O Partido dos Animais (PAN)
colocou duas dezenas de cartazes espalhados pelas cidades de Lisboa, Porto,
Coimbra, Aveiro, Leiria e Faro, para alertar contra aquilo que chamam a
“barbárie” dos circos portugueses. Querem pôr fim à utilização de animais no circo
mas em Portugal, diz Paulo Borges, presidente do PAN, falta cultura de
“fiscalização e denúncia”.
Vera Moutinho
“O melhor espetáculo de
barbárie, violência e maus-tratos do mundo. Venha e traga os seus filhos”. O
convite é feito de forma irónica, replicando os muitos cartazes que por esta
altura anunciam a presença dos circos nas vilas e cidades.
Há dois anos uma nova portaria
veio proibir a detenção de animais selvagens pelos circos (bem como a sua
reprodução) mas ao não proibir o seu uso ficou aquém do desejado, defende Paulo
Borges.
Entre as espécies cuja
detenção passou a ser proibida pela nova lei – excepto para os zoológicos e
entidades autorizadas – incluem-se todas as espécies de primatas, de ursos, de
felinos (exceto o gato), otárias, focas, hipopótamos, pinguins ou crocodilos.
“O PAN, apesar de saudar o
passo em frente que essa portaria representou, entende que o ideal seria
proibir totalmente a detenção e utilização desses animais pelos circos,
facultando apenas um período de transição enquanto se trataria da colocação dos
animais em santuários ou reservas”,
afirmou ao SAPO Notícias. “O PAN tem recebido várias denúncias sobre
crias de animais selvagens que andam a circular pelo público nos espetáculos
circenses, onde pedem dinheiro a troco de fotos com essas crias”.
Os circos que em 2009 eram
detentores de animais selvagens puderam permanecer com eles, sendo necessário
contudo o seu registo no Instituto da Conservação da Natureza e da
Biodiversidade (ICNB). “São forçados a permanecer nos circos até morrerem ou
até deixarem de ter utilidade para os donos dos circos”, refere Paulo Borges.
Fora de Portugal, países como
a Áustria, Costa Rica, Dinamarca, Finlândia, Índia, Singapura, Suécia, Suíça e,
mais recentemente, Alemanha e Reino Unido proibiram ou restringiram em grande
medida a utilização de animais em espetáculos de circo, por considerarem que as
condições em que os animais são prejudiciais para o seu bem-estar físico e
emocional.
Por cá, os circos portugueses
asseguram que os animais são bem tratados e vacinados e rejeitam
categoricamente a restrição de uso destes animais. “Aquilo que defendemos é
apenas o abandono da utilização de animais, não a extinção do circo, um
espetáculo de grande beleza e que muito contribui para a riqueza e diversidade
culturais do nosso país e do mundo”, explicou Paulo Borges ao SAPO Notícias.
“Fiscalização e intervenção” são insuficientes, diz PAN
É à Direção Geral de
Veterinária (DGV), em primeira instância, que cabe a fiscalização da lei
aprovada em 2009. Paulo Borges afirma que essa e outras entidades com
legitimidade para o efeito (GNR, ICNB, Câmaras Municipais) não estão dotadas
dos meios operacionais necessários. “Necessário é criar uma política (e cultura
até) no nosso país que zele pelos direitos dos animais, sem a qual continuaremos
a ter entidades que se demitem do cumprimento das funções que por lei lhes são
atribuídas”, conclui o presidente do PAN.
Animais selvagens só no seu
habitat natural, defende o PAN, até porque “nenhum comportamento exibido pelos
animais nos espetáculos de circo é um comportamento natural, construindo,
sobretudo nas crianças, uma imagem dos animais que não corresponde à realidade
da sua natureza”, remata Paulo Borges.
Título e Texto: Vera Moutinho,
Sapo notícias, 13-12-2011
Colaboração: Hilda Torres
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