quinta-feira, 10 de julho de 2014

Afinal, como explicar o ‘apagão’ da seleção brasileira?...

Valdemar Habitzreuter


Todos se dizem perplexos com o que aconteceu com a seleção brasileira.
Ninguém até agora deu uma explicação conclusiva. Nem eu quero ter esta pretensão. A maioria culpa a comissão técnica, principalmente o Felipão, que inclusive chamou a si toda a responsabilidade pela catástrofe.

Eu também acho que a responsabilidade maior foi dele. Por quê? Pelo fato de que não foi ele propriamente quem deu as instruções mais importantes aos seus ‘filhos queridos’ (a comportada família Scolari), mas permitiu que uma psicóloga fizesse a cabeça desses ‘filhinhos ansiosos’, alertando-os de que nos seus subconscientes dormem os seus adversários mais poderosos (não eram os alemães): seus medos, que devem ser levados em conta quando despertarem do subconsciente.

Dito e feito, eles despertaram. E o que fazer? A nossa psicóloga - como aplicada discípula de Freud - teria aconselhado aos pupilos que o medo se mede numa escala de intensidade e pode deixar a pessoa inerte e derrotada; a pessoa se deixa levar num crescendo de ineficiência.
Assim, o indivíduo incorpora seis fases comportamentais: prudência, cautela, alarme, ansiedade, pânico, terror e derrota (simbolizando os 7 gols?)

Pois bem, o início do jogo foi normal. Duas equipes equilibradas. Mas o primeiro gol sofrido pelos brasileiros foi o sinal para que os jogadores aplicassem os ensinamentos da psicóloga. Prudência em primeiro lugar. Em seguida veio o segundo gol. Mais cautela, então. O terceiro gol deu o alarme de que algo de grave estava acontecendo. No quarto gol disparou a ansiedade de reverter esta situação, mas em vão.

Apareceu o pânico com o quinto gol. No sexto gol, o terror se apresentou de forma dominante, e o sétimo foi a pá de cal, simbolizando a derrota.

Mas, por que não chamaram a doutora psicóloga para outras instruções relevantes da psicologia freudiana no decorrer do jogo? Como, por exemplo, reprimir o inconsciente para que durante um jogo de Copa do mundo o medo não despertasse? Pois é, falha do Felipão que não cadastrou a doutora junto à FIFA para integrar a comissão técnica.

Felipão estava tão perplexo como todo mundo. Não sabia o que estava acontecendo dentro de campo com seus ‘filhinhos’. Seus berros para que a equipe reagisse deixavam os jogadores ainda mais em pânico com a técnica relâmpago (Blitzkrieg) alemã com seus tiros certeiros e mortais na esquadra brasileira. Lamentável. Felipão quis conquistar o hexa com psicologia.

E do lado dos alemães? Também alguma teoria psicológica aplicada? Nem pensar. Os alemães detestam teorias psicológicas. Dizem que a psicologia é para indivíduos problemáticos, confusos e desequilibrados, e assim mesmo os deixa mais confusos ainda. Os problemas a serem resolvidos se fazem com filosofia. Mas filosofia específica. Isto é, se propuseram a aplicar a filosofia do filósofo alemão Martin Heidegger sobre a técnica.

Vejamos o que é esta técnica. Ter uma técnica é saber como produzir algo eficientemente. Isto é, tornar algo acessível e disponível que se esconde por trás do trabalho e treinamento sério - torná-lo presente e usufruir este algo para um objetivo.

A técnica em si é uma energia oculta armazenada e transformada em reforço para construir coisas concretas. Por exemplo, um gol. A técnica, portanto, é um gerenciamento de meios para a consecução de seus fins.

Está embutida na técnica uma causa eficiente na produção de efeitos. Assim, esta causa caracteriza-se pelo comprometimento, deve haver uma espécie de compromisso na produção de algo. Mais uma vez, um gol, por exemplo. Outrossim, oculta-se por detrás da técnica uma causa final que também é um compromisso do para quê serve este algo. Que é justamente, numa partida de futebol, a vitória.

