É… Governar São Paulo não é
bolinho, né? Por aqui, maconheiros saem às ruas, em claro desafio à lei — é
mentira que estivessem apenas se manifestando… —, fazem a apologia das drogas,
são levemente reprimidos pela Polícia, e o caso vira um escândalo, ganha uma
visibilidade imensa, as TVs deitam e rolam… A chamada “invasão da USP” —
“invasores” eram os que ocupavam ilegalmente a Reitoria — rendeu tratados sobre
a autonomia universitária, confundida com a soberania de alguns grupelhos que
decidiram seqüestrá-la. A retomada da área conhecida como cracolândia mobilizou
apologistas das drogas, esquerdistas, libertários os mais variados… A
Secretaria Nacional de Direitos Humanos transformou-se em QG de resistência à
ação…
Por que isso tudo?
Vi há pouco no Jornal Nacional
que a Polícia Militar de Pernambuco reprimiu com energia — bala de borracha,
bombas de gás, bombas de efeito moral, uns cassetetes — uma manifestação contra
o reajuste da passagem de ônibus em Recife.
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Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem/Folhapress |
Huuummm…
Eduardo Campos, do PSB,
governa Pernambuco em parceria com o PT, que está na Prefeitura de Recife. A PM
pernambucana age como a piauiense, também gerida pela parceria PSB-PT, que
também desceu o sarrafo na estudantada e pelo mesmo motivo. Hudson Christh
Silva Teixeira, estudante de filosofia da UFPI (Universidade Federal do Piauí),
ficou cego de um olho em razão de um estilhaço que o teria atingido, depois da
explosão de uma bomba de efeito moral (aquelas que fazem barulho). Ninguém
meteu o microfone na cara do governador Wilson Martins para que se explicasse.
O governador Geraldo Alckmin
foi bombardeado pelos repórteres companheiros, embora ninguém tenha se
machucado nem na USP nem na cracolândia. No Espírito Santo, governado por
Renato Casagrande, igualmente do PSB em parceria com o PT, a PM enfrentou
protestos idênticos e do mesmo modo.
ATENÇÃO!
Segundo andei lendo, os grupos
contrários à elevação das tarifas estão recorrendo à violência. No caso do
Piauí, ela é admitida pelos próprios promotores dos protestos. Não tenho
elementos para avaliar se a polícia dos “companheiros socialista-petistas”
exagerou ou não. O que sei é que não endosso atos violentos — tampouco uma
polícia destrambelhada.
O meu ponto
O meu ponto é outro. Por que
esses eventos interessam tão pouco às TVs. Por que interessam tão pouco aos
jornais? Por que não costumam despertar nem a atenção da imprensa local?
Imaginem… Um estudante que tivesse ficado cego de um olho no confronto com a PM
de São Paulo, ainda que num acidente infeliz, levaria grupos de direitos
humanos a denunciar o governo a entidades internacionais de direitos humanos.
Maria do Rosário, a pressurosa, enviaria um representante do seu ministério
para o estado.
Como se trata do governo dos
companheiros, aí a imprensa trata o assunto com discrição, as tais entidades se
calam (PORQUE QUASE TODAS SÃO FINANCIADAS PELO “PARTIDO”), e é como se nada
tivesse acontecido.
Este não é um texto para
denunciar a “violência policial” dos companheiros, não. Não sou irresponsável
como os esquerdopatas. Antes de uma criteriosa avaliação, não julgo. Este é um
texto para denunciar um esquema mental que faz inocentes e culpados segundo o
partido a que pertencem, não segundo aquilo que fizeram ou deixaram de fazer.
As televisões e os jornais em
particular têm de se perguntar por que uma “desinvasão” pacífica como a da USP,
que não feriu uma só pessoa, seria mais importante do que um confronto que
deixa um estudante cego de um olho; têm de se perguntar por que a ação
destemperada de um único policial na universidade contra um invasor, que
desrespeita a lei, merece uma reportagem em tom grave, que mobiliza até a OAB,
e a pancadaria em três estados “companheiros” ganha um leve registro.
“E você, Reinaldo, também não
varia seu juízo segundo o partido?” Eu não! Alguém me viu aqui condenar a PM
desses três estados? Eu sou contra a violência de manifestantes e a violência
policial em São Paulo, Pernambuco, Piauí, Espírito Santo…
E considero a indignação
seletiva de parte da imprensa uma espécie de violência jornalística.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 21-01-2012
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