O Sr. Seguro

Luisa Castel-Branco

Toda a gente gostaria de ganhar o Euromilhões. Eu também. Mas tenho a certeza absoluta de que nunca ganharei pela simples razão de que não jogo. Não me considero uma pessimista, mas antes uma optimista esclarecida. E assim não acredito que me venha parar à mão uma única coisa pela qual eu não tenha que lutar e suar as estopinhas.

Felizmente há muitíssima gente que não concorda comigo. E ainda bem. Significa que mantêm a capacidade de sonhar, algo que neste momento é mais valioso do que qualquer outro bem, material ou não. Faltando-me o optimismo, sobra-me a irritação. Estou farta de ouvir falar tanta gente inteligente, com tantas opiniões sobre tudo. É fácil falar quando não se tem que actuar.

Como o Sr. Seguro, por exemplo, que se assemelha em tudo a uma virgem ofendida. Falsa virgem, claro, porque se estamos nesta situação indescritível o devemos ao seu partido e ele que se saiba não veio a terreiro no tempo do PS gritar que o rei ia nú. Virgem ou não, o que importa é o barulho de fundo. Se calhar se gritarmos todos ao mesmo tempo a realidade deixa de o ser. Muito eu gostaria de ver o governo português fazer o que a Finlândia fez e processar o antigo primeiro-ministro aos outros responsáveis pelo buraco em que estamos. Com os números bem certinhos e as provas todas à vista!

Título e Texto: Luisa Castel-Branco, Destak