Rodrigo Constantino
Fui ver o filme novo do Batman
ontem. Gostei muito. Não só pelos efeitos especiais, mas pela mensagem. Sim,
não foge àquele padrão americanófilo maniqueísta, de luta entre o bem e o mal.
Sim, há algo de pulsão de morte nessa mania de destruir NY (Gothan é claramente
NY) nas telas dos cinemas. Sim, há a visão redentora de que sempre se derrota
as forças malignas no final.
Mas não é só isso. Batman é um
símbolo da boa luta, uma idéia que persiste, apesar dos pesares, do niilismo
que se espalha, do medo que o terrorismo produz nas pessoas, da angústia da
falta de sentido no mundo e no mal. O Batman usa máscara pois não é um
indivíduo, um messias salvador, e sim esta crença de que vale a pena fazer a
coisa certa, resistir e lutar, ainda que a luta nunca tenha fim, uma vitória
definitiva.
O Batman pode ser um garoto
que compra briga com vândalos que espancavam um mendigo desconhecido na rua.
Pode ser um homem que se joga nos trilhos de um trem para salvar uma estranha.
O Batman é aquele que aceita o fardo de sacrificar alguns prazeres hedonistas
se for por uma causa nobre. Batman tem senso de dever cívico. Sim, ele é a
esperança. Resta saber quem consegue viver sem ela...
Bane, o novo vilão, é o mal em
pessoa, ou seja, a completa ausência de empatia pelo próximo. Quando o caos
anárquico se instala em Gothan City, a turba dá vazão a seus instintos mais
destrutivos. A pilhagem começa, mostrando o perigo da crença na luta de
classes, que jamais serve para construir algo bom, e sim para destruir o que
existe. Os tribunais do povo são instaurados, como no Terror de Robespierre,
com sentenças sumárias decididas pelo novo ditador. Sem o império da lei, a
ordem dá lugar à tirania.
Como um dos heróis diz no
filme, não adianta esperar ajuda de fora. É de dentro da cidade que terá de vir
a força para resistir e virar o jogo. E não é sempre assim? Aqueles que esperam
uma salvação exógena estão fadados ao fracasso. Os americanos conseguiram
reconstruir sua cidade, retomar suas vidas, ainda que a “terra da liberdade”
esteja com menos liberdade atualmente. Os fundamentalistas islâmicos, os
comunistas, os nazistas, os niilistas, todos os antiamericanos continuam com
suas metas patológicas de transformar NY em cinzas, mas a cidade resiste.
Há quem veja nas gigantescas
torres arquitetônicas o símbolo da arrogância, da húbris americana, um convite
ao ataque terrorista. Balela. É como culpar o rico em sua Ferrari pelo assalto
que sofre. O sucesso, nos Estados Unidos, sempre foi admirado, em parte porque
era fruto da meritocracia, de um modelo de livre concorrência onde um
“self-made man” podia ir longe apenas com seu talento e esforço. Isso está
mudando, mas não por culpa do sucesso, e sim dos invejosos igualitários, que
enxergam no sucesso alheio um alvo a ser destruído.
Parte da explicação é que o modelo deixou de ser livre, e cada vez mais se parece com o capitalismo de compadres do resto do mundo, onde as conexões com o governo valem mais que o mérito pessoal. A saída não é acusar as torres, o sucesso, a riqueza, e sim apontar as falhas do novo modelo e resgatar o antigo. De nada adiantará culpar NY pelo terrorismo de que é alvo. A culpa é dos que não toleram o sucesso e a liberdade dos outros.
Infelizmente, estes sempre
existirão, alienados e preparados para colocar em ações suas forças
destrutivas. E por isso NY vai sempre precisar de Batman. Não um super-herói
que, como um messias salvador, derrota sozinho as forças do mal. E sim como a
idéia que persiste, não em todos, claro, ou nem mesmo na maioria; mas em
alguns, em uma minoria que aceita o fardo, que abraça a luta porque é a coisa
certa a fazer, ainda que isso possa significar enorme sacrifício pessoal. Estes
fazem a diferença. Estes mantêm a chama da liberdade acesa.
Como disse Virgílio em Eneida: Tu ne cede malis sed contra audentior ito (não ceda ao mal, mas
lute mais bravamente contra ele).
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, 2-8-2012
Destaque: JP
Destaque: JP
Disse tudo, Rodrigo. Taí uma resposta perfeita á escória dos anti-americanos, dentro e fora da Améric. Belissimo.
ResponderExcluir