No início de 2012 o Parlamento, apoiado pelo Presidente da República, tomou uma decisão insólita: indigitar para formar Governo o líder da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, colocando como Vice-Primeiro-Ministro o dirigente da UGT, João Proença. Entretanto Pedro Passos Coelho e Paulo Portas eram nomeados secretários-gerais das duas centrais sindicais.
![]() |
Manuel Carvalho da Silva, foto: José Goulão, outubro de 2007 |
Carvalho da Silva começou por
denunciar essa proposta como um golpe do capital para o denegrir mas,
pressionado pelos camaradas, viu-se obrigado a aceitar. Logo que entrou em
funções começou a desmantelar a «política de empobrecimento» de que acusava o
antecessor, eliminando os cortes de salários, melhorando as regalias dos
trabalhadores e promovendo o investimento público.
As consequências não se
fizeram esperar. A troika rompeu as negociações e os mercados internacionais
fecharam-se. Os bancos ameaçavam falência e era cada vez mais provável a
renegociação da dívida e a saída do euro, que aliás o Primeiro-ministro
apoiava. A fuga de capitais e a emigração dispararam e a economia caiu na maior
recessão da sua história. As coisas só se começaram a recompor quando o
ministro das Finanças, Francisco Louçã, fez um discurso que ficou célebre,
afirmando que a austeridade era democrática e a revolução exigia sacrifícios aos
trabalhadores.
Então o Governo decretou o
despedimento de 300 mil funcionários públicos e o corte geral de 40% todos os
salários. Essas medidas foram denunciadas violentamente pelos líderes
sindicais, Passos Coelho e Portas, como «política de empobrecimento».
Título e Texto: João César das
Neves, Destak, 15-12-2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-