Francisco Vianna
O Presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, tem estado de muito mau humor ultimamente, provavelmente ao sentir
que suas possibilidades de ser novamente reeleito parecem minguar
inexoravelmente. Então o irado caudilho resolveu engrossar de vez e adotou uma
linguagem mais violenta para meter medo no povo e parece disposto a ser eleito
na marra, mostrando que falta pouco para eliminar os últimos resquícios de
democracia no seu país. A tática do medo substitui a fracassada tática de
despertar simpatia e até piedade por parte do eleitor em função de sua doença.
Sua campanha, cujo lema é “coração venezuelano”, deixou de vender a imagem
petista de “Chávez paz e amor” e, em discursos de uma ira mal contida, ameaça
agora o eleitor venezuelano com uma guerra civil que ele tem como certa caso
perca as eleições de 7 de outubro próximo para seu concorrente Henrique
Capriles.
Os venezuelanos estão
embasbacados com tamanha irresponsabilidade por parte de um presidente que diz
uma coisa de tal teor que vai contra todos aqueles que acreditam ainda que
vivem numa democracia. Imagine o eleitor votando com um revólver apontado para
a sua cabeça pela mão de um homem que lhe diz: “vote como achar que deve, mas
se não votar no presidente, poderá nunca mais votar”... Modus in rebus, a
situação é equivalente.
Muitos devem estar
perguntando: “Mas, o que é isso? Como um presidente que é o comandante em chefe
das forças armadas do país e de outras milícias que mal intencionadamente
organizou, vem a público “garantir” que haverá guerra civil se ele não for
eleito?” “Como poderá haver ‘eleições livres e limpas’ no país sob tamanha
ameaça?”
O absurdo de tal declaração
faz supor tratar-se de um gesto demente gerado pelo desespero, não apenas da
doença que o consome, mas das inúmeras pesquisas de intenção de voto que
mostram Capriles com uma vantagem que provavelmente se ampliará até a eleição,
a não ser que a ‘tática do medo’ – terrorismo de governo – dê certo. Um juiz da
Corte Suprema de Justiça chegou a dizer que talvez seja necessário manter o
presidente numa ‘camisa de força’ e internado em uma instituição psiquiátrica.
Num momento de “semancol”, o
tiranete chegou a dizer pela TV, que havia sido “mal interpretado” pela mídia,
que é o seu saco de pancada predileto e desculpa para toda a sua incompetência
e descaminho governamental. Mas o mundo inteiro está exibindo as imagens do
aprendiz de ditador brandindo a ‘guerra civil’ como ameaça para intimidar o
eleitor.
A maneira rude e debochada com
que Chávez trata o seu concorrente ao Palácio Miraflores vem criando um
crescente mal-estar entre os venezuelanos, o que contrasta com a campanha
“coração venezuelano” que, no início, tentava mostrar o tenente-coronel como
uma pessoa amorosa, cristã, e preocupada com o bem-estar do povo. Como isso
sempre soou cínico e oportunista, o eleitor venezuelano parece não quere
engolir essa pílula dourada no populismo e na demagogia. O eleitor da Venezuela
está cansado das lorotas de Chávez e o país está em queda livre tanto política
como economicamente. Embora a curriola de Chávez já tenha gasto milhões na
campanha, de nada adiantou porque Capriles aparece à frente em diversas
enquetes.
Então o jeito foi tirar a
mascara de “bom moço” e partir para ignorância (sua especialidade) e apelar
para a ameaça e o medo para tentar ganhar a eleição “na marra”. Um ex-deputado
disse que, “para Chávez, o medo é um instrumento que ele usa em benefício
próprio e, em face da possibilidade real de seu adversário vencer a eleição, a
Venezuela agora teme um golpe continuísta caso Capriles seja o eleito”. E
conclui: “dessa maneira, as pessoas terão que arranjar coragem cívica para ir
votar e coragem de expor a vida para defender o resultado da eleição”. É esse o
medo que Chávez quer incutir nas pessoas, no seu povo empobrecido pelo “socialismo
do século XXI” e que tem uma tradição especificamente pacifista.
Tais ameaças são
particularmente preocupantes pelo enorme poder o mandatário acumula em suas
mãos, que não apenas é o chefe do poder militar, como também tem um controle
quase absoluto sobre o Legislativo e o Judiciário do país. Sem falar no
controle que exerce sobre as milícias paramilitares que ele mesmo organizou,
compostas de milhares de civis armados até os dentes que o obedecem diretamente
e não aos generais e almirantes das forças armadas regulares do país.
Título e Texto: Francisco Vianna, 13-9-2012
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