Luciano Ayan
A esquerda sempre se revela,
não é mesmo? Em um texto chamado “Discurso de ódio não tem vez no Brasil”, o colunista Rasheed Abou-Alsamh [foto],
d’O Globo, praticamente pede a censura de pessoas de direita.
Ele diz:
Nesses tempos de ânimos
exaltados e sentimentos ultranacionalistas, nem o Brasil foi capaz de escapar
da onda da direita política que está varrendo o mundo.
O detalhe é que em um país
democrático, tanto esquerda como a direita deveriam ter o poder de falar. Dizer
que um lado está proibido de se exprimir à partida é requisitar um retorno aos
tempos da Inquisição. Ou do próprio Oriente Médio dos dias atuais.
Ele critica a manifestação
contra a lei de imigração, que foi rebatida com uma bomba por um palestino que
frequentava o local.
Rasheed reclama:
Os manifestantes carregavam
cartazes xenófobos e islamofóbicos, dizendo ‘soberania não se negocia’ e ‘não
temos terrorismo islâmico’.
Aqui ele se entrega, pois
nenhuma das duas frases são nem xenófoba nem islamofóbica.
Nunca se criticou a entrada de
islâmicos no país. A crítica que se faz é à política de fronteiras abertas, que
obviamente aumentam o risco da vinda de terroristas islâmicos. Ou seja, Rasheed
mente para propor censura de adversários políticos.
Todo o texto de Rasheed é um
empreendimento de distorção dos fatos e até “fake News”. Por exemplo, ele
afirma que “houve um confronto com um grupo de árabes que estava na calçada”,
quando na verdade os manifestantes pacíficos foram atacados com uma bomba.
Ele diz que “apenas” Nur e
Hasan Zarif, líder do grupo Palestina para Tod@s e dono do espaço cultural Al
Janiah, foram presos. Claro, pois apenas os dois foram flagrados em ato de
violência contra manifestantes pacíficos. Goste Rasheed ou não, manifestar não
é o mesmo que jogar uma bomba.
Rasheed questiona:
Mas a questão que paira
sobre tudo isso é: por que este discurso de ódio contra muçulmanos e árabes é
aceito em São Paulo? É um incentivo à violência contra pessoas baseado nas suas
origens étnicas e religiosas, coisa proibida pelas leis brasileiras. Usar a
velha desculpa de ‘liberdade de expressão’ não vale neste contexto.
Ele mente, pois não existe
nenhuma legislação proibindo a crítica deste tipo, tanto que cristãos têm
recebido críticas de ateus e do movimento LGBT há muito tempo e ninguém está
reclamando de “discurso de ódio”. Por que os islâmicos deveriam ser blindados
de críticas? Ao contrário do que ele diz, é para contextos assim que serve a
liberdade de expressão.
Criticar a imigração
irrestrita nem de longe significa “discurso de ódio”. Na verdade, a palavra tem
sido utilizada de forma vaga para justificar censura e barbarismo, que sempre
caminham juntos.
Rasheed citou a vereadora do
PSOL Sâmia Bonfim, que alegou que “o discurso de ódio do Direita SP não estava
sendo investigado”. Não estava sendo investigado por que não havia motivo para
tal.
E se alguém abrir um processo
por “crime de ódio”, já deveria receber de volta um processo por falsa
comunicação de crime, até porque criticar a imigração irrestrita e a política
de fronteiras abertas, goste Rasheed ou não, não se classifica em “discurso de
ódio” nem aqui e nem na China.
A pérola de requisição de
censura não poderia terminar de outra forma:
Eu não aprovo o uso da
violência, e acho que isso tem que ser investigado a fundo. Mas grupos da direita
não podem continuar com esse discurso paranoico, ridículo e xenofóbico. Não há
terrorismo islâmico no Brasil, e acho que nunca haverá. Esses manifestantes
assistiram demais a episódios da série ‘24 Horas’, e deveriam ser punidos
severamente por incentivar a violência contra imigrantes.
É a mesma conversinha censória
que já ouvimos na época do atentado ao Charlie Hebdo. Só que por mais que
alguém não goste das charges feitas, nada justificaria matar 12 pessoas da
redação apenas por que terroristas se sentiram ofendidos com um tanto de tinta
lançada num papel.
Qualquer tentativa de punição
aos manifestantes do Direita Já é um ato de censura com foco em incentivar
a violência, pois é a tentativa de comparar palavras com atos.
Rasheed diz que ainda “não há
terrorismo islâmico no Brasil”, mas seu discurso buscando censurar qualquer
crítica ao islamismo tende a assanhar aqueles que querem praticar a violência,
pois este é o resultado natural da capitulação.
Uma sociedade livre e sadia é
aquela na qual viceja a livre expressão. É uma sociedade na qual Rasheed tanto
pode criticar nossa lei atual de imigração, como nós podemos criticar a lei que
os globalistas querem nos impor. Do mesmo modo, uma sociedade livre é aquela na
qual ele pode criticar nossa cultura tanto como nós podemos criticar a cultura
dele.
Essa valorização à livre
expressão é que nos tornou uma sociedade civilizada. É exatamente por isso que
temos que combater todas as requisições de censura vindas de totalitários como
Rasheed. Se ele quiser viver em um país onde as pessoas podem ser punidas por
fazer manifestações pacíficas e emitirem opiniões, ele tem várias opções fora
do Ocidente.
Título, Imagens e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo
Político, 13-5-2017
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