José Manuel
“Política e politicalha não se
confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam,
se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado,
segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições
respeitáveis.
A politicalha é a indústria de explorar
a benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o
conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de
uma nação consciente de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o
envenenamento crónico dos povos negligentes e viciosos pela
contaminação de parasitas inexoráveis.
A política é a higiene dos países
moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”
Este discurso de Rui
Barbosa em 9 de setembro de 1917, portanto há quase cem anos, certamente
é desconhecido por 99% dos políticos passados, presentes e futuros. Este
discurso não lhes convêm, pois a arte da política para esses pseudopolíticos é
nada mais do que ao entrar para o governo, primeiro aprender como se rouba,
depois aprender como se disfarça o roubo, depois aprender como permanecer no
roubo, depois aprender como usufruir do roubo e no fim do mandato aprender como
voltar ao roubo.
A politicalha é indecente, ela
achincalha e corrói o cidadão e, no todo, uma sociedade e uma nação. O Brasil
está hoje refém da politicalha, resultado de décadas de roubalheiras
acobertadas, de conchavos da pior espécie. É um enorme queijo suíço, onde não
se conhece o princípio nem o fim. É sistêmica e apenas se conhece, a ponta do
fio da meada que está aparecendo com a ação firme do Ministério Público através
de ações como a Lava Jato que já extrapolou até as fronteiras nacionais.
O doutor Sérgio Moro, com
garra messiânica, expõe com clareza o que se sabia mas ninguém enxergava por
preguiça, ou mesmo falta de praticar a cidadania.
Apenas 1% dos atuais políticos
não se sujam na politicalha vigente e ainda não sabemos quais são na sua totalidade.
Apenas temos que fazer uma reflexão séria sobre como chegamos a isso, pois o
cidadão comum também é o culpado por esta doença com característica de
metástase, ao colocar e recolocar por anos a fio, com o seu voto, esse tipo de
criminoso no poder.
A Lava Jato não será a
salvação do país, infelizmente. Apenas saberemos até onde o país foi saqueado,
quem são os criminosos e quais os países envolvidos.
Já no alvorecer de 2017,
estamos tomando conhecimento de prefeitos, governadores e outros políticos
sendo afastados e até presos por improbidade, mas assim mesmo eleitos. A
vergonha a que é levada a nação, passa até por vereador preso, saindo algemado
da prisão para assinar a posse, e voltando à prisão. Isso é algo que jamais
esperávamos ver durante décadas de acompanhamento político.
Jamais vi ou ouvi nos meus
anos escolares, um comentário sobre o discurso de Rui Barbosa. Nunca ensinaram
ou mostraram isso à população, por descaso, desconhecimento ou até mesmo por
conveniência, e o resultado é essa tragédia que se abateu nestes quatorze
últimos anos sobre o país.
Num exemplo gritante do efeito
politicalha, em 1980 tínhamos um PIB nominal superior à Coreia do Sul. Hoje,
passados trinta e sete anos nosso PIB é um terço desse país citado. A
politicalha não permitiu que investíssemos em escolas, e hoje temos uma
criminalidade alarmante, com vítimas anuais superiores a guerras como a da
Síria por exemplo. Na década de 70 nosso PIB nominal era, minimamente inferior
ao da China. Hoje, quarenta e sete anos depois a China é o segundo PIB mundial
e nós estamos, segundo o Fundo Monetário Internacional na nona posição. Ou
seja, retrocedemos no tempo, graças à ação malévola da politicalha que nos
assombra.
A China com mão de ferro e
responsabilidade para com o futuro dos seus cidadãos, vem escolarizando prioritariamente
e colocando para trabalhar toda a sua população ativa, desde há muito tempo. Na
contramão da história e em nome de uma democracia completamente equivocada,
hoje temos uma população de vagabundos sem escolaridade e sem querer trabalhar,
preferindo viver à margem da sociedade, de furtos, delitos graves, assassinatos
e por aí afora.
Os exemplos recentes das
penitenciárias de Manaus, Maranhão e das favelas do Rio de Janeiro são as mais
recentes e piores notícias.
A grande faxina urge ou nos extinguiremos
como nação civilizada, já no século XXl, com opção pela barbárie.
A limpeza terá que começar
pelo cancelamento sumário de uma das várias excrecências da constituição de
1988, o Foro Privilegiado. Segundo o MP, hoje temos no país vinte e duas mil
pessoas com foro privilegiado, ou seja intocáveis. É fácil imaginar como isso
favorece, abraça e defende a politicalha, não permitindo à política verdadeira
e honesta fazer frente a esse descalabro.
Temos que encarar de uma vez
por todas como vamos acabar também com o Voto Obrigatório.
