João Bosco Leal
Conversando com um amigo sobre
relacionamentos ouvi uma frase que me chamou bastante a atenção: “Com minha
idade e as experiências pelas quais já passei, não estou mais disposto a fazer
concessões em um novo relacionamento”.
Lembrei-me imediatamente de um
texto que escrevi tempos atrás, comparando os relacionamentos a dois tipos de
jogos: o vôlei e o frescobol.
No jogo de vôlei, nossa
intenção é jogar a bola de maneira mais rápida possível em direção ao piso da
quadra adversária e o mais longe possível do outro jogador para que ele não
consiga rebatê-la, deixando que a mesma bata no chão e ganhemos um ou dois
pontos toda vez que isso ocorre.
No frescobol, como intenção é
a de jogar o maior tempo possível, com diversão e prazeres para ambos, jogamos
a bola de maneira mais lenta e próxima possível daquele que conosco está
jogando, para que ele tenha bastante facilidade de rebater a bola devolvendo-a
e o jogo continue, pois se a mesma cair no chão o jogo acaba.
Apesar de algumas semelhanças,
como as de serem jogados com raquetes e por duas pessoas, no vôlei medimos
força, enquanto no frescobol somos parceiros.
Os relacionamentos são como
esses jogos, pois podemos participar deles com atitudes e palavras carinhosas,
de amizade, companheirismo, cumplicidade e estímulo, buscando a manutenção e
continuidade do mesmo, ou tratando seu parceiro com ações e comentários
ásperos, de modo a se tornar o vencedor de algo que não deveria sequer ter
disputas, mas parcerias.
Quando uma pessoa pretende se
relacionar afetivamente com outra, tornado-se seu amigo, namorado ou esposo e
de início já impõe a condição de não fazer nenhum tipo de concessão, certamente
não está disposta a prolongar o mesmo e sequer deveria iniciá-lo, pois não
existe relacionamento sem concessões ou que sobreviva a uma política de estilo
comercial, de negociações, condicionando suas atitudes a outras de sua
parceira.
Não existem duas pessoas
idênticas que pensem e ajam exatamente da mesma maneira, que gostem das mesmas
coisas, alimentos, ambientes, climas, nos mesmos horários e com a mesma
frequência. Elas foram criadas em locais e por pessoas diferentes, estudaram,
se formaram, trabalham, possuem projetos de vida e se vestem de modo totalmente
distintos.
É de se esperar, portanto, que
pensem, desejem coisas e busquem objetivos distintos, o que tornaria sua
convivência impossível sem concessões mútuas que faça aproximar suas maneiras
de pensar, seus desejos e ambições.
Só com a maturidade percebemos
que as concessões precisam ser uma constante, que sem elas nada permanece, mas
com elas a amizade cresce e se aprofunda, surge o companheirismo e a
cumplicidade nos relacionamentos entre pais e filhos, de amizades, afetivos ou
comerciais.
E aprendemos também o valor
das doações nos relacionamentos, pois só dando carinho, amizade, amor e
dedicação, conseguimos ajudar na construção da felicidade dos que estão do
nosso lado que, felizes, também buscarão promover a nossa felicidade.
Sem a intenção de fazer concessões e doações, não devemos sequer
iniciar um relacionamento, pois o mesmo certamente fracassará.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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