Nas eleições para o Parlamento
Europeu há dois votos diferentes: um será contra a permanência de Portugal na
zona euro, o outro a favor do cumprimento do Tratado Orçamental. Embora a
política pareça uma competição de frases bombásticas, neste caso está em causa
apenas a relação que Portugal vai ter com a Europa.
As forças da esquerda
parlamentar (PCP e Bloco) e a generalidade dos partidos alternativos defendem
renegociação da dívida, fim da austeridade, uma outra Europa, o reforço do
Estado social e até o abandono do euro, à mistura com as mais variadas teses
populistas e anti-capitalistas. Tudo isto vai dar ao mesmo resultado: a prazo,
Portugal teria de sair da zona euro e talvez da própria união. Estamos a falar
de um País isolado, fora das parcerias que lhe trouxeram alguma prosperidade e
estabilidade.
O outro voto é o do chamado
‘arco da governação’, expressão detestável que uso à falta de melhor. Embora
haja na imprensa oficial opiniões
que colocam Portugal na órbita de Marte (não leio nos jornais espanhóis
insultos destes à inteligência dos leitores), o facto é que não se vislumbra
uma mudança europeia que nos permita regressar ao passado. Os países do norte
não estão dispostos a pagar as nossas dívidas e sair da zona euro seria um
retrocesso, com alto risco de falências em massa.
Assim, no que respeita ao
futuro europeu de Portugal, o voto no PS ou na aliança PSD/CDS implica a
aceitação do cumprimento do Tratado Orçamental que obriga os Estados membros da
zona euro a um rigor permanente nas contas públicas e à redução das suas
dívidas. Estes candidatos prometem cumprir o tratado o que, nas actuais
circunstâncias, significa manter o rumo de consolidação orçamental, acabar as
reformas estruturais, obter saldos primários positivos da ordem de 3% do PIB, conseguir
crescimento económico, manter a trajectória de redução da dívida e fazer cortes
adicionais na despesa (talvez mais de 5 mil milhões de euros).
Se tirarmos a espuma, esta é a
realidade. À nossa frente, estão anos de rigor e sacrifícios, que só podemos
superar se tivermos bom senso. A grande questão a que o eleitorado terá de
responder é qual dos dois (PS ou Governo) estará em melhor condição para
concluir este desafio.
Título e Texto: Luís Naves, Fragmentário, 13-05-2014
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