Antonio Carlos, governador de
Minas Gerais, dizia em 1929:
"Para mim, insisto em dizê-lo, o
ponto vulnerável da nossa organização política reside no sistema de voto, pois
notoriamente ele favorece a compressão, a corrupção e a fraude, permitindo que
os títulos eleitorais se transformem em títulos negociáveis e que o Governo
exerça sobre o ato do voto, praticado sob a odiosa fiscalização e vigilância de
seus agentes, a incontrastável influência da ameaça, de represália ou das tentativas
de peita ou de suborno"
Países adiantados política e
socialmente já não mais se utilizam dessa forma eleitoral ultrapassada, desde o
século passado.
O voto obrigatório no Brasil é
o responsável pelos currais eleitorais com o voto de cabresto ainda vigente no
nordeste, região mais pobre do país e pelo continuísmos de Coronéis com quase
poder de Estado naquela região. Daí para a frente é só perceber isso, essa regionalidade,
no sotaque da politicalha.
Dos duzentos e trinta e seis países
do planeta, somente trinta e um, inclusive o Brasil, ainda usam o sistema do
voto obrigatório.
Não adianta sermos a nona
economia mundial, e continuarmos socialmente no terceiro mundo, pois isso
é um paradoxo.
Sabemos o que temos a fazer e
como fazer com urgência. Resta tomarmos as atitudes que convém e essas atitudes
começam exatamente nas ruas. Só depois disso poderemos andar em frente, rumo ao
futuro almejado.
Não existe outra saída.
Título e Texto: José Manuel, - a Lava Jato é sinônimo
de condenação, pena e arresto.
Prevenção, precaução e
cautela, são sinônimos de Estado.
11-1-2017
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JOSÉ MANOEL,
ResponderExcluirCOMO SEMPRE CONCORDO DISCORDANDO EM ALGUNS PONTOS.
PRIMEIRO
Nada pode se conceber em relação aos países comunistas em comparação.
O PIB de um país pode ser com paridade e sem paridade. Nesse contra ponto estão países como a China, os BRICs entre muitos que 50% ou mais do PIB advém da corrupção e da informalidade.
E outros que a informalidade e a corrupção não chegam a 2% do PIB.
Em 2010 a informalidade e a corrupção produziram 46% de nosso PIB.
Segundo ponto é os salários e a escravidão que vivem os chineses que não fazem parte da elite partidária.
Por último, sou contra o voto obrigatório, contra o voto de analfabetos, de presidiários e de funcionários públicos.
No Brasil sem voto obrigatório você não tira as excrecências do poder, vamos colocá-las no poder.
Por isso sou à favor do VOTO distrital PURO, 1 deputado por cada 1 milhão de habitantes, divididos por regiões dentro dos estados.
2 senadores por estado.
Um vereador para cada 500 mil de eleitores, cidades com menos de 5 milhões 7 vereadores, com menos de 500 mil 5 vereadores.
Nova Iorque tem 10 vereadores por distrito com quase 10 milhões de habitantes.
O grande veneno brasileiro é a equidade.
Temos 27 estados com 3 senadores cada total 81
A refião sul e sudeste com 60% do eleitorado possui 256 deputados federais, os outros estados possuem 40% do eleitorado com 257 deputados.
Tudo se resume que 40% do eleitorado tem 257 deputados e 60 senadores.
Os 7 estados do sul e sudeste com 60% do eleitorado tem 256 deputados e 21 senadores.
Com voto obrigatório o sul e o sudeste foram campeões em nulos e abstenções, a cultura foi deixada de lado.
Muito bem Rochinha, conseguimos levantar um debate sobre esse assunto que ninguém quer falar.
ResponderExcluirJosé Manuel
Outra coisa que ninguém fala:
ResponderExcluirSe os 20 estados com 40% dos eleitores votarem num só candidato a presidente, ainda precisam de 10% +1 do sul e sudeste.
Quando há votação no congresso que necessita de qualificadoras, o sul e os sudeste precisam de muitos votos dos outros estados.
Assim no impeachment da anta foi os 20 estados com maior número de congressistas que o fizeram.
O Acre tem 800.000 habitantes e 540.000 eleitores, 7 deputados e 3 senadores.
Se fosse nos EUA teria 2 senadores e 1 deputado, igualzinho ao estado de OHIO.
escravidão
ResponderExcluirRosangela Nunes
A Ministra Carmem Lúcia disse esta semana que o Brasil não tem escolaridade e não está preparado para o voto livre.
ResponderExcluirVai estar quando ?
Alguma coisa terá que ser feita.Então que preparem o cidadão para a cidadania e o levem à modernidade com o voto livre.
Que não interessa, todo mundo sabe, mas vai acontecer.
José Manuel
Muito obrigado pela valiosa colaboração!
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