Mas, podereis questionar: os jogadores brasileiros são os azes da técnica artística, jogam o futebol arte. Concordo. Mas foi uma técnica não eficiente nesta Copa. Os jogadores brasileiros jogam para si. São exibicionistas. Fazem malabarismos com a bola. E nesta Copa não lhes foi passado uma técnica tática eficiente que resultasse em gol.

Técnica sem finalidade é capenga. Deve haver um compromisso para resultados concretos. O futebol arte dos brasileiros já era. O que vale é o futebol tático aliado a uma técnica eficiente e suficiente para fazer gols.

Felipão confiou mais na psicologia da Dra. Regina Brandão enquanto os alemães se revestiram da pesada e intrincada filosofia de Martin Heidegger, mas que trouxe resultados positivos para eles, e resultando num grande vexame para os brasileiros que quiseram suplantar a filosofia de trabalho técnico sério dos alemães com a psicologia claudicante do inconsciente.
(Perdoem-me os heideggerianos de carteirinha por eventuais atos falhos sobre o tema da techné. Podem dar suas contribuições.)
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 10-07-2014

3 comentários:

  1. O governo federal, diversos governos estaduais e as empresas privadas que lucraram com a Copa sacrificaram tudo para atender ao "padrão Fifa": segurança, saúde, educação, transportes; tudo ficou relegado a segundo plano para atender ás exigências da entidade comandada por Joseph Blatter. Em troca, a Fifa nos apunhalou pelas costas com o juiz Carlos Velasco, mantendo a impunidade de Juan Zuñiga ao golpear as costas de Neymar. De novo, os torcedores e autoridades do futebol brasileiro optaram por engolir a canalhice mais descarada. Como é hábito nesse país desde o berço esplêndido. Não importa o quão alto cantemos o hino.

    E em julho de 2014 o Brasil pagou o preço dessa escolha. Essa é mais uma das colheitas de 5 séculos de impunidade. O curioso é que, na prática, essa perda é a mais inofensiva, mas para o consciente coletivo é a mais dolorosa.

    A reação justa na Copa de 1986 seria simples: cada torcedor no estádio Azteca deveria se levantar e ir embora em protesto, deixando claro esse recado: "Não aceito a trapaça. Eu paguei para assistir futebol, e não handebol. Devolvam meu dinheiro."

    E principalmente:

    "Não reconheço a Fifa como uma entidade mantenedora do futebol. A Fifa está matando o futebol, mas não para mim. De agora em diante, não assistirei mais jogos promovidos por essa entidade corrupta, até que esse lance fraudulento seja invalidado."

    Bem, essa foi a MINHA atitude. Nunca mais assisti jogos de futebol promovidos pela Fifa desde aquele dia.

    Pena que uma andorinha só nunca fez verão. Mas hoje, 28 anos depois que a maioria silenciosa se calou ante a iniqüidade, eu vejo milhões de canarinhos engolirem em silêncio o grito entalado na garganta, quando deviam ter gritado a plenos pulmões pela retirada do juiz e desafiado a Fifa em ambas as partidas.

    2014 foi a colheita de 1986. A questão agora, para os brasileiros e para as próximas vítimas da Fifa, permanece a mesma: até quando?


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  2. Então esse é o ponto: a essência da Fifa é a mesma do Brasil: uma Máfia que destrói aquilo que devia promover. Assim como a Fifa matou o futebol, também as autoridades no poder no Brasil destroem o povo brasileiro há 500 anos. Impunes.

    A questão é: PORQUÊ as coisas são assim?

    A resposta também é a mesma para ambos: Porque o povo deixa. Por que não há reação. Porque acham normal. Porque aceitam a IMPUNIDADE.

    "Gol de mão"? Normal. Genocídio dos índios? Normal. Escravidão? Normal. Ditaduras? Normal. Inquisição? Normal. Corrupção endêmica? Normal. Salários de fome? Normal. Contratos de trabalho inconstitucionais, selados pelo próprio governo federal? Normal. Queimar pessoas vivas em público na fogueira por suspeita desses nossos vizinhos serem judeus e não católicos? Normal.

