Seis extremistas judeus são
presos, pela inteligência de Israel, e acusados de terem assassinado um
adolescente palestino, Muhammed Abu Khdeir, de 16 anos, em Jerusalém, a título
de vingança ou represália pelo assassinato dos três adolescentes judeus sequestrados
e depois assassinados por elementos do HAMAS na Cisjordânia, nas proximidades
de Hebron. Seu corpo queimado foi encontrado num bosque nas cercanias de
Jerusalém na última quarta-feira, segundo disseram as autoridades.
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Muhammad Abu Khdeir, um adolescente palestino de 16 anos cujo corpo foi encontrado quarta-feira, 2 julho, em área de bosque de Jerusalém. Foto: AFP |
O assassinato do jovem
palestino levou a polícia israelense a efetuar a prisão de diversas pessoas no
domingo e as autoridades suspeitam que o assassinato tenha sido planejado como
vingança ou represália odiosa pelo sequestro e morte covarde de três
adolescentes israelenses no mês passado.
A mídia israelense divulgou
que, ao todo, seis pessoas foram presas, incluindo um número ainda ignorado de
menores de idade e segundo a AFP (Agência France Press) “aparentemente, as
pessoas detidas em relação ao caso pertencem a um grupo judeu extremista".
Outra agência internacional de notícias, a AP (Associated Press) relatou que o
assassinato do jovem palestino foi de natureza “nacionalista” e como
retaliação.
Segundo o Canal 2, de Tel
Aviv, dias antes do assassinato dos rapazes israelenses sequestrados, alguns
desses suspeitos buscavam, sem sucesso, sequestrar adolescentes palestinos em
represália. A censura sobre maiores detalhes do episódio parece permanecer em
vigor e uma conferência de imprensa sobre as prisões dos suspeitos israelenses
foi cancelada pelo governo.
Um vídeo mostrando os rostos
de dois dos suspeitos de terem assassinado Abu Khdeir foi enviado ao YouTube
antes de domingo. O filme veio de uma câmera de segurança que havia sido
instalada num prédio de propriedade do pai de Abu Khdeir, Hussein, e foi
gravado por um telefone celular durante uma investigação policial.
No vídeo, dois jovens são
vistos conversando com uma terceira pessoa, presumivelmente Abu Khdeir, que não
aparece na tela. Segundo a polícia, Abu Khdeir foi forçado a entrar num
veículo, momentos depois. Após o sequestro, vários transeuntes que presenciaram
o incidente tentaram perseguir o carro antes de voltarem a Shuafat para contar
aos pais de Abu Khdeir o ocorrido. Às 04:05 da manhã, o pai de Abu Khdeir
chamou a polícia. O corpo do adolescente foi localizado uma hora depois, quando
a polícia rastreou seu celular.
Os palestinos alegam que Abu
Khdeir foi morto por extremistas judeus para vingar as mortes dos três
adolescentes israelenses, que foram sequestrados na Cisjordânia em 12 de junho.
Seus corpos foram encontrados na semana passada, e Abu Khdeir foi morto poucas
horas depois do funeral dos jovens judeus.
Inicialmente, a polícia disse
que estava investigando várias hipóteses relacionadas com a morte do
adolescente palestino, inclusive motivos criminais ou pessoais, ao passo que as
mídias sociais israelenses eram prolíferas em rumores de que ele tinha sido
morto porque ele era “gay” ou como parte de uma briga de família em curso.
No sábado, o procurador-geral
da Autoridade Palestina, Dr. Muhammed Abed al-Ghani al-Aweiwi, disse que Abu
Khdeir foi queimado vivo, de acordo com os resultados preliminares da autópsia.
“Abu Khdeir sofreu queimaduras graves em 90%
do seu corpo incluindo lesões na cabeça que mostraram ter sido severamente
espancado”, disse Aweiwi à agência de notícias palestina MA'AN. Disse também
que o material inflamável usado foi encontrado em pulmões de Abu Khdeir e vias
respiratórias, o que indica que ele ainda estava vivo quando foi incendiado.
Aweiwi acrescentou os testes de laboratório adicionais serão necessários e que
o relatório final da autópsia será emitido somente após a conclusão desses
testes. O patologista palestino, Dr. Saber al-Alul, participou da autópsia
realizada no Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv na quinta-feira.
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Parentes e amigos de Muhammed Abu Khdeir, 16, levam seu corpo para a mesquita para o seu funeral em Shuafat, na Jerusalém Oriental (islâmica), em 4 Julho 2014. Foto: AFP |
Em Jerusalém Oriental, a mãe
de Abu Khdeir, Suha, saudou a notícia das prisões, mas disse que ela tinha
pouca fé no sistema judiciário israelense (?!). "Não tenho qualquer paz no
meu coração, mesmo que eles capturarem os que dizem ter matado meu filho",
disse ela. "Eles estão se limitando a interrogá-los para, em seguida,
liberá-los. Eles precisam tratá-los da mesma maneira com que nos tratam.
Precisam demolir suas casas e cercá-los, do modo como fazem com nossos filhos",
acrescentou a revoltada senhora. Decerto, ela deve acreditar menos ainda no
sistema de justiça da Autoridade Palestina, que até agora não prendeu ninguém
pelo sequestro e morte dos três rapazes israelenses.
Na quinta-feira passada, a
polícia israelense espancou e prendeu entre outros um menino de 15 anos de
idade, Tariq Abu Khdeir, primo do palestino assassinado, durante confrontos
entre atiradores de pedras com a polícia. Tais assassinatos provocaram
violentos protestos generalizados em toda a Jerusalém Oriental e em outras
partes de Israel, elevando sobremaneira o grau de tensão e ódio de parte a
parte na região.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 06-07-2014
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