Escolher o restaurante onde
vai almoçar pelo nome seria uma decisão no mínimo curiosa em Portugal.
Como você costuma escolher o
restaurante onde vai almoçar? Pelo cardápio? Pela fachada? Ou pelo preço? E que
tal pelo nome do estabelecimento?
Em Portugal, esta seria uma
decisão no mínimo curiosa, como mostram de Lisboa, os correspondentes Pedro
Bassan e Wanderley Serbonchini.

“Tava escutando um fado da
Amália, que é o Timpanas, e no trecho há uma parte do fado que fala em bota
alta. E ele disse: olha, vai ser bota alta”, diz Paulo Ribeiro, dono de
restaurante.
E, às vezes, a história de um
restaurante é triste como um fado. Nessa crise, o Vírgula não resistiu. Fechou
as portas e virou ponto final. Mas felizmente, outros conseguiram superar
tempos ainda mais difíceis. É o caso do Faz Frio, uma casa antiga até no nome.
“Tem pessoas que vêm aqui que
têm 80 anos e já vinham aqui com os avós deles”, diz Mário Gouveia, gerente de
restaurante.
E foram esses antigos clientes
que batizaram o restaurante. Há mais ou menos 70 anos, estas salas reservadas
eram usadas para conspirar contra o ditador Salazar.
Os dissidentes tinham que sair
correndo se a polícia chegasse. Por isso a porta dos fundos ficava aberta. O
vento gelado que entrava deu o nome ao lugar.
Mas os bons ventos da
democracia trouxeram prosperidade. A casa ganhou um sistema de aquecimento e
não perdeu a identidade.
Se alguns nomes são
históricos, outros brotam da esperança de que o freguês Vá e Volte.
![]() |
Vá e Volte |
Nessa mistura de temperos e histórias, o resultado quase sempre é muito saboroso. Mas às vezes a receita desanda. Por exemplo, você aceitaria um convite para almoçar na Cova Funda?
Ou no Tripa-Forra. Estranho à
primeira vista. Arriscado quando descobrimos o que quer dizer. Um risco
principalmente para o dono.
“Comer demais, comer com
abundância, comer e não olhar a conta, comer e não vamos pagar, por aí”, diz
Fernando Martins, dono de restaurante.
Chegamos ao Tromba Rija e
encontramos um porquinho. O nome lembra um outro animal bem maior, o elefante.
“Pois é, mas ainda não se come elefante em Portugal”, diz Fernando Real, dono
de restaurante.
Em Portugal, focinho de porco
também é chamado de tromba, a Tromba Dura. E se alguém não gostar da
brincadeira e quiser procurar uma delegacia, vai descobrir que o Polícia também
é um restaurante. O guarda de bigodes vai, no máximo, servir um bacalhau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-