Elias Minotto
Muito se tem ouvido que
“aquele é esquerda, este é direita, o outro é centro”, mas o necessário de ser
observado nisso tudo é a ideia que cada indivíduo expressa de sua vontade
política e não podemos nos apegar aos rótulos e apelidos. É preciso investigar ao
máximo o que cada pessoa pensa e o porquê de ela pensar daquela forma. Por
isso investigaremos sobre a ideologia política do nazismo.
É um fato histórico Adolf
Hitler ser a favor da propriedade “privada”, a favor do anticomunismo,
antimarxista, condenar a luta de classes e apoiar a inciativa “privada” como
motor da economia. Porém, um dos inimigos do nazismo é o liberalismo, o mesmo
que levanta a bandeira da iniciativa privada, da propriedade privada, condena a
luta de classes, é anticomunista, e faz oposição ao marxismo.
Acerca do liberalismo, o
nazista Moeller van den Bruck, declara:
“Não tardaria muito, e o
expoente máximo do nacional-socialismo, Moeller van den Bruck, proclamaria a
Primeira Guerra Mundial – uma guerra entre o liberalismo e o socialismo: ‘Nós
perdemos a guerra contra o Ocidente. O socialismo perdeu-a para o liberalismo’.
Como para Spengler, o liberalismo é, pois, o arqui-inimigo. Moeller van den
Bruck vangloria-se de que não há hoje liberais na Alemanha: ‘há jovens
revolucionários e jovens conservadores. Mas quem desejaria ser liberal? …O
liberalismo é uma filosofia de vida à qual a juventude alemã volta hoje as
costas com nojo, cólera e um desprezo especial, pois não há nada mais exótico,
mais repugnante e mais contrário à sua filosofia. A juventude alemã dos nossos
dias reconhece no liberalismo o arqui-inimigo.” – Parágrafo retirado do livro:
“O Caminho da Servidão” do capítulo “As raízes socialistas do Nazismo” da
página 173.
Os liberais defendem a
propriedade privada, mas que não seja regulada pelo governo, assim como
acontece no nazismo. O filme “A lista de Schindler”
mostra bem como a propriedade privada era controlada pelo governo
nacional-socialista.
Os liberais são antimarxistas,
mas isso não os torna parecidos com os nazistas, pois os mesmos possuíam um
discurso nacionalista e socialista, um governo em prol de uma raça. É aí que
surge o termo alemão “Volksgemeinschaft”
– que em português significa “comunidade do povo” -, conceito que prega o
socialismo para a raça superior, uma sociedade sem classes e contra a elite
burguesa alemã. Os liberais condenam a luta de classes de forma ampla; não
pregam ódio aos demais por sua cor, religião, ou condição financeira.
Já o nazismo, por ser uma
ideia nacionalista, é contra o comunismo, pois o mesmo defende uma
internacionalização, ou seja, um sistema político comunista global.
Os liberais condenam a luta de
classes de forma ampla, não pregam ódio aos demais por sua cor, religião, ou
condição financeira, assim como fazia o nazismo, que é uma luta por “classe
racial”. Liberais defendem a iniciativa privada como motor da economia, e
também a livre concorrência de mercado, algo odiado pelos nazistas, pois, como
já mencionei antes, quem controlava as empresas privadas, de fato, era o
governo – sendo mais exato, a organização governamental “Frente do trabalho alemão” coordenava isso, efetivando o intervencionismo econômico por parte
do Estado na economia. Parece mais com socialismo, não é mesmo?
Os nazistas também são
conhecidos por terem feito um governo de bem-estar social, com a ajuda do órgão
“Nationalsozialistische Volkswohlfahrt “, o que traduzindo significa “Bem-estar social do povo
nacional socialista”: uma organização política que usa o Estado para promover o
“bem-estar social do povo”. Esse sistema também não se parece com uma ideia de
esquerda?
Os nazistas odiavam o
capitalismo e amavam o Estado máximo centralizador de poder como, por exemplo, o
nazista Ferdinand Friedrich Zimmermann (1898-1967), que escreveu o livro “O fim do
capitalismo”, publicado em 1931, onde argumenta que o capitalismo está morto e
a solução para a Alemanha é o controle da economia por parte do Estado, defende
um comércio fechado, e a autarquia, ou seja, autossuficiência.
Leia a frase de Heinrich
Himmler um dos principais líderes que o Partido Nazista já teve:
“Os anseios dos nazismo e do
front-vermelho são os mesmos. O judeu quis adulterar a revolução para o
marxismo e este não trouxe a satisfação, razão pela qual não está em questão
hoje. Portanto, até hoje há um desejo pelo socialismo.“- Frase retirada do livro
“Heinrich Himmler: Uma Biografia” da página 101 do historiador Peter Longerich.
