José Miguel Roque Martins
Estou farto de estar a
criticar e, por isso, decidi escrever sobre alguma coisa boa, o que é muito
mais agradável, mas muito mais difícil de encontrar no meio desta crise.
Ontem a Suécia ultrapassou
Portugal no número de infectados confirmados. Nunca escondi a minha preferência
pela estratégia sueca. Em primeiro lugar, por ser tendencialmente mais
sustentável do que a nossa. Em segundo lugar, porque o Estado não trata os
Suecos como inconscientes, como aconteceu em Portugal.
O futuro irá confirmar quem
consegue melhores resultados. Mas confesso que independentemente do que
acontecer, dificilmente deixarei de pensar que eles foram os campeões europeus
do Coronavírus. Entendo a estratégia, aprecio a serena coragem e deliro com o
respeito ao cidadão.
Não resisto a juntar o gráfico
de infecções diárias do worldometer da Suécia:
Ao contrário da generalidade
dos países, não se nota uma queda evidente das infeções ao longo do tempo, o
que confirma as medidas mais leves e menos potentes de distanciamento social
que a Suécia implementou. Suficientes, no entanto, para impedir um crescimento
exponencial dos casos, como foi garantido por muitos autores.
Embora muito ligeira,
descortina-se uma ligeiríssima queda das infeções, eventualmente explicada pela
comunicada baixa de casos em Estocolmo, onde, supostamente, 25% da população já
está infectada e por isso já existe um grau relativo de imunidade de grupo.
As mortes continuam a ser,
para já, muito superiores aos outros países da Escandinávia, mas muito
inferiores aos dos países mais fustigados pela letalidade. Em termos práticos,
tudo está em aberto, mas já se nota uma diminuição expressiva das críticas à
“louca roleta russa” ou “capítulo vergonhoso da história do país” como já a vi
ser citado. Um bom exemplo para continuarmos a acreditar ser possível a
liberdade e o bom senso.
P.S.: Uma confinação menos
severa, não foi determinada para atingir a imunidade de grupo e muito menos por
interesses económicos. A consciência de que a pandemia será prolongada no
tempo, tornou evidente a futilidade de medidas
Título, Imagem e Texto: José
Miguel Roque Martins, Corta-fitas,
18-5-2020
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