Aparecido Raimundo de Souza
O DÉCIMO SEXTO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS, Abraham Lincoln, asseverava que “Nós, os cidadãos, somos os legítimos
senhores do Congresso e dos Tribunais, não para derrubar a Constituição, mas
para jogar por terra os homens que pervertem a Constituição”. Percebam que em
mil oitocentos e sessenta e cinco, exatos cento e cinquenta e quatro anos
atrás, alguém já tinha esse desvario panorâmico de que alguns pilantras
pretendiam “cagar” literalmente na Constituição daquele país.
Querendo evitar essa merda toda no ventiladorzinho da raia miúda, Lincoln
se opôs ferrenhamente afirmando que “Nós, os cidadãos...” (ele quis sinalizar
com esse “nós, os pobres e oprimidos, os caras de Manés, ou seja, o povo”). Ele
pretendeu deixar cristalinalizado, com todas as letras, que “nós somos os
mandachuvas da Carta Maior e devemos como seus guardiães nos contrapormos em
face de alguns filhos da puta que têm por objetivo principal derrubar a Carta
Maior do seu pedestal de Soberana”. Pensem, amados.
Se o congresso daqueles idos rezava na cartilha errada (e tudo indicava
que sim), imagine os ratos de esgoto que fervilhavam nos labirintos dos
tribunais. O célebre autor de “Recordações do Escrivão Isaias Caminha”, e
“Triste Fim de Policarpo Quaresma”, seus livros mais conhecidos, não outro
senão o escritor carioca Lima Barreto, batia o pé, botava a boca no trombone e
afirmava, de peito aberto, que “O Brasil não tinha povo, apenas público. Povo -
segundo ele, lutaria por seus direitos, público só assistiria de camarote”.
Lima Barreto deixou essa frase fabulosa para todos nós, filhos dessa
terra de ladrões e safados, escrita aí pelo correr de mil novecentos e vinte.
Como os senhores e as senhoras podem perceber, quase às portas de completar cem
anos. Trocado em miúdos: exatos noventa e nove anos atrás, Lima Barreto
carregava em suas certezas a plena consciência de um rincão devassado e, por
conta dessas certezas, profetizava que o povo ou (o Zezinho do Cu Sujo), não
existia. No lugar dele, abundava apenas um determinado “público”.
Diante dessa visão gigantesca e magnânima, Lima Barreto concluiu
facilmente e sem fazer muito esforço, que se o Brasil não fosse desprovido do
produto interno bruto, o “povo”, poderia existir uma melhora substancial,
porque o “povo”, ou o (Mané da barriga vazia) lutaria por seus direitos, com
garra e determinação, ao passo que ausente essa galera prevaleceria à banda do
“público”, leva ociosa de cabeças levianas que não queriam porra nenhuma, a não
ser assistirem ao circo pegando fogo, no bem bom, curtindo uma cervejinha,
mandando para dentro uns “tira gosto”, à facilidade de acolhedora sombra e água
fresca (ou como bem colocou Lima Barreto, de “camarote”).
Karl Marx tem um pensamento interessante que, apesar da idade em que foi
escrito traduz bem um atual. Esse atual (não propriamente um pensamento),
melhor seria colocá-lo como o vômito saído dos fundilhos de um câncer maligno
que deveria, a nosso entendimento, estar queimando os ossos de seus pecados nos
quintos do inferno. Primeiro a frase do filósofo, jornalista e revolucionário
socialista nascido na Prússia. “O medo cala a boca dos inocentes e faz
prevalecer à verdade dos culpados”. Agora a frase soltada pelo verme: “O
congresso não é obrigado a ouvir o povo, isto aqui não é como um cartório onde
a gente carimba o que o povo está pedindo”.
