domingo, 6 de julho de 2014

Sobe o nível de ódio e ressentimento no Oriente Médio

Francisco Vianna
Seis extremistas judeus são presos, pela inteligência de Israel, e acusados de terem assassinado um adolescente palestino, Muhammed Abu Khdeir, de 16 anos, em Jerusalém, a título de vingança ou represália pelo assassinato dos três adolescentes judeus sequestrados e depois assassinados por elementos do HAMAS na Cisjordânia, nas proximidades de Hebron. Seu corpo queimado foi encontrado num bosque nas cercanias de Jerusalém na última quarta-feira, segundo disseram as autoridades.

Muhammad Abu Khdeir, um adolescente palestino de 16 anos cujo corpo foi encontrado quarta-feira, 2 julho, em área de bosque de Jerusalém. Foto: AFP
Os israelenses suspeitos, provenientes de Beit Shemesh, Jerusalém e Adam, pertencem a uma célula extremista, diz a agência de segurança judaica Shin Bet. A mãe de Muhammed Abu Khdeir exige que suas casas sejam demolidas. 
O assassinato do jovem palestino levou a polícia israelense a efetuar a prisão de diversas pessoas no domingo e as autoridades suspeitam que o assassinato tenha sido planejado como vingança ou represália odiosa pelo sequestro e morte covarde de três adolescentes israelenses no mês passado. 

A mídia israelense divulgou que, ao todo, seis pessoas foram presas, incluindo um número ainda ignorado de menores de idade e segundo a AFP (Agência France Press) “aparentemente, as pessoas detidas em relação ao caso pertencem a um grupo judeu extremista". Outra agência internacional de notícias, a AP (Associated Press) relatou que o assassinato do jovem palestino foi de natureza “nacionalista” e como retaliação.

Segundo o Canal 2, de Tel Aviv, dias antes do assassinato dos rapazes israelenses sequestrados, alguns desses suspeitos buscavam, sem sucesso, sequestrar adolescentes palestinos em represália. A censura sobre maiores detalhes do episódio parece permanecer em vigor e uma conferência de imprensa sobre as prisões dos suspeitos israelenses foi cancelada pelo governo.
Um vídeo mostrando os rostos de dois dos suspeitos de terem assassinado Abu Khdeir foi enviado ao YouTube antes de domingo. O filme veio de uma câmera de segurança que havia sido instalada num prédio de propriedade do pai de Abu Khdeir, Hussein, e foi gravado por um telefone celular durante uma investigação policial.

No vídeo, dois jovens são vistos conversando com uma terceira pessoa, presumivelmente Abu Khdeir, que não aparece na tela. Segundo a polícia, Abu Khdeir foi forçado a entrar num veículo, momentos depois. Após o sequestro, vários transeuntes que presenciaram o incidente tentaram perseguir o carro antes de voltarem a Shuafat para contar aos pais de Abu Khdeir o ocorrido. Às 04:05 da manhã, o pai de Abu Khdeir chamou a polícia. O corpo do adolescente foi localizado uma hora depois, quando a polícia rastreou seu celular.

Os palestinos alegam que Abu Khdeir foi morto por extremistas judeus para vingar as mortes dos três adolescentes israelenses, que foram sequestrados na Cisjordânia em 12 de junho. Seus corpos foram encontrados na semana passada, e Abu Khdeir foi morto poucas horas depois do funeral dos jovens judeus.

Inicialmente, a polícia disse que estava investigando várias hipóteses relacionadas com a morte do adolescente palestino, inclusive motivos criminais ou pessoais, ao passo que as mídias sociais israelenses eram prolíferas em rumores de que ele tinha sido morto porque ele era “gay” ou como parte de uma briga de família em curso.

No sábado, o procurador-geral da Autoridade Palestina, Dr. Muhammed Abed al-Ghani al-Aweiwi, disse que Abu Khdeir foi queimado vivo, de acordo com os resultados preliminares da autópsia.
 “Abu Khdeir sofreu queimaduras graves em 90% do seu corpo incluindo lesões na cabeça que mostraram ter sido severamente espancado”, disse Aweiwi à agência de notícias palestina MA'AN. Disse também que o material inflamável usado foi encontrado em pulmões de Abu Khdeir e vias respiratórias, o que indica que ele ainda estava vivo quando foi incendiado. Aweiwi acrescentou os testes de laboratório adicionais serão necessários e que o relatório final da autópsia será emitido somente após a conclusão desses testes. O patologista palestino, Dr. Saber al-Alul, participou da autópsia realizada no Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv na quinta-feira.

Parentes e amigos de Muhammed Abu Khdeir, 16, levam seu corpo para a mesquita para o seu funeral em Shuafat, na Jerusalém Oriental (islâmica), em 4 Julho 2014. Foto: AFP
Em Jerusalém Oriental, a mãe de Abu Khdeir, Suha, saudou a notícia das prisões, mas disse que ela tinha pouca fé no sistema judiciário israelense (?!). "Não tenho qualquer paz no meu coração, mesmo que eles capturarem os que dizem ter matado meu filho", disse ela. "Eles estão se limitando a interrogá-los para, em seguida, liberá-los. Eles precisam tratá-los da mesma maneira com que nos tratam. Precisam demolir suas casas e cercá-los, do modo como fazem com nossos filhos", acrescentou a revoltada senhora. Decerto, ela deve acreditar menos ainda no sistema de justiça da Autoridade Palestina, que até agora não prendeu ninguém pelo sequestro e morte dos três rapazes israelenses. 

Na quinta-feira passada, a polícia israelense espancou e prendeu entre outros um menino de 15 anos de idade, Tariq Abu Khdeir, primo do palestino assassinado, durante confrontos entre atiradores de pedras com a polícia. Tais assassinatos provocaram violentos protestos generalizados em toda a Jerusalém Oriental e em outras partes de Israel, elevando sobremaneira o grau de tensão e ódio de parte a parte na região.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 06-07-2014

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