    Eleger presidente da República um apoiador da ditadura que votou contra as Diretas Já? Normal. Reeleger presidente o chefe do Mensalão, que foi também o fundador e presidente de uma entidade chamada Foro de São Paulo, que inclui os maiores grupos criminosos de terroristas como as FARC, o ELN e o MIR, e que presidiu uma sessão junto com o líder desses seqüestradores / traficantes / assassinos / estupradores / escravagistas de crianças? Normal.

    Perder de 7 X 1 numa Copa em casa? Ah, isso não!

    Não é que a Seleção merecesse isso. NINGUÉM merece perder assim. Mas o fato puro e simples é esse: o Brasil apenas colheu o que plantou. E semeou essa colheita de sofrimento desde o dia em que aceitou baixar a cabeça para a Fifa. Pelo menos, desde o dia mais absurdo da História dos esportes — qualquer esporte — e permitiu que a Fifa matasse o futebol. Naquele dia de junho de 1986, quando o árbitro tunisiano Ali Bin Nasser declarou válido o "gol de mão" de Maradona, todas as pessoas que sustentam a Fifa fizeram a sua escolha.

    A mesma Fifa que ameaçou processar a editora do livro que denunciou a máfia dos ingressos. O mesmo Maradona que em outro jogo também usou a mão para impedir um gol legítimo da seleção da URSS na Copa de 1990. O árbitro sueco Eric Friedriksson manteve a impunidade.

    A "mão de Deus" não foi o primeiro gol que Maradona fez usando as mãos: em jogo do campeonato italiano de 1984-85 contra a Udinese de Zico, o trapaceiro argentino também fez "gol de mão"; e também a trapaça não foi anulada.

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  3. A Colheita da Impunidade

    por Ernesto Ribeiro


    Só mesmo uma entidade infinitamente corrupta, incompetente e canalha como a Fifa para produzir esse descalabro:

    Escalar um juiz imprestável, inexperiente e inepto para apitar um jogo da Copa do Mundo com a Seleção brasileira, no Brasil.

    O juiz que apitou a partida Brasil X Colômbia disse na maior cara-de-pau que ESQUECEU EM CASA os cartões amarelos e vermelhos. Por isso que ele não marcou a maioria das dezenas de faltas (a maior parte delas cometida pelos brasileiros, o que levou á agressão covarde contra Neymar).

    O árbitro espanhol Carlos Velasco marcou 54 infrações (31 do Brasil e 23 da Colômbia) e só aplicou 4 amarelos, 2 para cada um dos times. Juan Zuñiga, lateral-direito que deu a entrada que quebrou uma vértebra de Neymar, não foi sequer advertido. O juiz não mostrou cartão amarelo nem vermelho ao pior agressor da História das Copas. Mais? O colombiano que tirou Neymar da Copa não receberá punição da Fifa.

    Em qualquer profissão do mundo, um sujeito assim seria demitido na hora por justa causa e IMPEDIDO de exercer o cargo pelo resto da vida por incapacidade mental. Na Fifa, o primeiro responsável pela derrota do Brasil permanece impune.

    É por essas e outras que eu não assisto mais nenhum jogo de futebol desde a Copa de 1986, quando o juiz aceitou quebrar a própria definição do futebol e aceitou que a Argentina vencesse com um "gol de mão" do craque mais abominável da História.


    Pela mesma razão, também não acompanho as Olimpíadas. Todo mundo sabe quantos atletas corredores estão dopados: TODOS ELES. A questão é saber quem tomou os melhores anabolizantes. O fabricante de drogas mais eficazes será vencedor.

    A Fifa é uma entidade historicamente corrupta e nefasta desde o início do reinado de 24 anos de João Havelange como seu presidente, projetando a sombra da iniqüidade de seu genro Ricardo Teixeira, por 23 anos o presidente da mesma CBF que atolou o futebol brasileiro num mar de lama e afundando em roubalheira, incompetência e inépcia. Como um microscosmos do país, o futebol espelha a política: assim como Fernando Collor de Mello renunciando á presidência da República, Ricardo Teixeira renunciou ao cargo de dirigente da CBF após uma série de denúncias de corrupção e passeatas até na Avenida Paulista exigindo a sua queda.

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