"Solicito a Vossa Excelência [Alexandre de Moraes] informações, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre o alegado na petição inicial e em seu aditamento", escreveu Nunes Marques
Allan dos Santos
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques determinou, na última sexta-feira (06/07), que o ministro Alexandre de Moraes preste esclarecimentos, no prazo de cinco dias, sobre a decisão que resultou na censura e bloqueio da rede social X no Brasil. A medida também inclui o pedido de manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) no mesmo período.
"Solicito a Vossa
Excelência [Alexandre de Moraes] informações, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre
o alegado na petição inicial e em seu aditamento", escreveu Nunes Marques.
Em documento separado, o ministro solicitou: "Providenciem, no prazo comum
de 5 dias, informações e manifestações da Advocacia-Geral da União e parecer da
Procuradoria-Geral da República".
Questionamento judicial e
impacto nas eleições de 2024
A decisão de Moraes, alvo da
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 1188, foi
contestada pelo Partido Novo. A legenda argumenta que o bloqueio da plataforma,
com base em supostas irregularidades, configura uma violação de direitos fundamentais,
como a liberdade de expressão, e pode influenciar negativamente o cenário
eleitoral, especialmente as eleições de 2024.
A ordem de Moraes foi embasada em investigações da Gestapo Federal (PF), que acusam a rede social de obstruir a justiça ao não bloquear perfis responsáveis por disseminar "fake news" e críticas a autoridades. Além do bloqueio, foi imposta uma multa de R$ 50.000 para usuários que acessarem o X por meio de redes privadas virtuais (VPNs).
Acusações de censura e
restrições econômicas
O Partido Novo contesta a
medida, alegando que ela configura censura e prejudica a geração de renda de
milhares de brasileiros que utilizam a rede social. O partido também alerta que
o bloqueio pode afetar a imagem internacional do Brasil.
Além disso, a legenda pede a
inclusão de decisões que envolvem o bloqueio de contas bancárias e
investimentos de empresas, como a Starlink Brasil, no contexto das
investigações. Para o partido, essas restrições são desproporcionais e devem
ser revisadas.
Tema sensível e julgamento
no Plenário do STF
Apesar de seus despachos,
Nunes Marques reconheceu que o tema é "sensível" e que o Supremo deve
"atuar com prudência". Embora pudesse considerar a decisão de Moraes
ilegal, o ministro optou por remeter o caso ao plenário do STF, onde os 11
ministros deverão votar para definir o desfecho.
Além da ADPF nº 1188, Nunes
Marques também é relator de outro processo que envolve uma petição da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) solicitando a revisão da multa imposta a quem usar
VPNs para acessar o X no Brasil.
Título e Texto: Allan dos Santos, Terça Livre, 9-9-2024
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