João Pedro Pincha
Em Espanha para participar num
congresso de astronomia - campo onde é considerado uma das mentes mais
brilhantes de sempre - Stephen Hawking apela a que não se corte o financiamento
à investigação.
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Stephen Hawking sofre de esclerose lateral
amiotrófica. Foto: Bruno Vincent/Getty Images
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O astrofísico britânico
Stephen Hawking revelou este domingo que é ateu. Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Hawking,
cujas investigações sobre o Universo são consideradas das mais relevantes
da história da ciência, disse que “no passado, antes de entendermos a ciência,
era lógico acreditar que Deus criou o Universo”, mas que atualmente tal crença
não fazia sentido.
“Agora a ciência oferece
uma explicação mais convincente. O que quis dizer quando disse que
conheceríamos ‘a mente de Deus’ [escreveu isso no livro "Breve História do
Tempo"] era que compreenderíamos tudo o que Deus seria capaz de
compreender se por acaso existisse. Mas não há nenhum Deus. Sou ateu. A
religião acredita em milagres, mas estes são incompatíveis com a ciência”,
disse.
A afirmação do cientista surge
depois de anos de alguma especulação sobre as suas verdadeiras crenças, uma vez
que, se em Breve História do Tempo dissera que era possível
conhecer “a mente de Deus”, noutras intervenções e no livro O Grande
Desígnio (ambos publicados em português pela Gradiva) admitia a
hipótese de o Universo se ter criado a partir do nada.
Em Breve História do
Tempo, Stephen Hawking tinha exposto a sua ideia de que, um dia, seria
possível à Humanidade saber tudo sobre tudo. E, ao El Mundo, reitera a sua
posição. “Penso que sim, que conseguiremos entender a origem e estrutura do
Universo. Na verdade, agora já estamos perto de atingir esse objetivo. Na minha
opinião, não há nenhum aspeto da realidade fora do alcance da mente humana”,
afirmou.
É por isso que, diz, o
investimento na investigação científica por parte dos governos mundiais deve
continuar. “Não se pode incentivar os jovens a estudar cursos científicos com
cortes no campo da investigação”, refere. Até porque esses jovens poderão ser
importantes em campos como a exploração espacial, que Hawking diz ser
importante para o futuro da raça humana. “Poderá evitar o desaparecimento da
Humanidade devido à colonização de outros planetas”, explica, sublinhando
ainda que “a exploração espacial impulsionou e continuará a impulsionar grandes
avanços científicos e tecnológicos”.
A entrevista ao El Mundo
advém do facto de Stephen Hawking se encontrar em Tenerife, nas Ilhas Canárias,
em Espanha, onde vai participar num congresso de astronomia. O cientista sofre
de esclerose lateral amiotrófica, doença que lhe foi
diagnosticada aos 21 anos.
Título e Texto: João Pedro Pincha, Observador,
21-09-2014
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UM deficiente físico, é maior físico da humanidade. Como viver com uma doença incurável rezando ou estagnado na incansável procura de algo inexistente. Esta mente brilhante coloca em teste a humanidade. Seu livro é algo magnânimo.
ResponderExcluirVivemos o nosso quotidiano sem entendermos quase nada do mundo. Reflectimos pouco sobre o mecanismo que
gera a luz solar e que torna a vida possível, sobre a gravidade que nos cola a uma Terra que, de outro modo, nos
projectaria girando para o espaço, ou sobre os átomos de que somos feitos e de cuja estabilidade dependemos
fundamentalmente. Exceptuando as crianças (que não sabem o suficiente para não fazerem as perguntas
importantes), poucos de nós dedicamos algum tempo a indagar por que é que a natureza é assim; de onde veio o
cosmos ou se sempre aqui esteve; se um dia o tempo fluirá ao contrário e se os efeitos irão preceder as causas; ou
se haverá limites definidos para o conhecimento humano. Há crianças, e conheci algumas, que querem saber qual é
o aspecto dos "buracos negros"; qual é o mais pequeno pedaço de matéria; por que é que nos lembramos` do
passado e não do futuro; como é que, se inicialmente havia o caos, hoje existe aparentemente a ordem; e por que
*há* um Universo.
É também um livro sobre Deus... ou talvez sobre a ausência de Deus. A palavra Deus enche estas páginas. Hawking
parte em demanda da resposta à famosa pergunta de Einstein sobre se Deus teve alguma escolha na Criação do
Universo. Hawking tenta, como explicitamente afirma, entender o pensamento de Deus. E isso torna a conclusão do
seu esforço ainda mais inesperada, pelo menos até agora: um Universo sem limites no espaço, sem principio nem
fim no tempo, e sem nada para um Criador fazer.
Carl Sagan
Universidade de Cornell
Ithaca, Nova Iorque
Para quem quiser dar uma pausa e ler com afinco.
boa noite
Um trecho do livro:
...... A mecânica quântica introduz, portanto, um elemento inevitável de imprevisibilidade ou
acaso na ciência. Einstein protestou fortemente contra esta ideia, apesar do papel importante que desempenhou no
seu desenvolvimento. Recebeu o prémio :, Nobel pelo seu contributo para a teoria dos *quanta* e, no entanto, nunca
aceitou que o Universo fosse governado pelo acaso. Os seus sentimentos ficaram resumidos na sua famosa
afirmação: "DEUS NÃO JOGA OS DADOS". A maior parte dos outros cientistas estava disposta a aceitar a mecânica
quântica, porque concordava perfeitamente com as experiências....
LINK:
http://www.cin.ufpe.br/~jarn/Uma%20Breve%20Hist%F3ria%20do%20Tempo%20-%20Stephen%20Hawking.pdf