Substituto de Weintraub pode vir de solução
caseira dentro da própria pasta. Bolsonaro recebeu sugestões de aliados
Rodolfo Costa
A substituição do ministro da Educação, Abraham Weintraub, pode vir de uma solução
caseira dentro da própria pasta. Talvez haja uma substituta. Isso porque a
secretária de Educação Básica, Ilona Becskeházy, e o secretário de
Alfabetização, Carlos Nadalim, são os mais cotados para o posto. Outro nome
ventilado é o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. A opção,
contudo, pode ser algum auxiliar de Weintraub.
![]() |
A secretária de Educação
Básica, Ilona Becskeházy, e o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, são
cotados para assumir o Ministério da Educação
|
O motivo por trás da escolha
de um técnico do próprio Ministério da Educação é a sinalização que Bolsonaro
planeja passar, sobretudo, ao eleitorado. O presidente da República sabe que a
indicação de um ministro político não geraria tumulto, mas causaria desconforto
junto à militância.
É com muita felicidade que apresentamos a professores, coordenadores, diretores e secretários de educação o novo edital do PNLD 2022 — Educação Infantil. Sealf e SEB trabalharam juntas para que autores e editoras possam produzir as obras, e para que você, educador, pic.twitter.com/SqZmRrd6y7— Ilona Becskehazy - serenidade e solidariedade (@Ilonabecskehazy) May 26, 2020
A advertência tem sido feita desde o início da semana, quando vazaram os
primeiros sinais de esgotamento do ministro da Educação. Bolsonaro foi alertado
por conselheiros de que, se a demissão for inevitável, o substituto de
Weintraub terá de ser algum secretário da confiança do ministro.
Valores
conservadores
O governo sabe que a
exoneração pegará mal junto ao eleitorado, mas um auxiliar da pasta pode
atenuar as críticas. Ou seja, o substituto de Weintraub, um ministro
“bolsonarista de raiz”, precisa ser alguém igualmente identificado com os
valores conservadores. Os nomes mais ventilados são, portanto, Becskeházy e
Nadalim.
Ambos foram encaminhados ao presidente por conselheiros bolsonaristas. Aliados da mais alta confiança do presidente, que debatem cotidianamente em círculos não diretamente ligados ao governo, mas próximos da militância, sugeriram os dois. Esses nomes, entretanto, carregam prós e contras.
Há elementos que explicam tais
pontos favoráveis e contrários. Oeste explica, abaixo,
detalhes por trás das análises de cada um.
Ilona Becskeházy
Pró: A secretária
de Educação Básica tem currículo de peso. É doutora em Educação e mestra em
Educação Brasileira. Inclusive, aventou-se que Ilona assumiu o cargo apenas
para ser ministra futuramente, algo refutado por ela. Foi diretora-executiva
por dez anos da Fundação Lemann, um órgão respeitado dentro do Congresso, onde
existe a “bancada Lemann”.
O trânsito político com a
Câmara e o Senado é um trunfo para Ilona. Trata-se de algo que Weintraub não
tinha. A secretária é contra o debate de gênero nas escolas, a ponto de ter
sido criticada pela esquerda quando assumiu o cargo. O posicionamento foi feito
ao documentário Pátria Educadora, lançamento da produtora
Brasil Paralelo.
Contra: A ligação
com a Fundação Lemann é o que pode jogar contra alguns bolsonaristas mais
críticos. O instituto ligado ao segundo homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo
Lemann, financiou algumas candidaturas de parlamentares de direita e de
esquerda na Câmara. A exemplo dos deputados Felipe Rigoni (PSB-ES), Tiago
Mitraud (Novo-MG) e Tabata Amaral (PDT-SP).
Carlos Nadalim
Pró: O secretário
de Alfabetização também apresenta um currículo relevante. Ele é mestre em
Educação, tem especializações em História e Teorias da Arte e em Filosofia
Moderna e Contemporânea. É, inclusive, aluno do escritor Olavo de Carvalho,
“guru” de Bolsonaro. É considerado até pelo entorno bolsonarista como um
“Weintraub light”.
Contra: No
governo, a associação com Olavo de Carvalho não é bem-vista pelo Congresso.
Ainda que tenha um perfil “light” em relação a Weintraub, os próprios
bolsonaristas entendem que isso possa criar uma rejeição política junto a
parlamentares e, também, a ministros do Supremo Tribunal Federal.
Título e Texto: Rodolfo
Costa, revista Oeste, 18-6-2020, 8h30
Começa agora em Brasília, reunião entre o ministro e o presidente.
ResponderExcluir