Vitor Grando
Não é novidade para ninguém
que o Brasil é um país imensamente maculado pela corrupção. Tal mácula tisna
todas as esferas de poder seja do poder público ao civil, política, polícia,
agente público, guarda de trânsito, empresário, funcionário, a mídia, partidos
políticos e assim por diante. 10 entre 10 brasileiros colocam a corrupção como
o grande problema do país colocando na resolução dela a panaceia para a
resolução de todos nossos problemas. Mas, sinto lhes dizer, corrupção por pior
que seja não é o nosso maior problema. Antes o Brasil fosse só corrupto. Mas
não é a corrupção a raiz principal de sermos o que somos. A raiz é outra.
O psiquiatra britânico
Theodore Dalrymple em uma única sentença resumiu a verdadeira raiz do problema
do Brasil: "Um Estado leviatã incorruptível é mais temível do que um
Estado meramente corrupto". Ele sintetizou em poucas palavras o que há
tempos venho dizendo sobre o eleitorado brasileiro: enquanto o brasileiro
acreditar que o maior problema do país, ou do PT, é a corrupção, o Brasil continuará
sendo o desastre que é.
Pense comigo: você acha que o
que torna Alemanha, Austrália, EUA, Suíça, Cingapura, Coreia do Sul o que são é
a mera ausência de corrupção generalizada? Você acha que o que torna a
Argentina, Brasil, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela o que são é tão somente o
alastramento da corrupção? Definitivamente não. Presumo que ninguém preferiria
viver numa incorruptível Coreia do Norte a viver numa corrupta Suíça.
Intuitivamente sabemos que o buraco é mais embaixo.
Há duas razões para explicar
isso. Em primeiro lugar, o que enriquece um país é a criação de um sistema
econômico que favoreça a geração de riquezas a naturalmente iniba o estímulo a
corrupção. O que caracteriza os países mais ricos do mundo são as suas amplas
liberdades econômicas, em contrapartida países como o Brasil e a Venezuela são
marcados por uma grotesca centralização de poder e economia nas mãos de uma
entidade central, o Estado. Postos em termos mais compreensíveis, capitalismo
favorece a criação de riqueza, socialismo favorece a disseminação da miséria.
Não se trata de matéria de opinião. É matéria de fato. Simples assim.
O Brasil ocupa o 118º no
ranking de liberdade econômica da The Heritage Foundation, colocando-o, em
níveis de liberdade econômica, mais próximo à Coreia do Norte do que da Suíça.
Nunca antes na história da humanidade uma nação conseguiu emancipar as massas
da miséria sem antes criar abundantes riquezas. Dinheiro, é sabido, não cai do
céu. Portanto, ainda que tendamos a uma concepção de Estado mais próxima a uma
socialdemocracia, é imprescindível entendermos que a arrecadação do Estado
provém diretamente da produção de riquezas por parte de seus contribuintes.
Caso não haja riqueza a ser tributada, não há arrecadação, caso não haja
arrecadação, não há bem-estar social e, portanto, para que haja riqueza é
necessário criá-la. Para criá-la é necessário, antes, procedermos a reformas
que nos façam urgentemente galgar posições em termos de liberdade econômica.
Sem isso, um Brasil incorrupto continuará sendo um Brasil pobre.
Em segundo lugar, a corrupção
é somente uma fonte indireta dos problemas sociais do nosso país. Novamente, o
raciocínio é simples. Quanto maior for a concentração de poder nas mãos do
Estado e quanto maior for a burocracia, maior será o dinheiro a ser roubado e
mais numerosos os agentes públicos a pedirem um "cafezinho". Vou
ajudá-lo a entender. Pense em um bom pai de 2 ou 3 filhos.
Agora imaginemos que
esse bom pai tenha que de súbito que administrar uma casa com 50 filhos.
Certamente ele não terá tempo, organização nem dinheiro suficiente para
continuar sendo o bom pai que é (e presumo que Mr. Catra não seja exceção). O
mesmo se dá com o Estado. Administrar uma Suécia de 10.000.000 de habitantes é
bem diferente do que um Brasil de 200.000.000 de habitantes.
A Suécia, usada
como exemplo de socialdemocracia, além de ter implantado o seu sistema de
Bem-Estar Social após já ser um país rico em razão de ampla liberdade econômica
- daí que surgiram Saab, Ericson e Volvo -, é um país muito menor e, portanto,
é muito menos arriscado de ter sua economia centralizada. Imaginemos uma
socialdemocracia aplicada ao Sudão, qual seria o resultado disso se não uma
ainda maior disseminação da miséria? Para haver distribuição, é necessário
antes haver criação, para haver criação é necessário liberdade econômica, coisa
que o Brasil não tem.
Então, para tornar o Brasil um
país rico, o caminho passa necessariamente pela criação de riqueza oriunda de
amplas liberdades econômicas. Corrupção, perdoe-me dizer, não é o nosso maior
problema. Se você se opõe ao PT porque acha que apesar de ser um partido
corrupto tem ideias bacanas, você não entendeu absolutamente nada, nada.
Título e Texto: Vitor Grando, 9-6-2015
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