Quem expeliu pelo rabo essa bosta?! Nosso querido e amado parlamentar, ou
nosso representante em brazzzzilia Rodrigo Maia, presidente da “câmarararara
dos depupupuputados”. Essa infâmia quis deixar patente o seguinte: a “Casa da
Mãe Joana, o congresso, não é obrigado a ouvir as lamúrias do povo. O povo que
se foda, com seus queixumes ou que vá para a puta que pariu. Aqui nessa pocilga
(repetindo, congresso) quem manda somos nós os Maiorais, os Deuses de merda, os
Intocáveis. Definitivamente esse recinto sagrado não é cartório onde a gente
senta a bunda, dá um peido e carimba o que o povo está pedindo com o cheiro
acre dessa ventosidade marota.
Rodrigo Maia prova com essas palavras ou melhor deixa fendidamente
declarado ou desdobradamente descerrado que está se lixando para o Zé Bocó ou
para a Maria Ximbinha que pagam em dia os seus salários, as suas mordomias, as
suas comidas caras, os seus ternos de grife, os seus sapatos de marcas, as suas
viagens, os seus motoristas, os seus seguranças particulares, etc. etc. Gente
assim, senhoras e senhores, deveria entrar no pau, apanhar na cara, na bunda,
no saco... Levar uma surra memorável por dia, para aprender a respeitar o povo.
O mesmo povo que o mantem no poder. O mesmo otário que esse vagabundo pisa em
cima, como se fosse um capacho.
O povo, senhoras e senhores, deveria fazer seu Rodrigo Maia engolir o
carimbo, o cartório e todas as reclamações. O povo deveria chutar o pau da
barraca e provar para meia dúzia de flibusteiros que o congresso (ou a Casa da
Mãe Joana) é do povo. O tribunal dos togados, dos almofadinhas (outra
esterqueira, outra chafurda) é do povo.
É do povo também a justiça séria, ou deveria ser, não a justisssa de brincadeira
a budegada, a piolheira comprada cujos ministros envergonham a nossa pátria.
Para quem assistiu ao programa “Conversa com Bial” exibido pela Rede Globo em
(14.10.p.p), e o piscalheiro “mimiministrotro” Gilmar Mentes, perdão, Mendes...
Pois bem. O povo tolerante, afligido, molestado, vexado, deveria se unir
e mostrar para o planeta que esses filhos vadios disfarçados de falsos piratas
metidos a Johnny Depp, não passam de fantoches. Esses palermas são nossos
empregados, deveriam estar, pois, do nosso lado. E como tal, trabalhando para nós.
Entretanto caríssimos leitores, sabemos de cor e salteado, o medo, o horror, o
terror, calam as bocas famintas dos inocentes (os inocentes são os cidadãos
brasileiros, ou essa leva imbecilizada cada dia estufada de babacas
inconsequentes e sem norte, corroídos pelo pânico e pelo cagaço). Daí, de
contrapeso, a justisssa ser essa praça de guerra enlodada que vemos todos os
dias na capital do país.
Em passo oposto cresce e se agiganta a verdade loroteira dos safardanas,
dos mafiosos, dos fora da lei. Os fora
da lei, batendo, de novo, na mesma nota DÓÓÓ... (são os “onrados do congreço”,
os trabalhadores do “sernado” e os larápios dos “tribundais...”). Fechando o
texto com outra frase de Marx, axioma bailando a toda, como vento de través: “a
história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda, como farsa”. Por
ótica paralela, a história se repete desde sempre, desde antes de Lincoln como
uma tragédia eternal, imorredoura, sem fim, e a segunda, como farsa.
E o que venha ser a farsa?! A farsa é a hipocrisia disfarçada. A farsa é
a impostura, a encenação, a patranha, os conchavos. Esse malogro continuará
igualmente até o fim dos tempos. Por essas e outras, nos colocamos
constantemente na direção de que o brazzzil, para melhorar, precisaria acabar
com o monturo de lixo podre e malcheiroso (trocentas vezes maior que o deixado
pela turminha do último Rock in Rio) existente dentro e ao redor do Grande
Avião pousado. O Grande Avião pousado, para quem não sabe ou desconhece, ou
ainda para quem está chegando agora, Grande Avião pousado é o nome oculto,
secreto, de uma cidade, ou melhor, de uma metrópole que deveria ser um exemplo
para o resto do mundo: brazzzzilia.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, da Lagoa
Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 18-10-2019
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