Segundo autores, a fonte dos dados
analisados não era confiável
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Foto: Diego Vara/Reuters |
Pedro Ivo de Oliveira
Três dos quatro autores do
estudo que invalidou o uso da cloroquina e do seu derivado, a
hidroxicloroquina, em casos de covid-19, afirmaram que não é possível garantir
a veracidade dos dados do estudo, de acordo com o comunicado divulgado na tarde
de hoje (4) no site da revista médico-científica britânica The Lancet.
Por isso, os cientistas pediram a retirada do estudo da publicação.
Os cardiologistas e cirurgiões
Mandeep Mehra, Frank Ruschitzka e Amit Patel não obtiveram sucesso na validação
independente dos dados usados para a publicação do estudo, o que torna
impossível a checagem dos óbitos e o acesso às fichas completas dos 96 mil
pacientes que fizeram parte do levantamento.
“Nós não podemos mais garantir
a veracidade das fontes dos dados primários. Por causa deste desenvolvimento
infeliz, os autores pedem que o artigo seja retratado”, afirma o médico e
cientista Mandeep Mehra, em comunicado.
Publicado em 22 maio, o estudo
afirmava que o uso de quatro protocolos diferentes de medicamentos - todos
usando cloroquina ou sua variação moderna, a hidroxicloroquina - não surtiu
efeito sobre o vírus SARS-CoV-2, agente causador da covid-19. O estudo relata
que um dos efeitos colaterais descritos na bula dos medicamentos, a arritmia
cardíaca, colocou em risco a vida de pacientes de diversos grupos, desde os
menos severos até os que estavam em estado crítico.
A retratação do estudo
acontece um dia após a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar a retomada dos testes com ambas as substâncias.
Médicos, cientistas e estatísticos de diversos países também se manifestaram
sobre a metodologia aplicada, que utilizou um banco de dados da empresa Surgisphere
especializada em informações médicas.
Em carta pública, 120 autoridades médicas contestaram
os números, e solicitaram que a OMS conduzisse auditorias independentes para
validar as informações relativas ao tratamento de pacientes com covid-19.
“Nós todos entramos nesta
[jornada de] colaboração para contribuir, em boa fé e em um tempo de grande
necessidade, com a pandemia de covid-19. Pedimos desculpas sinceras para você,
para os editores e para os leitores do jornal [a revista The Lancet]
pelo constrangimento e pela inconveniência causados”, informa a carta.
A retratação do estudo, assim como a íntegra da publicação original, ainda se encontram disponíveis
no site da The Lancet.
Texto: Pedro Ivo de
Oliveira; Edição: Bruna Saniele – Agência Brasil, 4-6-2020, 18h40
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