terça-feira, 13 de maio de 2014

As próximas eleições europeias

Luís Naves

Nas eleições para o Parlamento Europeu há dois votos diferentes: um será contra a permanência de Portugal na zona euro, o outro a favor do cumprimento do Tratado Orçamental. Embora a política pareça uma competição de frases bombásticas, neste caso está em causa apenas a relação que Portugal vai ter com a Europa.

As forças da esquerda parlamentar (PCP e Bloco) e a generalidade dos partidos alternativos defendem renegociação da dívida, fim da austeridade, uma outra Europa, o reforço do Estado social e até o abandono do euro, à mistura com as mais variadas teses populistas e anti-capitalistas. Tudo isto vai dar ao mesmo resultado: a prazo, Portugal teria de sair da zona euro e talvez da própria união. Estamos a falar de um País isolado, fora das parcerias que lhe trouxeram alguma prosperidade e estabilidade.

O outro voto é o do chamado ‘arco da governação’, expressão detestável que uso à falta de melhor. Embora haja na imprensa oficial opiniões que colocam Portugal na órbita de Marte (não leio nos jornais espanhóis insultos destes à inteligência dos leitores), o facto é que não se vislumbra uma mudança europeia que nos permita regressar ao passado. Os países do norte não estão dispostos a pagar as nossas dívidas e sair da zona euro seria um retrocesso, com alto risco de falências em massa.

Assim, no que respeita ao futuro europeu de Portugal, o voto no PS ou na aliança PSD/CDS implica a aceitação do cumprimento do Tratado Orçamental que obriga os Estados membros da zona euro a um rigor permanente nas contas públicas e à redução das suas dívidas. Estes candidatos prometem cumprir o tratado o que, nas actuais circunstâncias, significa manter o rumo de consolidação orçamental, acabar as reformas estruturais, obter saldos primários positivos da ordem de 3% do PIB, conseguir crescimento económico, manter a trajectória de redução da dívida e fazer cortes adicionais na despesa (talvez mais de 5 mil milhões de euros).

Se tirarmos a espuma, esta é a realidade. À nossa frente, estão anos de rigor e sacrifícios, que só podemos superar se tivermos bom senso. A grande questão a que o eleitorado terá de responder é qual dos dois (PS ou Governo) estará em melhor condição para concluir este desafio.
Título e Texto: Luís Naves, Fragmentário, 13-05-2014

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