“Os judeus se apossaram do
capitalismo e sabem bem como jogar o ‘internacionalismo’ contra os povos na
luta pelo estabelecimento de seu poder. O internacionalismo anularia a
importância individual dos povos e teria como meta a escravização do
trabalhador no mundo inteiro. Só existiria uma saída para evitar esse destino:
a união de todos os trabalhadores alemães com base no nacionalismo para
instituir um regime socialista. O objetivo é a criação de um partido dos
trabalhadores poderoso, nacionalista, socialista e alemão.” – Himmler, líder do
partido Nazista, frase retirada da página 102 do livro “Heinrich Himmler: Uma
Biografia.”
“O capitalismo tomou novamente
o trono. Não se pergunta pelo homem honesto, mas por quanto dinheiro se tem.
Não se pergunta de onde vem o dinheiro, apenas se existe. O capitalismo se
lança sobre a maior invenção do homem, a máquina, e com ela escraviza as
pessoas. Por essa razão, o povo desenvolve um anseio por liberdade, assim se
manifesta o desejo por liberdade na luta de classes dos trabalhadores. A
burguesia alemã não entende isso e a luta pelo socialismo se estende até 1918.”
– Himmler, líder do partido nazista, frase retirada do livro “Heinrich Himmler:
Uma Biografia.” da página 101.
Agora leia esses
posicionamentos do Partido nazista, e você verá como o nazismo é uma ideia
coletivista, assim como o socialismo.
Alguns dos 25 itens do
programa do partido nazista:
7. Nós exigimos que o Estado
especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a
possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento.
10. Nenhum indivíduo fará
qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício
de todos.
13. Nós exigimos a estatização
de todos os grupos investidores.
14. Nós exigimos participação
dos lucros em grandes indústrias.
16. Nós exigimos a criação e
manutenção de uma classe média sadia, a imediata socialização de grandes
depósitos que serão vendidos a baixo custo para pequenos varejistas, e a
consideração mais forte deve ser dada para assegurar que pequenos vendedores
entreguem os suprimentos necessários aos Estados, às províncias e
municipalidades.
17. Nós exigimos uma reforma agrária
de acordo com nossas necessidades nacionais, e a oficialização de uma lei para
expropriar os proprietários sem compensação de quaisquer terras necessárias
para propósito comum. A abolição de arrendamentos de terra, e a proibição de
toda especulação na terra.
25. A fim de executar este
programa, nós exigimos: a criação de uma autoridade central forte no Estado, a
autoridade incondicional pelo parlamento político central de todo o Estado e
todas as suas organizações.
O que podemos enxergar no
credo nazista é seu forte discurso coletivista. Preste atenção
no item 10 do partido nacional-socialista: “Nenhum indivíduo fará qualquer
trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de
todos.” Ou seja, da mesma forma que no socialismo o coletivo está acima de
tudo, no nazismo, teoricamente falando, o coletivo também é o que manda. Este é
o grande ponto em comum entre os dois pensamentos. A diferença está em que os
comunistas defendem um comunismo globalizado, um socialismo para todos, certamente
uma visão ligada à frase de Marx: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”. Isso
demonstra um internacionalismo socialista. Já os nazistas defendem um
nacionalismo-socialista, ou seja, um socialismo para a Alemanha, como vimos na
fala nazista acima; por isso o nazismo vai se opor ao comunismo, como, por
exemplo, em 1933, quando Hitler cassa os mandatos dos políticos do Partido Comunista da Alemanha. O mesmo fazia parte do grupo “Comunistas internacionalistas da Alemanha”, que era uma organização trotskista. Se há até
mesmo briga entre os adeptos do socialista Josef Stalin e do
socialista Leon Trotsky, imagina se não haveria entre
nacionais-socialistas e internacionais-comunistas.
Enquanto Marx prega a união de
todos os trabalhadores para o socialismo, seja de qualquer raça ou país, o
ideal nazista prega o que está na frase de Himmler, o líder do partido Nazista,
que diz: “A união de todos os trabalhadores alemães com base no nacionalismo
para instituir um regime socialista. O objetivo é a criação de um partido dos
trabalhadores poderoso, nacionalista, socialista e alemão.” Por fim, é
importante frisar que o nazismo não tem intenção de abolir o Estado, assim como
os comunistas o nacional-socialismo prega a permanência do Estado com os ideais
nazistas.
Título, Imagem e Texto: Elias Minotto, InstitutoLiberal, 19-9-2018
Curiosa e coincidentemente, estou lendo o livro de Jonah Goldberg, “Fascismo de esquerda – a história secreta do esquerdismo americano”.
ResponderExcluirO segundo capítulo é: “Adolf Hitler: um homem de esquerda”.
Estou na página 349, de 543.
A edição é da Editora Record, 2008.