Total
equivale a 6% dos tomadores de crédito
Gilberto Costa
“Em oito meses minha dívida
com eles cresceu mais de cinco vezes. Eles chegaram a bater na minha casa,
criando constrangimento. Tinha noites que eu não dormia achando que eles iam
penhorar e leiloar o meu imóvel.” O depoimento é da bancária aposentada Lindaura
Luz (nome fictício) que, nos últimos anos, acumulou dívidas de empréstimos
consignados, cheque especial e cartão de crédito com dois dos maiores bancos
privados do país, após perder parte de sua renda mensal, com o término do
aluguel de uma loja na avenida W3 Sul, em Brasília, que herdou após a morte do
marido.
Os pesadelos e a visita
incômoda de cobradores acabaram quando Lindaura procurou a Justiça para forçar
a renegociação das dívidas que tinha junto a dois dos maiores bancos privados
do país. O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e de Cidadania
Superendividados (Cejusc) do Tribunal de Justiça do DF e Territórios mediou
reuniões entre credores e a ex-bancária. As dívidas foram amortizadas e
reparceladas. Parte foi quitada e parte está com pagamento em dia.
A história de Lindaura Luz é
ilustrativa dos casos de superendividamento no Brasil. Segundo levantamento,
ainda em finalização, do Banco Central (BC), há cerca de cinco milhões de
pessoas superendividadas em um universo de 83 milhões de tomadores de
empréstimo (6% do total).
De acordo com apresentação feita por técnicos do Bacen em evento do
Cejusc, em Brasília (31/10), e em simpósio da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no
Rio (10/10), o risco de superendividamento é maior quando o mutuário acumula
mais de uma modalidade de crédito.
De acordo com apresentação
feita por técnicos do BC o risco de superendividamento é maior quando o
mutuário acumula mais de uma modalidade de crédito. Em junho de 2019, conforme
dados expostos pelo BC, 10 milhões de tomadores de crédito estavam em atraso
com seus compromissos. Mais de 9 milhões de pessoas tinham pelo menos mais de
uma modalidade de dívida. Dessas, a situação de superendividamento atingia,
então, mais da metade (55%) dos endividados.
A condição de
superendividamento não tem necessariamente relação com as taxas inadimplência
(dívida em aberto há mais de 90 dias). Conforme a página de estatísticas
monetárias do site do Banco Central, naquele mês a taxa de
inadimplência do crédito consignado era de 3,6% e da aquisição de veículo,
3,3%. O não pagamento em dia do crédito pessoal atingia 7,4%; do cheque
especial, 14%; e do rotativo do cartão de crédito, 33,5%.
Título e Texto: Gilberto
Costa; Edição: Bruna Saniele – Agência Brasil, 3-11-2019, 17h58
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