Vitor Cunha
Para desenjoar um bocado das televisões
Tenho muitas esperanças em Trump,
algumas delas confirmadas hoje. Admito que acho bastante parolo que num país se
opine sobre as escolhas livres de outro, principalmente quando não achamos
grande piada se um país que vai financiando os desmames da balofa classe
política que nos pastoreia faz o mesmo sobre as nossas opções, as que eles vão
pagar. Mas, pronto, vamos lá.
A maior esperança que tenho em
Trump, que já hoje foi confirmada pelos inúmeros comentadores que balbuciaram
tretas nas redes sociais, nas televisões e nos jornais, é a de colocar
socialistas a criticarem veementemente o discurso proteccionista e sinteticamente
idêntico aos dos vários partidos nacionais da dita esquerda quando proferido
pelo presidente norte-americano. É que uma pessoa muda os nomes e a coisa é
igualzinha, mas não dá para mais naquelas cabecitas.
Isto fez-me pensar no que leva
os socialistas a odiarem Trump. Não é pela conversa de gajas – tipos que levam
jornalistas de férias que lhes escrevem artigos laudatórios mostra bem o que
“homens de carisma” pensam das mulheres –, é pelo discurso contra os radicais
islâmicos. Com necessidade de um cachorro para afagar na sua imensa bondade, a
esquerda europeia encontrou o pote no fim do arco-íris em malucos que até lhes
violam os filhos desde que permitam que apregoem o eterno amor pelos
desgraçados, desgraçados estes que nunca permitiriam no seu condomínio, que ali
é só gente que usa o garfo e faca.
E essa é a segunda grande
esperança que tenho em Trump: a de que a grande maioria silenciosa abdique do
medo de tratar este putedo mediático do sentir-bem progressista como merecem e
devem ser tratados.
Quanto ao resto, o problema é
lá deles, dos americanos.
Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
20-1-2017
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