REUNIÃO BILATERAL – EXERCÍCIO DE POLULISMO NA
AGENDA SOCIALISTA DE BRASIL E ARGENTINA, SOB A DESCULPA DA CRISE FINANCEIRA
GLOBAL
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Foto: AFP |
Francisco Vianna
Ontem, em
Caracas, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff se reuniram por hora e meia e
‘concordaram’ em “dissipar as tensões do
passado e se dedicarem à montagem de uma estratégia comercial comum que
privilegie uma política de proteção à região e resguarde as economias,
brasileira e argentina, dos eventuais efeitos da crise financeira mundial”.
Chamaram
esse “acordo” de “Mecanismo de Integração Produtiva” (MIP). Bonito, não? Os
esquerdistas são bons em criar essas ilusões sociais, movidos pela crença
ideológica de que podem e devem dirigir e controlar a economia… Mesmo que a
história mostre que, SEMPRE, suas intenções dão com os burros n’água.
Em seu tête-a-tête, esse par de respeitosas
senhoras, no Hotel EUROBUILDING, onde Dilma Rousseff está hospedada, tentam dar
a impressão que Brasil e Argentina tentarão estabelecer um tipo de “blindagem
comercial” eventualmente concebida pelos planejadores do Foro de São Paulo (que
são os que em última análise governam o Brasil) para frear a ‘invasão de
produtos’ dos que chamam de "terceiros mercados", um eufemismo usado
para não terem que mencionar de forma direta a China, a Europa e os Estados
Unidos. E, é claro, como não poderia deixar de ser, Cristina e Dilma, trataram
também de melhorar o próprio relacionamento comercial entre seus países, como
se tivessem a necessária competência para tal, falando muito em MERCOSUL e
UNASUL, sem levar em conta que, hoje, a maior parte das importações feitas
pelos dois países provém de outras zonas, mercados, e ‘blocos’, e que o mesmo ocorre
com as suas exportações. Ou seja, ambos os países se preparam, em tese, para
aumentar seus mecanismos protecionistas, afastando-se cada vez mais da idéia de
um comércio livre e com pouca interferência estatal. Não importa o quanto a
história demonstre quão funesto e improdutivo tais medidas se constituem, o que
importa é seguir a doutrina socialista e tentar penosamente progredir por um
caminho onde jamais nação alguma progrediu.
E tentam
exibir o otimismo de sempre, que geralmente arrefece algumas horas depois de
tais encontros ‘pirotécnicos’ que não se coadunam com a realidade dos negócios
bilaterais.
A pesar dos
diálogos terem sido eivados de jargões socialistas, tais como ‘integração
regional’ (se o leitor pensou ‘entregação’, também vale), ‘inclusão social’,
etc., a realidade se sobrepõe a toda essa pirotecnia populista e acaba forçando
os planejadores que colocam as palavras nas bocas dessas ilustres senhoras a
reconhecer que avançar no sentido que muitos internacionalistas querem para a
UNASUL e MERCOSUL é extremamente penoso e contraproducente.
Dilma disse
à imprensa que o Brasil "necessita fortalecer a ‘integração’ com a
Argentina e com seus vizinhos sulamericanos para evitar que a crise financeira
mundial nos afete de modo marcante e que isso só será possível fortalecendo
também a UNASUL”, mesmo que o funcionamento da União Européia esteja nos
sinalizando exatamente o oposto.
Antonio
Patriota disse que "há um compromisso a ser mantido para se conseguir um
processo de integração completo". O que isso quer dizer, na realidade, só
deve ser bem compreendido pela mentalidade internacionalista dos mentores do
Foro de São Paulo.
Fontes de
ambas as delegações em Caracas disseram que o objetivo agora seria o de
derrubar os entraves que, segundo elas, têm aumentado a tensão nas relações
bilaterais brasileiro-portenhas, que são a “licenças não automáticas” de
importação e exportação nos dois sentidos. A finalidade, dizem, é a de evitar
que os empresários do setor criem dificuldades comerciais com suas reclamações
de favorecimento e suas tentativas de boicotes. Ou seja, cada vez mais essas
senhoras, sob a orientação do Foro de São Paulo, querem tirar do empresário o
arbítrio de fazer ou não negócios entre si, sem a mediação oportunista e cara
dos seus respectivos governos.
Falaram em
negociar um esquema de bloqueio à importação de produtos chineses a ser porto
em prática imediatamente, numa iniciativa de Dilma, que esclareceu: "a
ideia não é a de enfrentar a China, mas sim a de impedir que haja o ‘dumping’
(preço inferior ao custo de produção local) de uma invasão de produtos
chineses" produzidos por mão de obra semi-escrava, coisa que todo mundo
está careca de saber, mas que, na prática, as ‘sobretaxas reguladoras’ não
emplacam.
Também
discutiram a entrada de alguns produtos argentinos que atualmente estão
impedidos de entrar no Brasil, como o azeite de oliva, alguns cortes de carne e
calçado, graças aos fortes mecanismos protecionistas de parte a parte.
Na reunião
estavam presentes: o chanceler argentino Héctor Timerman (o da crise do avião
militar americano no aeroporto de Ezeiza), a ministra Giorgi; o delegado da
embaixada no Brasil, Luis María Kreckler, e os governadores José Luis Gioja (da
província de San Juan) e José Alperovich (de Tucumán), além dos brasileiros, o
chanceler Patriota, o ministro da Indústria, Fernando Pimentel; o ‘assessor
especial internacional’ Marco Aurélio Garcia, do Foro de São Paulo, e o
ministro de Ciência, Aloízio Mercadante.
Tais
reuniões são apenas distrações destinadas a iludir os incautos, pois os
mercados de ambos os países estão fortemente impregnados do capitalismo estatal
e, quando isso ocorre, a coisa definitivamente não gera bons resultados.
Título e Texto: Francisco Vianna, 03-12-2011
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