sábado, 3 de dezembro de 2011

Restaurantes de Portugal criam nomes curiosos para atrair clientes

Escolher o restaurante onde vai almoçar pelo nome seria uma decisão no mínimo curiosa em Portugal.

Como você costuma escolher o restaurante onde vai almoçar? Pelo cardápio? Pela fachada? Ou pelo preço? E que tal pelo nome do estabelecimento?

Em Portugal, esta seria uma decisão no mínimo curiosa, como mostram de Lisboa, os correspondentes Pedro Bassan e Wanderley Serbonchini.

Alguém já disse que os nomes de restaurante em Portugal são mesmo muito estranhos. Faz Figura, Farta Brutos, Bota Alta. De onde é que eles tiram tantas idéias? O Paulo diz que a história da bota foi o tio dele quem inventou.

“Tava escutando um fado da Amália, que é o Timpanas, e no trecho há uma parte do fado que fala em bota alta. E ele disse: olha, vai ser bota alta”, diz Paulo Ribeiro, dono de restaurante.

E, às vezes, a história de um restaurante é triste como um fado. Nessa crise, o Vírgula não resistiu. Fechou as portas e virou ponto final. Mas felizmente, outros conseguiram superar tempos ainda mais difíceis. É o caso do Faz Frio, uma casa antiga até no nome.

“Tem pessoas que vêm aqui que têm 80 anos e já vinham aqui com os avós deles”, diz Mário Gouveia, gerente de restaurante.

E foram esses antigos clientes que batizaram o restaurante. Há mais ou menos 70 anos, estas salas reservadas eram usadas para conspirar contra o ditador Salazar.

Os dissidentes tinham que sair correndo se a polícia chegasse. Por isso a porta dos fundos ficava aberta. O vento gelado que entrava deu o nome ao lugar.

Mas os bons ventos da democracia trouxeram prosperidade. A casa ganhou um sistema de aquecimento e não perdeu a identidade.

Se alguns nomes são históricos, outros brotam da esperança de que o freguês Vá e Volte.

Vá e Volte
“Eles vêm uma vez e pensam ah, vamos lá no restaurante Vá e Volte. E eles voltam. Se não for hoje, amanhã eles voltam”, diz Amílcar Batista, dono de restaurante.

Nessa mistura de temperos e histórias, o resultado quase sempre é muito saboroso. Mas às vezes a receita desanda. Por exemplo, você aceitaria um convite para almoçar na Cova Funda?

Ou no Tripa-Forra. Estranho à primeira vista. Arriscado quando descobrimos o que quer dizer. Um risco principalmente para o dono.

“Comer demais, comer com abundância, comer e não olhar a conta, comer e não vamos pagar, por aí”, diz Fernando Martins, dono de restaurante.

Chegamos ao Tromba Rija e encontramos um porquinho. O nome lembra um outro animal bem maior, o elefante. “Pois é, mas ainda não se come elefante em Portugal”, diz Fernando Real, dono de restaurante.

Em Portugal, focinho de porco também é chamado de tromba, a Tromba Dura. E se alguém não gostar da brincadeira e quiser procurar uma delegacia, vai descobrir que o Polícia também é um restaurante. O guarda de bigodes vai, no máximo, servir um bacalhau.
Jornal “Hoje”, rede Globo, 14-04-2009


No Porto, na Rua do Almada, existe o "Le Chien Qui Fume". Passava em frente todos os dias nos anos de 65 a 67... e sempre achava muito interessante. Foi naturalmente o primeiro nome, traduzido, que surgiu para o blogue!

Foto: Eudora Porto

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