João Marques de Almeida
O Bloco de Esquerda e o PCP (e o PAN para
lá caminha) são os fascistas da saúde em Portugal. Têm dois objetivos: terminar
com a iniciativa privada na saúde, e acabar com a liberdade de escolha dos
cidadãos
Os “fascistas da saúde” é uma
expressão usada pelo mais brilhante pensador conservador contemporâneo, Roger
Scruton. No contexto português a expressão deve ser adaptada à realidade
nacional. O Bloco de Esquerda e o PCP (e o PAN para lá caminha) são os fascistas
da saúde em Portugal. Têm dois objetivos: terminar com a iniciativa privada na
saúde, e acabar com a liberdade de escolha dos cidadãos portugueses. A maior
mentira da democracia portuguesa é a ideia de que as extremas esquerdas são a
favor da liberdade. Nunca foram, não são, nem nunca serão. Têm um projeto
totalitário de controlo da sociedade portuguesa. São os verdadeiros fascistas
portugueses.
Embora os objetivos continuem
a ser os de sempre – domínio totalitário – a táctica mudou. Procuram usar a
política de causas, que cresce desde o início do século XXI, para atingir os
seus objetivos (o PAN que se cuide porque a expansão bloquista para colonizar o
partido de André Silva vai intensificar-se). Dito de outro modo, o domínio
totalitário não se atinge através de uma revolução, como aconteceu no século
XX, mas cresce e consolida-se através das políticas de causas. A saúde é um dos
principais alvos.
A estratégia totalitária
começou com o ataque às parcerias público-privadas na saúde. A de Braga já acabou.
Ontem o governo anunciou que não vai renovar a de Vila Franca de Xira. Os
próximos alvos serão Loures e Cascais. Há quem aponte, com inteira razão, que
em geral as parcerias público privadas funcionam melhor que os hospitais
públicos. Mas esse é precisamente o problema. A demonstração de qualidade torna
ainda mais necessário acabar com as parcerias público privadas. O sucesso e a
qualidade ameaçam a estratégia dos fascistas da saúde: acabar com a
participação dos grupos privados na saúde. Para isso inventam-se casos como os
supostos problemas do Hospital de Vila Franca de Xira e abafam-se os problemas
que ocorrem diariamente nos hospitais públicos.
O governo socialista aceita a
estratégia das extremas esquerdas e ataca os poucos hospitais onde ainda há
investimento. Quanto aos hospitais públicos, continuam a sofrer de falta de
investimento. Este governo reforma destruindo, e destrói desinvestindo.
Os ataques às parcerias
público privadas são apenas o primeiro passo da estratégia fascista. A seguir,
o BE e o PCP atacarão a saúde privada. Se pudessem – e não sabemos se um dia
não podem mesmo – acabavam com todo o investimento privado na saúde, destruindo
os grupos de saúde. O Grupo José de Mello Saúde, o Grupo Hospitais da Luz, o
Grupo Lusíadas e o Grupo Hospitais de Trofa que se cuidem. Eles são os alvos da
ofensiva totalitária na saúde.
As vozes moderadas e
sociais-democratas do PS devem travar esta ofensiva radical dos seus camaradas
de geringonça. O SNS existe para servir os portugueses e não os objetivos
ideológicos das extremas esquerdas. Os ataques ao investimento privado
significam uma ameaça à saúde dos portugueses. A maioria dos portugueses quer
bons cuidados de saúde. Não quer um poder totalitário que acabe com a sua
liberdade de escolha.
O fascismo da saúde não se
limita ao ataque ao investimento privado. Também se manifesta no modo como as
esquerdas totalitárias querem controlar os hábitos das pessoas, desde a
alimentação até atividades como a caça e as touradas. Repetem-se as declarações
sobre a necessidade de controlar os hábitos alimentares com o argumento de que
o tratamento das doenças custa dinheiro ao Estado. Mas não são só declarações.
Cada vez há mais iniciativas legislativas a proibirem certos ingredientes.
Veja-se o exemplo da carne da vaca. Juntam-se a defesa dos animais, a
condenação da carne vermelha e até a afirmação de que a produção bovina
prejudica o clima. Ou seja, estamos a assistir à utilização de políticas
públicas para limitar a escolha e a liberdade individuais.
Vivemos numa sociedade onde há
grupos que defendem a vida dos animais, mas aceitam a eutanásia. Defendem o uso
das drogas leves, mas condenam o consumo da carne de vaca. Deste modo, vão
gradualmente impondo um modo de vida a todos nós. Durante as eleições europeias
falou-se muito das democracias iliberais e como o poder das maiorias pode
ameaçar a democracia. Mas os perigos para a democracia não se limitam às
ameaças ao estado de direito ou à liberdade de imprensa. Os ataques ao
investimento privado e à liberdade de escolha individual também ameaçam a
democracia liberal.
Em Portugal o Bloco de
Esquerda e o Partido Comunista são as grandes ameaças à democracia e à
liberdade. A nossa imprensa indigna-se, e bem, com Orban e com Le Pen. Mas
ignora as ameaças lideradas por Jerónimo Martins e Catarina Martins (na verdade
Francisco Louçã). São os nossos fascistas, os nossos Orbans e as nossas Le
Pens. Começaram na saúde, mas, se puderem, será apenas o início.
Título e Texto: João Marques de Almeida, Observador,
2-6-2019
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