De João Ricardo Pedro.
“Tudo começa com um homem
saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos
quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí.
Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que
o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido.
Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha
de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de
bicicleta todo nu.
Através de episódios
aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história
de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política,
pela guerra colonial.
Duarte, cuja infância se
desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias
- muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de
trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista
precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as
esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela
própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?
Esta é uma obra fascinante com
uma estrutura exemplar, que valeu ao autor o Prémio Leya em 2011.”
Para começar, tenho para mim
que este (o prêmio Leya) é mais um daqueles prêmios que a corporação, vaidosa
como as outras, se outorga. Sim, como aqueles filmes ou documentários que
ganham prêmios em “festivais” que ninguém vai, a não ser os mesmos, quer dizer,
os amigos do Príncipe. A plebe só é representada pelos servis repórteres que
lhes fazem sempre as mesmas perguntas de
sempre, e os amigos do Príncipe respondem sempre as mesmas coisas de sempre: ‘é
uma obra admirável’, ‘orgulho da nossa nação’, ‘símbolo da nacionalidade’, ‘um
marco na (e da, para eles tantos faz) cultura nacional’, etc. Isso quando não
acrescentam a falação política ou ideológica, tipo “a ‘cultura’ (sempre ela)
exige o apoio do Estado”, ou “esta é uma obra (pode ser qualquer eme) que
retrata e muscula a verdadeira arte
popular”, etc…
Pois bem, se este livro ganhou
o Prêmio Leya, parabéns, sinceros, ao autor. Até porque pressinto que ele não o
escreveu para “pares”…
Eu também gostaria muito que “O cão que fuma” ganhasse um prêmio pelo pouco que escrevinho no blogue e pelo
muito que outros colaboradores escrevem. Mesmo que poucos gostem. Exatamente
como eu em relação ao livro referido: não gostei.
Escatológico e repetitivo.
Palavrões em excesso, descrições desnecessárias, como a da lista de compras de
supermercado (páginas 129 e 130);
na página 131: “Abaixo da linha de água: o
silêncio. Às vezes um pulsar. O coração. Depois, de novo o silêncio. Silêncio. Silêncio.
Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio.
Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio.” (Sim, quatorze vezes);
nas páginas 67
e 68:
“O tenente-coronel António de
Spínola olhou o furriel António Mendes (…) e perguntou-lhe de onde era.”
“O furriel António Mendes
disse-lhe o nome da aldeia…”
“O tenente-coronel António de
Spínola perguntou-lhe…”
“O furriel António Mendes
respondeu-lhe...”
E segue assim até à página
seguinte somando 8 “O furriel” e 7 “O tenente-coronel”;
o autor repete a “técnica”
na página 185 e seguintes com 10 “O inspetor Artur Monteiro” e 13 “O soldado
Monteiro”.
Tem uma parte em que o autor relata o convite que o personagem central (Duarte) convida o amigo (muito bom em desenho) para que este lhe fizesse um retrato enquanto tocava piano. Mas o amigo prefere se masturbar, ou bater uma punheta (como prefere o autor), ouvindo, sei lá qual, uma sonata de Beethoven... Gente, pode parar!
Para finalizar, não entendi a conclusão, quer dizer, quem era ou quem foi quem ou o quê. Burro, eu, sô!
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