Lula, por ser inimigo dos valores ocidentais, é um aliado de primeira ordem do presidente dos Estados Unidos
J. R. Guzzo
O governo dos Estados Unidos
acaba de declarar, neste momento em que o presidente Jair Bolsonaro tanto fala
das suas dúvidas sobre a segurança do sistema eletrônico a ser utilizado na
eleição presidencial, que chegou à conclusão exatamente contrária.
O sistema, avisou a Casa
Branca, não tem falhas, como juram os ministros do STF que vão cuidar da
votação e da apuração dos votos; os americanos garantem que as eleições
brasileiras serão um modelo de limpeza para o mundo.
O presidente Joe Biden deve saber o que está falando. Ele tem a seu serviço a CIA, o FBI, a Nasa e sabe Deus o que mais; seus sistemas de informação são os mais avançados que existem sobre a face da Terra. Mas só pode dizer o que disse porque é Bolsonaro quem está na Presidência do Brasil. Se as queixas em relação ao sistema eleitoral viessem de algum outro candidato — Lula, por exemplo —, o mundo político brasileiro estaria vindo abaixo neste momento.
“Intervenção inaceitável em questões internas do Brasil”, estaria protestando o PT, a esquerda e mais tudo o que existe em nosso Brasil “progressista” e nos seus subúrbios. “Agressão à soberania brasileira”, “tentativa clara de intervir no resultado da eleição”, etc. etc. etc. — é melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que iriam desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse, dissessem uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula.
Mas, para sorte da paz,
concórdia e amizade entre os povos, os Estados Unidos de hoje têm um governo de
“esquerda”, que combate o “fascismo”, luta pela “igualdade” e defende a causa
operária. Biden gosta de Lula, do PT e do STF. Pode, então, dizer o que bem entende
sobre o Brasil, as eleições e o que mais vier — qual seria o problema?
É curioso, hoje em dia, que os
amigos reais dos Estados Unidos sejam tratados como inimigos pelo governo
americano — e os inimigos como amigos. Há no mundo de hoje poucos
presidentes tão a favor dos Estados Unidos como Bolsonaro — a favor da
liberdade econômica, dos valores da democracia americana, do estilo de vida da
América e de tudo o mais que tem a ver com o conservadorismo, o capitalismo e a
ideia de “Ocidente”.
Mas ele, por ser amigo dos
Estados Unidos, é um inimigo para a Casa Branca. Para ser amigo do governo
americano, hoje, é preciso fazer o contrário: ser um inimigo dos Estados
Unidos. Lula é inimigo há 40 anos — e continuará a ser, por tudo o que promete
em sua campanha eleitoral.
Ele diz que a miséria de Cuba
é culpa dos Estados Unidos. Diz que a miséria da Venezuela é culpa dos Estados
Unidos. Diz que a guerra da Ucrânia é culpa dos Estados Unidos. Pense num
problema qualquer do mundo, da fome na África ao aquecimento da calota polar —
para Lula, a culpa é dos Estados Unidos. É isso tudo, pelo jeito, que faz dele
o mais querido do presidente Biden.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Gazeta do Povo, via Revista Oeste,
21-7-2022, 19h45
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