"Devo confessar o meu horror aos intelectuais ou, melhor dizendo, a
quase todos os intelectuais. Claro que alguns escapam. Mas a maioria não
justifica maiores ilusões. E se me perguntarem se esse horror é recente ou
antigo, eu diria que é antigo, muito antigo. A inteligência pode ser acusada de
tudo, menos de santa.” - Nelson Rodrigues
Waldo Luís Viana
A civilização brasileira foi
seduzida pelo idiota que fala inglês. O brasileiro, que quase não fala
português – haja vista a dificuldade das empresas em captar bons profissionais
que manobrem nosso idioma – preferiu ser tomado em todas as fímbrias de sua
atividade pelo idioma forasteiro, de tanto êxito.
Assim, o idiota que fala
inglês anda por todas as empresas, personagem pequeno e de alma comum, quase um
barnabé sem nenhum conteúdo. Apenas fala a bela língua de Shakespeare, na base
do capitis diminutio, umas duas mil
palavras com pompa e circunstância de idiota, sem qualquer conteúdo
preocupante.
O idiota que fala inglês faz sempre
o que mandam, normalmente executando as ordens do malandro-mór mais de cima que
detém o capital e ronca bem grosso em português. Ele é fluente, negociador e
serviçal, como qualquer secretária que marca e desmarca reuniões...
Aliás, Chesterton, o monumental
inglês dizia que num belo dia as mulheres de seu tempo quiseram ficar
independentes. E no outro, apareceram duzentos milhões de datilógrafas!
No entanto, o idiota que fala
inglês quer crescer, tornar-se trilíngue ou até mais: um poliglota que diga um
monte de besteiras em diversos idiomas. Como não pensa com independência, não
pode verter ou expressar-se livremente, tendendo apenas a absorver e
lamentar-se. No fundo, seria um grande homem ou mulher se lhe dessem alguma
chance, mas que se há de fazer...
Um torneiro-mecânico em Nova
Iorque fala bem inglês, mas quase não tem ideia nenhuma. O maior
torneiro-mecânico daqui não tem ideia nenhuma, tampouco fala inglês, mas,
sobrando-lhe esperteza, soube escolher com muito tirocínio os adversários: os
idiotas que falam inglês – os tucanos...
Os tucanos são bons
adversários do nosso torneiro-mecânico. Sonhando sob os mesmos métodos de
convivência, fizeram o torneiro sangrar, em 2005, esperando almoçá-lo, nas
eleições seguintes.
Infelizmente, como são sociólogos
de babar na gravata, como diria
Nelson Rodrigues, os tucanos que falam inglês sangraram o bicho e ele os jantou
em 2006, com sobremesa de picolé de chuchu. Tomou conta do país de vez e,
quatro anos depois, elegeu o sucessor, fazendo sempre a mesma jogada esperta,
escolhendo a dedo o adversário conveniente.
O poliglota tucano, que é um
idiota em vários idiomas, é mordomo do PT, ou seja, dá-lhe sempre as eleições
seguintes de bandeja.
Deus salve o idiota tucano que
fala inglês! Enquanto o valoroso povo inglês saúda a rainha, o brasileiro
banha-se feliz no Ganges da ignorância, sentindo-se vitorioso em meio à pobreza
e miséria indisfarçáveis e irremovíveis pela máquina de corrupção soberanamente
instalada. Jacta-se da atuação serviçal da companheirada pelega, aboletada em
cargos de confiança e chamada pelos incautos ou mestres da malícia de
“militância”.
A militância tem a língua
presa e não se interessa pelo português. Talvez o inglês lhe chame mais a
atenção burlesca, dado que o país caminha para se desindustrializar e ser
comandado de fora, com a paradoxal anuência dos que se diziam estatizantes e
nacionalistas.
Os tucanos idiotas que falam
inglês esperam, fazendo figa, pela fadiga do material que aí está. Cultivando
mais ou menos os mesmos métodos na política, embora mais polidos, querem
somente retornar para proporcionar vida longa aos idiotas que falam inglês.
Não é à toa que o torneiro os
elege como adversários ideais. Eles são muito fáceis de serem derrotados,
talvez fazendo até o jogo consentido que o adversário quer. É a oposição de
faz-de-conta, incapaz e incompetente de propósito.
Querem passar à história como
bons sociólogos e cientistas políticos que babam na gravata! São bonzinhos
mesmo esses tucanos, bem a gosto do torneiro, que os deixa falar inglês e
depois ri, sabendo espertamente que quando a porca torce o rabo o poder fica
mesmo em casa, “made in Brazil”...
Título e Texto: Waldo Luís
Viana é escritor, economista, poeta e tenta desesperadamente aperfeiçoar seu
inglês assistindo televisão a cabo...
Teresópolis, 31 de julho de 2011waldo@infolink.com.br
Oi Jim não entrei como seguidora porque pede compartilhamento das minhas informaçãoes pessoais no Google ou no Face.Beijos Lolita
ResponderExcluirPS: Continuo sendo sua fã.