J.R. Guzzo
Houve até agora muito pouca
cobrança – no mundo oficial, entre os “formadores de opinião” e no resto do
Brasil que costuma se manifestar a respeito de tudo – sobre as
responsabilidades pela catástrofe da Covid-19 no Brasil. Alguém tem alguma
culpa nessa tragédia?
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Pessoas caminham de máscara na orla da praia em retomada gradual durante a epidemia de Covid-19 no Rio de Janeiro. Foto: Carl de Souza/AFP |
As responsabilidades
em torno da Covid-19 estão muito claras: o STF, desde o começo, entregou aos
estados e prefeituras a exclusividade na administração da epidemia; ninguém, no
governo federal ou no Legislativo, tem o direito de mexer uma palha a respeito
do assunto. O governo pode tirar dinheiro do Tesouro para pagar as despesas que
as “autoridades regionais” mandam para cima dele; não há nenhum limite quanto a
isso. Mas está proibido de fazer qualquer outra coisa, e se tenta fazer é
ignorado, simplesmente, pelos 27 governadores e 5.500 prefeitos do Brasil.
Muito bem: na conta de quem,
então, devem ser debitados as mais de 33.000 mortes da epidemia? Se as
“autoridades locais”, como decidiu o STF, têm poderes de ditadura para fazer o
que lhes dá na telha em relação à doença, também tem de ter a exclusividade nas
culpas.
Quem manda e desmanda em
relação à epidemia (no Brasil de hoje o cidadão morre de “coronavírus” por
decreto do governador) acha que a culpa é da cloroquina, da população que não
entende o “distanciamento social”, da falta de patriotismo e sabe lá Deus o que
mais – de qualquer um, em suma, salvo deles próprios, que tomam todas as
decisões. É óbvio que governadores e prefeitos estão obtendo resultados
calamitosos na sua ação de combate ao vírus.
Os seus três meses seguidos de
plenos poderes, seus confinamentos e proibições, suas multas e ameaças, suas
agressões aos direitos individuais e suas compras sem licitação produziram, até
agora, uma montanha de mortos. Talvez seus nomes fiquem na memória da
população, quando vierem pedir votos outra vez.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 4-6-2020, 20h55
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