sexta-feira, 18 de outubro de 2019

[Aparecido rasga o verbo] Berço manso, por aqui, é como cama de curral

Aparecido Raimundo de Souza

O DÉCIMO SEXTO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS, Abraham Lincoln, asseverava que “Nós, os cidadãos, somos os legítimos senhores do Congresso e dos Tribunais, não para derrubar a Constituição, mas para jogar por terra os homens que pervertem a Constituição”. Percebam que em mil oitocentos e sessenta e cinco, exatos cento e cinquenta e quatro anos atrás, alguém já tinha esse desvario panorâmico de que alguns pilantras pretendiam “cagar” literalmente na Constituição daquele país.

Querendo evitar essa merda toda no ventiladorzinho da raia miúda, Lincoln se opôs ferrenhamente afirmando que “Nós, os cidadãos...” (ele quis sinalizar com esse “nós, os pobres e oprimidos, os caras de Manés, ou seja, o povo”). Ele pretendeu deixar cristalinalizado, com todas as letras, que “nós somos os mandachuvas da Carta Maior e devemos como seus guardiães nos contrapormos em face de alguns filhos da puta que têm por objetivo principal derrubar a Carta Maior do seu pedestal de Soberana”. Pensem, amados.

Se o congresso daqueles idos rezava na cartilha errada (e tudo indicava que sim), imagine os ratos de esgoto que fervilhavam nos labirintos dos tribunais. O célebre autor de “Recordações do Escrivão Isaias Caminha”, e “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, seus livros mais conhecidos, não outro senão o escritor carioca Lima Barreto, batia o pé, botava a boca no trombone e afirmava, de peito aberto, que “O Brasil não tinha povo, apenas público. Povo - segundo ele, lutaria por seus direitos, público só assistiria de camarote”.

Lima Barreto deixou essa frase fabulosa para todos nós, filhos dessa terra de ladrões e safados, escrita aí pelo correr de mil novecentos e vinte. Como os senhores e as senhoras podem perceber, quase às portas de completar cem anos. Trocado em miúdos: exatos noventa e nove anos atrás, Lima Barreto carregava em suas certezas a plena consciência de um rincão devassado e, por conta dessas certezas, profetizava que o povo ou (o Zezinho do Cu Sujo), não existia. No lugar dele, abundava apenas um determinado “público”.

Diante dessa visão gigantesca e magnânima, Lima Barreto concluiu facilmente e sem fazer muito esforço, que se o Brasil não fosse desprovido do produto interno bruto, o “povo”, poderia existir uma melhora substancial, porque o “povo”, ou o (Mané da barriga vazia) lutaria por seus direitos, com garra e determinação, ao passo que ausente essa galera prevaleceria à banda do “público”, leva ociosa de cabeças levianas que não queriam porra nenhuma, a não ser assistirem ao circo pegando fogo, no bem bom, curtindo uma cervejinha, mandando para dentro uns “tira gosto”, à facilidade de acolhedora sombra e água fresca (ou como bem colocou Lima Barreto, de “camarote”).

Karl Marx tem um pensamento interessante que, apesar da idade em que foi escrito traduz bem um atual. Esse atual (não propriamente um pensamento), melhor seria colocá-lo como o vômito saído dos fundilhos de um câncer maligno que deveria, a nosso entendimento, estar queimando os ossos de seus pecados nos quintos do inferno. Primeiro a frase do filósofo, jornalista e revolucionário socialista nascido na Prússia. “O medo cala a boca dos inocentes e faz prevalecer à verdade dos culpados”. Agora a frase soltada pelo verme: “O congresso não é obrigado a ouvir o povo, isto aqui não é como um cartório onde a gente carimba o que o povo está pedindo”.

