quinta-feira, 28 de julho de 2022

[Daqui e Dali] Quando se coloca "trancas" à porta...

Nos hospitais particulares.

Humberto Pinho da Silva

A primeira vez que entrei num estabelecimento hospitalar era adolescente, mal despontava a barba.

Minha mãe acabara de ser trepanada por causa de um meningioma. Operação, na época, considerada bastante perigosa e só realizada na Capital. Meu pai ausentou-se para falar com o cirurgião – especialista de grande gabarito. Subitamente entrou no quarto senhora muito elegante, muito gentil, com braçado de rosas encarnadas.

Estranhei a visita inesperada, mas rapidamente se desfez o receio: - Sou Graciette Branco!...

Já tinha ouvido falar da escritora, que ficou conhecida, como a Menina do Pim Pam Pum (suplemento juvenil de "O Século".)

Visitei depois vários amigos enfermos, em hospitais, mas nunca fui interceptado para conhecerem quem era e o que andava a fazer nos corredores!...

Eu próprio, após ligeira operação, fui obrigado a permanecer acamado.

A cada passo era surpreendido por amigos, que por sua vez se admiravam de não terem sido identificados à entrada.

Certa ocasião dirigi-me a hospital particular. Na portaria informaram-me do número do quarto. Penetrei no edifício. Percorri desertos corredores; galguei escadarias; passei por portas semicerradas, e não consegui atinar com o quarto.

Por fim, deparei com enfermeira, que gentilmente indicou-me onde ficava, e o caminho correto.

Estranhei e estranho que as portas hospitalares estejam escancaradas, acessíveis a qualquer um.

Por que será? Não sei se ainda é assim, que não se pede identificação à entrada, e não se telefona para o quarto a perguntar se o doente quer receber a visita.

Será difícil e trabalhoso esse cuidado?

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho de 2022

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