terça-feira, 9 de junho de 2015

Estado Leviatã

Vitor Grando
Não é novidade para ninguém que o Brasil é um país imensamente maculado pela corrupção. Tal mácula tisna todas as esferas de poder seja do poder público ao civil, política, polícia, agente público, guarda de trânsito, empresário, funcionário, a mídia, partidos políticos e assim por diante. 10 entre 10 brasileiros colocam a corrupção como o grande problema do país colocando na resolução dela a panaceia para a resolução de todos nossos problemas. Mas, sinto lhes dizer, corrupção por pior que seja não é o nosso maior problema. Antes o Brasil fosse só corrupto. Mas não é a corrupção a raiz principal de sermos o que somos. A raiz é outra.



O psiquiatra britânico Theodore Dalrymple em uma única sentença resumiu a verdadeira raiz do problema do Brasil: "Um Estado leviatã incorruptível é mais temível do que um Estado meramente corrupto". Ele sintetizou em poucas palavras o que há tempos venho dizendo sobre o eleitorado brasileiro: enquanto o brasileiro acreditar que o maior problema do país, ou do PT, é a corrupção, o Brasil continuará sendo o desastre que é.

Pense comigo: você acha que o que torna Alemanha, Austrália, EUA, Suíça, Cingapura, Coreia do Sul o que são é a mera ausência de corrupção generalizada? Você acha que o que torna a Argentina, Brasil, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela o que são é tão somente o alastramento da corrupção? Definitivamente não. Presumo que ninguém preferiria viver numa incorruptível Coreia do Norte a viver numa corrupta Suíça. Intuitivamente sabemos que o buraco é mais embaixo.

Há duas razões para explicar isso. Em primeiro lugar, o que enriquece um país é a criação de um sistema econômico que favoreça a geração de riquezas a naturalmente iniba o estímulo a corrupção. O que caracteriza os países mais ricos do mundo são as suas amplas liberdades econômicas, em contrapartida países como o Brasil e a Venezuela são marcados por uma grotesca centralização de poder e economia nas mãos de uma entidade central, o Estado. Postos em termos mais compreensíveis, capitalismo favorece a criação de riqueza, socialismo favorece a disseminação da miséria. Não se trata de matéria de opinião. É matéria de fato. Simples assim.

O Brasil ocupa o 118º no ranking de liberdade econômica da The Heritage Foundation, colocando-o, em níveis de liberdade econômica, mais próximo à Coreia do Norte do que da Suíça. Nunca antes na história da humanidade uma nação conseguiu emancipar as massas da miséria sem antes criar abundantes riquezas. Dinheiro, é sabido, não cai do céu. Portanto, ainda que tendamos a uma concepção de Estado mais próxima a uma socialdemocracia, é imprescindível entendermos que a arrecadação do Estado provém diretamente da produção de riquezas por parte de seus contribuintes. 

Caso não haja riqueza a ser tributada, não há arrecadação, caso não haja arrecadação, não há bem-estar social e, portanto, para que haja riqueza é necessário criá-la. Para criá-la é necessário, antes, procedermos a reformas que nos façam urgentemente galgar posições em termos de liberdade econômica. Sem isso, um Brasil incorrupto continuará sendo um Brasil pobre.

Em segundo lugar, a corrupção é somente uma fonte indireta dos problemas sociais do nosso país. Novamente, o raciocínio é simples. Quanto maior for a concentração de poder nas mãos do Estado e quanto maior for a burocracia, maior será o dinheiro a ser roubado e mais numerosos os agentes públicos a pedirem um "cafezinho". Vou ajudá-lo a entender. Pense em um bom pai de 2 ou 3 filhos. 

Agora imaginemos que esse bom pai tenha que de súbito que administrar uma casa com 50 filhos. Certamente ele não terá tempo, organização nem dinheiro suficiente para continuar sendo o bom pai que é (e presumo que Mr. Catra não seja exceção). O mesmo se dá com o Estado. Administrar uma Suécia de 10.000.000 de habitantes é bem diferente do que um Brasil de 200.000.000 de habitantes. 

A Suécia, usada como exemplo de socialdemocracia, além de ter implantado o seu sistema de Bem-Estar Social após já ser um país rico em razão de ampla liberdade econômica - daí que surgiram Saab, Ericson e Volvo -, é um país muito menor e, portanto, é muito menos arriscado de ter sua economia centralizada. Imaginemos uma socialdemocracia aplicada ao Sudão, qual seria o resultado disso se não uma ainda maior disseminação da miséria? Para haver distribuição, é necessário antes haver criação, para haver criação é necessário liberdade econômica, coisa que o Brasil não tem.

Então, para tornar o Brasil um país rico, o caminho passa necessariamente pela criação de riqueza oriunda de amplas liberdades econômicas. Corrupção, perdoe-me dizer, não é o nosso maior problema. Se você se opõe ao PT porque acha que apesar de ser um partido corrupto tem ideias bacanas, você não entendeu absolutamente nada, nada. 
Título e Texto: Vitor Grando, 9-6-2015

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