Vitor Cunha
No ano da Graça de Žižek de
2032, numa cidade do Califado da Catalunha, dois adolescentes – Ablah, 34 e
Khalid, 35 – descobrem o desejo sexual emanante da doce fragrância do amor.
Andavam na mesma escola, a Secundária George Floyd, em regime de telescola
através do Microsoft® Mass®. Um dia, por circunstâncias de um trabalho de grupo
sobre eutanásia ambiental, Ablah confundindo os ficheiros, enviou a Khalid
uma selfie pensando tratar-se de uma foto da Santa Greta.
Khalid, ao ver a figura de Ablah, a única mulher que vira excluindo a mãe,
apaixonou-se imediatamente. Qualquer rapaz daquela idade cairia pela doce Ablah
e a sua foto sexy, de escafandro negro que oculta com descrição a
arrojada burca interior por baixo do fato de apicultora. Nunca vira uma mulher
tão despida.
Sua mãe, que desde sempre
usara armadura de chumbo, não serviu de modelo para a compreensão da forma
cilíndrica ligeiramente sextavada do corpo feminino. Khalid, aproveitando a distração
de Ablah, enviou-lhe também um retrato. Ablah, ao ver a viseira, máscara
cirúrgica e balaclava Armani, sentiu um inexplicável fogo, como uma infecção
urinária das que o pai lhe costuma causar, mas com uma dor agradável, como a da
tatuagem de #BlackLifesMatters que fez quando a papisa Mortágua tuitou a
recomendação para todos os crentes.
Khalid, a medo, perguntou-lhe:
“posso enviar uma foto menos vestido?” Ablah hesitou, mas cheia de vontade
anuiu enquanto tirava a viseira do escafandro. Khalid enviou uma foto sem
viseira. À medida que a roupa se ia tirando, o nervoso-miudinho de chegarem ao
estado em que ficavam apenas com as algálias e os depósitos de urina no corpo
dava-lhes uma sensação de bem-estar nunca antes experimentada por nenhum deles,
nem Ablah com o pai, nem Khalid com o seu bode David. Por fim, completamente
nus, acedem em retirar a sub-máscara do tipo cirúrgico agrafada à face que
todos os jovens adquirem ao atingirem a puberdade no ritual pan-religioso de
passagem à idade adulta, aos 32 e meio.
O calor, naquele mês de Jordan
Peterson, nunca anteciparia o fervor que estes miúdos sentiriam neste mês de
André Silva. Foi o mês de André Silva mais abafado da década de acordo com o
relatório ISCTE/Instituto Greta-Gates. Toda a fruta que não foi destruída pela
geada do mês de Rothbard sucumbiu ao calor de André Silva. Completamente nus,
no Zoom, decidem retirar a sub-máscara.
Enquanto se masturbavam, os pelos
nas palmas das mãos de ambos cresciam, mas não se importavam. Continuaram até
ao momento do êxtase, altura em que, como lhes explicaram nas aulas de ecologia
política do 7º ano, ambos sucumbiriam pelo Coronavírus. E foi o que aconteceu,
desgraçando as respectivas famílias. Ainda hoje a história de Ablah e Khalid
vem impressa nos manuais dos bonecos sexuais que o estado distribui como aviso
para os perigos da perversão que é sexo entre dois humanos.
Título e Texto: Vitor Cunha,
Blasfémias,
4-6-2020
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