quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

[Atualidade em xeque] Politicalha

José Manuel

“Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.

A politicalha é a indústria de explorar a benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crónico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis.

A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”

Este discurso de Rui Barbosa em  9 de setembro de 1917, portanto há quase cem anos, certamente é desconhecido por 99% dos políticos passados, presentes e futuros. Este discurso não lhes convêm, pois a arte da política para esses pseudopolíticos é nada mais do que ao entrar para o governo, primeiro aprender como se rouba, depois aprender como se disfarça o roubo, depois aprender como permanecer no roubo, depois aprender como usufruir do roubo e no fim do mandato aprender como voltar ao roubo.

A politicalha é indecente, ela achincalha e corrói o cidadão e, no todo, uma sociedade e uma nação. O Brasil está hoje refém da politicalha, resultado de décadas de roubalheiras acobertadas, de conchavos da pior espécie. É um enorme queijo suíço, onde não se conhece o princípio nem o fim. É sistêmica e apenas se conhece, a ponta do fio da meada que está aparecendo com a ação firme do Ministério Público através de ações como a Lava Jato que já extrapolou até as fronteiras nacionais.

O doutor Sérgio Moro, com garra messiânica, expõe com clareza o que se sabia mas ninguém enxergava por preguiça, ou mesmo falta de praticar a cidadania.

Apenas 1% dos atuais políticos não se sujam na politicalha vigente e ainda não sabemos quais são na sua totalidade. Apenas temos que fazer uma reflexão séria sobre como chegamos a isso, pois o cidadão comum também é o culpado por esta doença com característica de metástase, ao colocar e recolocar por anos a fio, com o seu voto, esse tipo de criminoso no poder.

A Lava Jato não será a salvação do país, infelizmente. Apenas saberemos até onde o país foi saqueado, quem são os criminosos e quais os países envolvidos.

Já no alvorecer de 2017, estamos tomando conhecimento de prefeitos, governadores e outros políticos sendo afastados e até presos por improbidade, mas assim mesmo eleitos. A vergonha a que é levada a nação, passa até por vereador preso, saindo algemado da prisão para assinar a posse, e voltando à prisão. Isso é algo que jamais esperávamos ver durante décadas de acompanhamento político.

Jamais vi ou ouvi nos meus anos escolares, um comentário sobre o discurso de Rui Barbosa. Nunca ensinaram ou mostraram isso à população, por descaso, desconhecimento ou até mesmo por conveniência, e o resultado é essa tragédia que se abateu nestes quatorze últimos anos sobre o país.

Num exemplo gritante do efeito politicalha, em 1980 tínhamos um PIB nominal superior à Coreia do Sul. Hoje, passados trinta e sete anos nosso PIB é um terço desse país citado. A politicalha não permitiu que investíssemos em escolas, e hoje temos uma criminalidade alarmante, com vítimas anuais superiores a guerras como a da Síria por exemplo. Na década de 70 nosso PIB nominal era, minimamente inferior ao da China. Hoje, quarenta e sete anos depois a China é o segundo PIB mundial e nós estamos, segundo o Fundo Monetário Internacional na nona posição. Ou seja, retrocedemos no tempo, graças à ação malévola da politicalha que nos assombra.

A China com mão de ferro e responsabilidade para com o futuro dos seus cidadãos, vem escolarizando prioritariamente e colocando para trabalhar toda a sua população ativa, desde há muito tempo. Na contramão da história e em nome de uma democracia completamente equivocada, hoje temos uma população de vagabundos sem escolaridade e sem querer trabalhar, preferindo viver à margem da sociedade, de furtos, delitos graves, assassinatos e por aí afora.

Os exemplos recentes das penitenciárias de Manaus, Maranhão e das favelas do Rio de Janeiro são as mais recentes e piores notícias.

A grande faxina urge ou nos extinguiremos como nação civilizada, já no século XXl, com opção pela barbárie. 

A limpeza terá que começar pelo cancelamento sumário de uma das várias excrecências da constituição de 1988, o Foro Privilegiado. Segundo o MP, hoje temos no país vinte e duas mil pessoas com foro privilegiado, ou seja intocáveis. É fácil imaginar como isso favorece, abraça e defende a politicalha, não permitindo à política verdadeira e honesta fazer frente a esse descalabro.

Temos que encarar de uma vez por todas como vamos acabar também com o Voto Obrigatório.