Quem expeliu pelo rabo essa bosta?! Nosso querido e amado parlamentar, ou nosso representante em brazzzzilia Rodrigo Maia, presidente da “câmarararara dos depupupuputados”. Essa infâmia quis deixar patente o seguinte: a “Casa da Mãe Joana, o congresso, não é obrigado a ouvir as lamúrias do povo. O povo que se foda, com seus queixumes ou que vá para a puta que pariu. Aqui nessa pocilga (repetindo, congresso) quem manda somos nós os Maiorais, os Deuses de merda, os Intocáveis. Definitivamente esse recinto sagrado não é cartório onde a gente senta a bunda, dá um peido e carimba o que o povo está pedindo com o cheiro acre dessa ventosidade marota.

Rodrigo Maia prova com essas palavras ou melhor deixa fendidamente declarado ou desdobradamente descerrado que está se lixando para o Zé Bocó ou para a Maria Ximbinha que pagam em dia os seus salários, as suas mordomias, as suas comidas caras, os seus ternos de grife, os seus sapatos de marcas, as suas viagens, os seus motoristas, os seus seguranças particulares, etc. etc. Gente assim, senhoras e senhores, deveria entrar no pau, apanhar na cara, na bunda, no saco... Levar uma surra memorável por dia, para aprender a respeitar o povo. O mesmo povo que o mantem no poder. O mesmo otário que esse vagabundo pisa em cima, como se fosse um capacho.

O povo, senhoras e senhores, deveria fazer seu Rodrigo Maia engolir o carimbo, o cartório e todas as reclamações. O povo deveria chutar o pau da barraca e provar para meia dúzia de flibusteiros que o congresso (ou a Casa da Mãe Joana) é do povo. O tribunal dos togados, dos almofadinhas (outra esterqueira, outra chafurda) é do povo.  É do povo também a justiça séria, ou deveria ser, não a justisssa de brincadeira a budegada, a piolheira comprada cujos ministros envergonham a nossa pátria. Para quem assistiu ao programa “Conversa com Bial” exibido pela Rede Globo em (14.10.p.p), e o piscalheiro “mimiministrotro” Gilmar Mentes, perdão, Mendes...

Pois bem. O povo tolerante, afligido, molestado, vexado, deveria se unir e mostrar para o planeta que esses filhos vadios disfarçados de falsos piratas metidos a Johnny Depp, não passam de fantoches. Esses palermas são nossos empregados, deveriam estar, pois, do nosso lado. E como tal, trabalhando para nós. Entretanto caríssimos leitores, sabemos de cor e salteado, o medo, o horror, o terror, calam as bocas famintas dos inocentes (os inocentes são os cidadãos brasileiros, ou essa leva imbecilizada cada dia estufada de babacas inconsequentes e sem norte, corroídos pelo pânico e pelo cagaço). Daí, de contrapeso, a justisssa ser essa praça de guerra enlodada que vemos todos os dias na capital do país.

Em passo oposto cresce e se agiganta a verdade loroteira dos safardanas, dos mafiosos, dos fora da lei.  Os fora da lei, batendo, de novo, na mesma nota DÓÓÓ... (são os “onrados do congreço”, os trabalhadores do “sernado” e os larápios dos “tribundais...”). Fechando o texto com outra frase de Marx, axioma bailando a toda, como vento de través: “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda, como farsa”. Por ótica paralela, a história se repete desde sempre, desde antes de Lincoln como uma tragédia eternal, imorredoura, sem fim, e a segunda, como farsa.

E o que venha ser a farsa?! A farsa é a hipocrisia disfarçada. A farsa é a impostura, a encenação, a patranha, os conchavos. Esse malogro continuará igualmente até o fim dos tempos. Por essas e outras, nos colocamos constantemente na direção de que o brazzzil, para melhorar, precisaria acabar com o monturo de lixo podre e malcheiroso (trocentas vezes maior que o deixado pela turminha do último Rock in Rio) existente dentro e ao redor do Grande Avião pousado. O Grande Avião pousado, para quem não sabe ou desconhece, ou ainda para quem está chegando agora, Grande Avião pousado é o nome oculto, secreto, de uma cidade, ou melhor, de uma metrópole que deveria ser um exemplo para o resto do mundo: brazzzzilia.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 18-10-2019

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