Em discurso no Rio, presidente
afastada demonstra por que devemos pensar sempre o pior de um esquerdista
Reinaldo Azevedo
Dilma Rousseff chegou ao fundo
do poço. E é engano achar que ela não pode descer um pouco mais. Sempre pode.
Quando os deuses querem destruir alguém, começam por lhe roubar o juízo. E
Dilma perdeu o seu faz muito tempo. Já escrevi alguns textos sobre a exploração
mixuruca que as esquerdas vêm fazendo do possível estupro coletivo no Rio.
Desde o começo, estava claro para mim que a garota que diz ter sido estuprada
por 33 homens havia se tornado mero pretexto. Minha coluna na Folha desta sexta trata disso.
Pense sempre o pior de um
esquerdista. Ele jamais vai decepcioná-lo. Na noite desta quinta, Dilma
resolveu visitar no Rio o governador Luiz Fernando Pezão, que está tratando de
um câncer. Viajou com o nosso dinheiro: avião, segurança, hospedagem etc. Seu
trabalho, hoje, é torrar grana pública.
Participou depois de um ato
promovido por feministas. E voltou à sua ladainha asquerosa. Afirmou que o
governo Temer é formado por “homens velhos, ricos e brancos” que não
representam “a diversidade do nosso país.”
E emendou: “Não é um capricho ser representado no primeiro escalão. É
crucial para impedir retrocessos”.
Vimos o quanto a dita
diversidade do governo Dilma foi útil para o país: 11 milhões de desempregados,
depressão econômica, R$ 170,5 bilhões de déficit fiscal, inflação de dois
dígitos, juros nos cornos da Lua. Dilma, de fato, sabe como cuidar de nós.
A petista nunca foi muito
inteligente, vamos admitir. Não consegue decorar um período composto de uma
oração principal e duas subordinadas. As esquerdas vinham, sorrateiramente,
explorando o caso do possível estupro do Rio para emplacar uma outra agenda.
Cumpria fazer a coisa escondidinho, já que a imprensa está colaborando enormemente.
Não era para escancarar o jogo.
Mas ela não chega a ser
exatamente um Schopenhauer de cabelos curtos e ideias longas. Mandou ver:
“Esse governo é uma fonte de maus exemplos. Nós, mulheres, temos que
nos sentir menos seguras, menos garantidas quando o governo não é capaz de ter
em seu primeiro escalão uma representação da maioria da população. Não digo só
as mulheres, mas também os negros da população. A cultura do estupro e a
cultura da exclusão social devem ser combatidas por todos os movimentos e também
pelos governos”.
Pronto! Eis Dilma Rousseff
pegando carona no sofrimento alheio, que é o que o PT sempre fez, vamos convir,
e utilizando o que pode ser uma tragédia pessoal em proveito de sua política
mesquinha.
É o fim da picada. Para todos
os efeitos, ela ainda é presidente da República, mesmo afastada. Tem de ter
compostura. Mas não tem nenhuma. Atacou também Fátima Pelaes, que pode ser
nomeada secretária das Mulheres por Michel Temer.
Atenção! Em 2010 — há seis
anos! —, Pelaes se disse pessoalmente contrária ao aborto mesmo em caso de
estupro. Revelou que ela própria foi concebida num ato de força, quando sua mãe
era presidiária.
Nesta quinta, Dilma fez de
conta que o pronunciamento de Pelaes havia sido feito já depois do dito estupro
coletivo do Rio e disparou: “É uma conquista ainda pequena das mulheres. Um
agente público, principalmente uma mulher, não pode achar que convicções
pessoais podem se sobrepor à lei. É grave que ela diga isso justamente quando
aconteceu um estupro coletivo”.
Dilma não é só imprudente. É
também irresponsável. O que aconteceu no Rio é muito grave. Ainda que não tenha
se tratado de um estupro coletivo, a divulgação do vídeo já é uma coisa
asquerosa. É para provocar a indignação de todos, sim.
Mas senti, desde o começo, o cheiro
inequívoco do oportunismo. Estava claro que petistas e outros esquerdistas
estavam usando a questão para vender seus peixes ideológicos podres.
A prova está aí.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA, 3-6-2016
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