O país se encontra à beira
de uma guerra civil
Beatriz W. de Rittigstein
Tradução de Francisco Vianna
Pelo que vemos ao longo do
presente ano, a chamada "primavera árabe" poderá desfigurar-se numa
crua estação. Embora na Tunísia, no Egito, na Líbia e na Síria as revoltas
contra os seus respectivos governos totalitários tenham surgido como movimentos
populares que exigem maior liberdade individual, modernidade e melhores níveis
de vida para sua gente, ainda não se vê sequer a mínima transição para tal
mudança. Pior ainda, o que se observa é uma desorientação que poderá levar a
outro despotismo mais opressivo ainda, talvez uma teocracia islamo-fascista
semelhante à existente no Irã.
Nesse torpe afã do poder
vitalício, que demonstra o interesse nulo destes arcaicos autocratas pelo bem
estar de suas nações, não houve a disposição desses mandatários em se converter
em estadistas e em dirigir as evoluções que trazem desenvolvimento e
prosperidade.
Um dos casos destacados de
frustração e fracasso é o da Síria, que aguentou mais de 30 anos a ditadura de
Hafez Assad, que, como militar e membro do Partido Bahal, em 1970 encabeçou um
golpe de estado do ramo esquerdista contra o governo moderado, que o nomeou
primeiro ministro. Em 1971 se fez eleger presidente com 99% dos votos (!). En
1973 sancionou seu poder pessoal fazendo aprovar uma Constituição de caráter
autoritário.
Em junho de 2000, morreu de
infarto. Sucedeu-o seu filho Bashar al-Assad. Para o pai, então, houve grandes
expectativas quanto ao jovem herdeiro, formado como oftalmologista na Europa.
Pensou-se que ele traria inovações democráticas. Sem dúvida, o jovem Bashar
seguiu os passos de seu pai. Ante as pressões internacionais, Bashar deu um
giro ao seu discurso, prometendo reformas que, na prática nunca se
concretizaram; por outro lado, endureceu a repressão contra sua própria gente.
Na atualidade, ele está levando a Síria à beira de uma guerra civil que parece
iminente a cada dia.
Tradução: Francisco Vianna
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