Nuno Branco
O Estado do país, é sabido,
vai de mal a pior e o estado de alma dos portugueses teve uma grande viragem
com as medidas anunciadas por Passos Coelho na última sexta que foram ampliadas
ontem com a intervenção do Ministro das Finanças. Desde o anúncio do Primeiro-
Ministro a ferramenta que mais tenho usado para acompanhar o espirito dos
portugueses tem sido mesmo o facebook, consigo ter acesso ao que pensam os
amigos, os amigos dos amigos, os colegas, os conhecidos e até aqueles que longe
do meu circulo se dedicam a escrever nas páginas públicas dos actuais membros
do governo e o sentimento, genericamente falando, vai de mal a pior.
Usando a tal rede social tenho
visto um pouco de tudo, desde o insulto ligeiro (que até será merecido vista a
forma como os governantes nos insultam a inteligência todos os dias) aos apelos
à violência passando por ameaças veladas de revolução ou até o simples
activismo de sofá com frases como “Portugal está de luto”… o que tem a sua
verdade. Pelo menos o sonho socialista morreu.
E o meu próprio estado de
alma? É um misto de tristeza com um de justiça cumprida, afinal de contas o
país não tem nada mais do que aquilo que merece.
Eu vejo os protestos contra a
TSU mas vejo muito poucos a queixar-se que ela subiu para 36%. Só vejo
choramingas a queixarem-se da repartição mais igual que há agora entre
empregado e empregador e eu, meus amigos, tenho pouca paciência para isto. Eu
não vi esta gente preocupada com a TSU quando “o grande capital” andava a pagar
23,75% de TSU do bolso deles asfixiando as empresas que lutaram para construir
para encher os bolsos do Estado. Mais, vi alguns destes que agora reclamam os
18% de descontos a pedir (com sucesso) uma taxa especial para os ricos que a
classe política teve o mau gosto de chamar “taxa de solidariedade”. Temos um
país que, a pedido dos portugueses, tem uma taxa de IRS de 46%… e os meninos
queixam-se de uma TSU de 18% ? Cry me a river. Diz o povo que
“ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão” e por esse prisma a pena de
PPC deve ser mais leve do que muitos julgam.
Estamos a falar de um país que
elegeu o penultimo Primeiro-Ministro com base num programa de governo que
prometia o TGV entre outras loucuras financeiras. Isto não é brincadeira nem é
passado longinquo. Isto aconteceu em Portugal apenas há 3 anos. Um país
completamente alheado da realidade que o rodeava e por vontade própria, estas
coisas não aconteceram sozinhas nem sem aviso prévio.
Não há espelhos em casa dos portugueses? Mas nessa altura quem pagava a conta
eram os ricos, portanto estava tudo bem. Passam a vida a gritar contra “o grande
capital” e agora admiram-se que não há capital para investir no país? Que as
empresas fecham em vez de abrir? E querem resolver isso como? Com uma manif anti-troika? Mas anda tudo bêbado? Acham que sem a troika o dinheiro cai do
céu?
Anda um clueless na televisão a dizer que estas medidas são a favor do capital (que vai
levar com outros impostos e vai perder clientes) sem a mínima noção do que está
a dizer e há um português que se lembra de abrir uma página de apoio para elevar este ódio às empresas, de que o país precisa como
de pão para a boca, a Primeiro Ministro? Estamos a falar da mesma pessoa que praticamente gozava o Medina Carreira quando este o avisava que o país estava falido. Perdeu tudo a
cabeça?
Não, eu não consigo ter pena
pena de Portugal. Fico triste por ver estes episódios mas pena não consigo ter.
Um dia perguntaram a Francisco D’Anconia o que aconteceria ao mundo se
continuasse na mesma trajectória de sempre e ele respondeu “Nada mais nem nada
menos do que aquilo que o mundo merece”. E é esse o meu estado de alma, fiquem
com o vosso que este país não tem emenda.
Título e Texto: Nuno Branco, O Insurgente,
13-9-2012
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