Humberto Pinho da Silva
Que os brasileiros são mestres em introduzir na
língua portuguesa, estrangeirismos e neologismos, todos sabemos, e já não
espanta ninguém.
Sabemos, também, que é o povo que faz a língua, e
não decretos ou petições.
Como não sou filólogo e muito menos – pobre de mim
– purista, respeito e aceito a evolução natural do idioma.
Tenho para mim que novos vocábulos são achegas
preciosos, que enriquecem a língua e que ela só lucrará com isso.
Deve-se, no meu modesto pensar, ter o devido
cuidado ao "inventar" novos vocábulos, quase sempre desnecessários,
e, quantas vezes, abastardam ainda mais o português falado em cinco
continentes.
O introito é devido ao dicionário Michaelis, haver incluído o verbete “Pelé”, a pedido da Fundação do mesmo nome, apresentando à editora cento e vinte e cinco mil assinaturas recolhidas pela Internet.
Sei que o Pelé não é o primeiro a ter o nome
incluído num dicionário, como sinónimo, mas não é comum, pelo menos por
petição.
Se a moda pega, não faltará quem colha na Internet,
milhentas assinaturas no intento de incluir vocábulos no dicionário.
Na melhor das intenções ou alguém carregado de ódio,
pode, desde agora, solicitar a introdução, no dicionário, de palavras ou nomes
de individualidades, desde que reúna as assinaturas necessárias.
O nome de alguém, que foi muito poupadinho, pode
significar “avarento”. Outro, de contumácia. Outro, por ser muito bonzinho, de “anjo”,
e ainda outro, de “mentiroso”.
Os reis tiveram cognomes, e assim ficaram
registados na História, mas os atuais ficarão, apenas, certamente, nas mudas
páginas de alguns dicionários.
Mal vai o idioma que inclui sinónimos, por decreto
ou petição.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva,
maio de 2023
Onde se fala de lares: de estudantes e idosos
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A velha casa onde nascemos
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