Rita Faria
Medina Carreira diz que terá
de se bater "à porta da segurança social" para resolver o problema
das contas públicas. Cortar na saúde ou educação é uma fantasia.
Medina Carreira, foto: Pedro Elias/Negócios |
"O português da elite só
raciocina ao trimestre. Foi por isso que o país chegou onde chegou. O percurso
das finanças públicas era, há muito tempo, desastrado”, disse Medina Carreira,
no Fórum para a Competitividade. A crise portuguesa, acrescentou, “não tem nada
a ver com a crise internacional, só tem a ver connosco”.
O ex-ministro das Finanças acredita
que terá de se mexer nas despesas sociais para corrigir as contas públicas,
porque atingiram níveis de crescimento insustentável que não permitem manter o
Estado social.
“Pensar que se resolve alguma
coisa tirando dinheiro à educação e à saúde é uma fantasia. O sistema de
pensões em Portugal, desde 1980, tem tido uma progressão explosiva”, afirmou.
“Isto explica em grande parte o que aconteceu à despesa pública. As despesas
sociais acompanham o crescimento da despesa, há um paralelismo”.
Medina Carreira defende que
“não temos maneira de concertar as contas públicas sem mexer nas despesas
sociais”, porque “não há economia que possa suportar este ritmo de
crescimento”. “Vai ter que se bater à porta da Segurança Social para se
resolver o problema das contas públicas”, acrescentou.
“Durante os últimos anos, o
País foi sujeito a políticas orçamentais irresponsáveis e talvez ignorantes.
Este colapso era previsível e foi previsto”, admitiu o ex-ministro das
Finanças. “Em 30 anos, de 1980 para 2010, a economia cresceu uma média de 2% ao
ano, e as despesas cresceram 4%. Mais recentemente, porque a loucura nunca
passou, de 2000 a 2010, as prestações sociais cresceram 23 mil milhões. Ninguém
quis perceber que não podíamos endividar-nos ilimitadamente. Em 2013, com 37%
de carga fiscal não é possível sustentar um Estado social desta dimensão”.
De acordo com Medina Carreira,
“haveria uma solução para o país se tivéssemos economia”. “O único agregado de
despesas com dimensão para se lhe mexer é o social. Estes 4 mil milhões vão
significar a penetração no social, e não sei que resultado vai ter”.
“Qualquer pessoa terá de o
fazer, é melhor avisarem o líder do PS”, concluiu.
Título e Texto: Rita Faria, Jornal de Negócios, 15-11-2012
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