Antonio Carlos, governador de Minas Gerais, dizia em 1929:

"Para mim, insisto em dizê-lo, o ponto vulnerável da nossa organização política reside no sistema de voto, pois notoriamente ele favorece a compressão, a corrupção e a fraude, permitindo que os títulos eleitorais se transformem em títulos negociáveis e que o Governo exerça sobre o ato do voto, praticado sob a odiosa fiscalização e vigilância de seus agentes, a incontrastável influência da ameaça, de represália ou das tentativas de peita ou de suborno"

Países adiantados política e socialmente já não mais se utilizam dessa forma eleitoral ultrapassada, desde o século passado.

O voto obrigatório no Brasil é o responsável pelos currais eleitorais com o voto de cabresto ainda vigente no nordeste, região mais pobre do país e pelo continuísmos de Coronéis com quase poder de Estado naquela região. Daí para a frente é só perceber isso, essa regionalidade, no sotaque da politicalha.

Dos duzentos e trinta e seis países do planeta, somente trinta e um, inclusive o Brasil, ainda usam o sistema do voto obrigatório.

Não adianta sermos a nona economia mundial, e continuarmos socialmente no terceiro mundo, pois isso é um paradoxo.

Sabemos o que temos a fazer e como fazer com urgência. Resta tomarmos as atitudes que convém e essas atitudes começam exatamente nas ruas. Só depois disso poderemos andar em frente, rumo ao futuro almejado.
Não existe outra saída.
Título e Texto: José Manuel, - a Lava Jato é sinônimo de condenação, pena e arresto.
Prevenção, precaução e cautela, são sinônimos de Estado.
11-1-2017

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6 comentários:

  1. JOSÉ MANOEL,
    COMO SEMPRE CONCORDO DISCORDANDO EM ALGUNS PONTOS.
    PRIMEIRO
    Nada pode se conceber em relação aos países comunistas em comparação.
    O PIB de um país pode ser com paridade e sem paridade. Nesse contra ponto estão países como a China, os BRICs entre muitos que 50% ou mais do PIB advém da corrupção e da informalidade.
    E outros que a informalidade e a corrupção não chegam a 2% do PIB.
    Em 2010 a informalidade e a corrupção produziram 46% de nosso PIB.

    Segundo ponto é os salários e a escravidão que vivem os chineses que não fazem parte da elite partidária.

    Por último, sou contra o voto obrigatório, contra o voto de analfabetos, de presidiários e de funcionários públicos.
    No Brasil sem voto obrigatório você não tira as excrecências do poder, vamos colocá-las no poder.
    Por isso sou à favor do VOTO distrital PURO, 1 deputado por cada 1 milhão de habitantes, divididos por regiões dentro dos estados.
    2 senadores por estado.
    Um vereador para cada 500 mil de eleitores, cidades com menos de 5 milhões 7 vereadores, com menos de 500 mil 5 vereadores.
    Nova Iorque tem 10 vereadores por distrito com quase 10 milhões de habitantes.
    O grande veneno brasileiro é a equidade.
    Temos 27 estados com 3 senadores cada total 81
    A refião sul e sudeste com 60% do eleitorado possui 256 deputados federais, os outros estados possuem 40% do eleitorado com 257 deputados.
    Tudo se resume que 40% do eleitorado tem 257 deputados e 60 senadores.
    Os 7 estados do sul e sudeste com 60% do eleitorado tem 256 deputados e 21 senadores.
    Com voto obrigatório o sul e o sudeste foram campeões em nulos e abstenções, a cultura foi deixada de lado.

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  2. Muito bem Rochinha, conseguimos levantar um debate sobre esse assunto que ninguém quer falar.
    José Manuel

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  3. Outra coisa que ninguém fala:
    Se os 20 estados com 40% dos eleitores votarem num só candidato a presidente, ainda precisam de 10% +1 do sul e sudeste.
    Quando há votação no congresso que necessita de qualificadoras, o sul e os sudeste precisam de muitos votos dos outros estados.
    Assim no impeachment da anta foi os 20 estados com maior número de congressistas que o fizeram.
    O Acre tem 800.000 habitantes e 540.000 eleitores, 7 deputados e 3 senadores.
    Se fosse nos EUA teria 2 senadores e 1 deputado, igualzinho ao estado de OHIO.

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  4. escravidão
    Rosangela Nunes

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  5. A Ministra Carmem Lúcia disse esta semana que o Brasil não tem escolaridade e não está preparado para o voto livre.
    Vai estar quando ?
    Alguma coisa terá que ser feita.Então que preparem o cidadão para a cidadania e o levem à modernidade com o voto livre.
    Que não interessa, todo mundo sabe, mas vai acontecer.
    José Manuel

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  6. Muito obrigado pela valiosa colaboração!

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