quinta-feira, 7 de maio de 2020

China: você disse transparência?

A China ambiciona colocar o mundo sob a sua governação. Ela não reconhece os seus erros e reescreve a história a seu favor

Catherine Nay

Numa entrevista ao Financial Times, Emmanuel Macron, depois de Donald Trump, aponta as responsabilidades da China na gestão da epidemia do covid-19. “Obviamente existem fatos que se passaram que nós não sabemos. Compete à China os revelar...”. “Blá-blá-blá”, ironizam os que conhecem bem o Império do Meio.

Se consultarmos a história das pandemias que avassalaram o mundo nos últimos sessenta e três anos, todas vieram da China. Foi o caso da gripe asiática de 1957-1958, muito mortífera. Em França foram quase 100 000 mortes.

Dez anos mais tarde, 1968-1970, a gripe chamada “de Hong Kong”, que na realidade partiu do centro da China, matou um milhão de pessoas no mundo, 31 000 a 40 000 em França e 80 000 na Grã-Bretanha. 

Em 202-2003, foi a pandemia do SRAS (Síndrome Respiratória Aguda Severa). O diagnóstico foi cedo revelado por médicos chineses. Para impedi-los de falar, foram presos. Foi preciso esperar a propagação do vírus pelo mundo, para que o regime confessasse uma carência de vigilância no seu sistema de saúde e prometesse mais transparência no futuro.

A origem do mal, o consumo de almiscareiros [foto] e guaxinins. As autoridades anunciaram que os mercados de animais selvagens estavam doravante proibidos.


Cinco anos mais tarde, 2009, a gripe suína H1N1. Centenas de milhares de porcos chineses foram abatidos.

Onze anos depois, 2020. Você falou em transparência?

Na realidade, a China escondeu do mundo os perigos do Covid-19 durante algumas semanas. Como em 2003, médicos que lançaram os alertas, jornalistas foram presos. Não se sabe o que aconteceu com eles.

Mais uma vez, a China é questionada por suas detestáveis práticas sanitárias. O consumo de morcegos e pangolins [foto] terá sido a origem do mal. O mercado de animais selvagens de Wuhan foi incendiado, como se se quisesse apagar a cena do crime.


Em janeiro de 2018, diplomatas norte-americanos levantando outra hipótese, alertaram sobre as falhas de segurança de dois laboratórios de Wuhan que pesquisam sobre o coronavírus de morcegos, considerados muito perigosos. Será que foi uma fuga acidental? Uma má formação dos técnicos? As autoridades chinesas desmentem gritando.

Uma vergonha sem tamanho para Xi Jinping, promovido a secretário-geral do Partido Comunista Chinês, vitalício. Através da propaganda de seus embaixadores ele tenta reescrever a história: o vírus terá vindo da América. Quem acredita nele?

Sobre a questão da transparência, nada, piorou até, todo o país está sob controle. Cada indivíduo é classificado socialmente.

Entretanto, a China se tornou a fábrica do mundo e ambiciona colocar o9 mundo sob a sua governança com o seu projeto “Rota da Seda” ao qual setenta países já aderiram. Enquanto os Estados Unidos se afastam das grandes instituições internacionais, a China, ela, avança os seus peões. Ela já comanda sete subdireções da ONU e elegeu em 2017 o seu candidato à chefia da OMS: um Etíope que se tornou, “et pour cause”, um devedor.

Enquanto a metade do planeta parou, vítima da pandemia, a China posa de benfeitora da humanidade vendendo-lhe as suas máscaras. Resumindo, e agora quem vai tirar as castanhas do fogo?
Título e Texto: Catherine Nay, Valeurs Actuelles, nº 4352, de 23 a 29 de abril 2020
Tradução: JP, 7-5-202

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