as especiais inclinações das redacções televisivas. Eis, portanto, segundo as redacções televisivas, o que se passou: não se passou nada.
Título, Imagem e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas, 08-07-2014

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