Primeiro
capítulo: Páginas de vida: que me ensinaram a não gostar de nacionalismos
Capítulo anterior: 41º capítulo (daquela Série): Varig
Ficamos disponíveis para a Escala em novembro. Porém, como a escala já estava pronta, nós tínhamos que ligar para a Escala para saber se havia alguma programação.
Antes de prosseguir, devo esclarecer que naquela época, 1972, havia a
RAN – Rede Aérea Nacional e a RAI – Rede Aérea Internacional. Todos os
comissários começavam as suas carreiras voando na RAN (voos domésticos). Os
equipamentos então existentes, salvo erro, eram o Avro, o Electra… Na
Internacional eram os Boeing 707 e dois DC-8, remanescentes da Panair do
Brasil. Os comissários de nacionalidade estrangeira, por não poderem voar na
Nacional, ingressavam, portanto, diretamente na Internacional. Foi o meu caso.
Então, como eu dizia, depois da minha formação e consequente disponibilização para a Escala, lá ia eu telefonar do Posto de Serviço (Esso) que ficava a duas quadras da minha casa.
Ah, outra coisa: no curso nos disseram que a praxe utilizada pela
Escala quando se passava para a Internacional era a de ficar fazendo Buenos
Aires, Santiago do Chile nos primeiros dois meses.
O meu primeiro voo foi para Buenos Aires. Era um voo diurno e rápido,
bate-e-volta. Quer dizer, a gente chegava ao aeroporto de Ezeiza, em Buenos
Aires, ficava lá, umas três horas e depois voltava para o Rio. O meu Instrutor
(um comissário com bastante experiência que acompanhava os novinhos nos seus
primeiros voos, uns eram legais, tranquilos, outros eram uns verdadeiros
pentelhos, maus colegas mesmo) foi o Cmro. Amado. Que era uma pessoa muito
querida pela turma e que em algum momento da sua carreira chegou a ser o
comissário de voo mais voado no mundo.
Depois do primeiro BUE (Buenos Aires) fiz um outro.
Descansei um dia e no segundo dia lá fui eu ligar para a Escala. Qual
não foi a minha grande surpresa quando o escalador me disse que “sexta-feira
você tem um Lisboa” (!)
Corri, literalmente, para casa para dar essa notícia à minha mulher.
Imaginem, né?
Avisei os meus pais, que naquela época moravam em Vila Nova de Gaia.
Lembro-me do meu Instrutor daquele voo: Macedo. O Chefe de Equipe era o
Norton, um doce de pessoa.
Well, decolamos para Lisboa, todo o mundo sabendo que era o meu
terceiro voo, era português e ia rever os meus pais.

Claro, fiquei desapontado, muito mais sabendo que os meus pais, que eu
não via há alguns anos, estavam me esperando no aeroporto de Lisboa… Sempre
lembrarei do carinho solidário do Chefe de Equipe, Norton.
Bom, fomos para Roma. Quando cheguei ao Hotel President, Via Emanuele
Filiberto, me esperava um telegrama, dos meus pais, lamentando que daquela vez
não foi possível…
Voltei para o Rio ardendo de vontade de contar a epopeia à minha mulher. E contei, claro!
Voltei para o Rio ardendo de vontade de contar a epopeia à minha mulher. E contei, claro!
Passado o período de descanso e folga após este voo, lá voltei eu ao
Posto Esso para ligar para a Escala, esperando um BUE ou um SCL (Santiago do
Chile) e, estão sentados?, ouço o escalador dizer que o meu próximo voo era um…
Nova Iorque!
Gente, foi uma emoção do c… chegar ao aeroporto John Fitzgerald
Kennedy, fazer aquela viagem de ônibus de 45 minutos até Manhattan.
Naquela época pernoitávamos no Century Hotel, na rua 46. Da rua, isto
é, do número da rua, eu tenho a certeza, do nome do Hotel, well… quarenta anos
depois…
E, pronto!, foram 32 anos nessa
vida!
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