quinta-feira, 18 de junho de 2020

Entenda as análises por trás da escolha do substituto de Weintraub

Substituto de Weintraub pode vir de solução caseira dentro da própria pasta. Bolsonaro recebeu sugestões de aliados

Rodolfo Costa

A substituição do ministro da Educação, Abraham Weintraub, pode vir de uma solução caseira dentro da própria pasta. Talvez haja uma substituta. Isso porque a secretária de Educação Básica, Ilona Becskeházy, e o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, são os mais cotados para o posto. Outro nome ventilado é o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. A opção, contudo, pode ser algum auxiliar de Weintraub.

A secretária de Educação Básica, Ilona Becskeházy, e o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, são cotados para assumir o Ministério da Educação
O motivo por trás da escolha de um técnico do próprio Ministério da Educação é a sinalização que Bolsonaro planeja passar, sobretudo, ao eleitorado. O presidente da República sabe que a indicação de um ministro político não geraria tumulto, mas causaria desconforto junto à militância.

A advertência tem sido feita desde o início da semana, quando vazaram os primeiros sinais de esgotamento do ministro da Educação. Bolsonaro foi alertado por conselheiros de que, se a demissão for inevitável, o substituto de Weintraub terá de ser algum secretário da confiança do ministro.

Valores conservadores

O governo sabe que a exoneração pegará mal junto ao eleitorado, mas um auxiliar da pasta pode atenuar as críticas. Ou seja, o substituto de Weintraub, um ministro “bolsonarista de raiz”, precisa ser alguém igualmente identificado com os valores conservadores. Os nomes mais ventilados são, portanto, Becskeházy e Nadalim.

Ambos foram encaminhados ao presidente por conselheiros bolsonaristas. Aliados da mais alta confiança do presidente, que debatem cotidianamente em círculos não diretamente ligados ao governo, mas próximos da militância, sugeriram os dois. Esses nomes, entretanto, carregam prós e contras.

Há elementos que explicam tais pontos favoráveis e contrários. Oeste explica, abaixo, detalhes por trás das análises de cada um.

Ilona Becskeházy

Pró: A secretária de Educação Básica tem currículo de peso. É doutora em Educação e mestra em Educação Brasileira. Inclusive, aventou-se que Ilona assumiu o cargo apenas para ser ministra futuramente, algo refutado por ela. Foi diretora-executiva por dez anos da Fundação Lemann, um órgão respeitado dentro do Congresso, onde existe a “bancada Lemann”.
O trânsito político com a Câmara e o Senado é um trunfo para Ilona. Trata-se de algo que Weintraub não tinha. A secretária é contra o debate de gênero nas escolas, a ponto de ter sido criticada pela esquerda quando assumiu o cargo. O posicionamento foi feito ao documentário Pátria Educadora, lançamento da produtora Brasil Paralelo.

Contra: A ligação com a Fundação Lemann é o que pode jogar contra alguns bolsonaristas mais críticos. O instituto ligado ao segundo homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, financiou algumas candidaturas de parlamentares de direita e de esquerda na Câmara. A exemplo dos deputados Felipe Rigoni (PSB-ES), Tiago Mitraud (Novo-MG) e Tabata Amaral (PDT-SP).

Carlos Nadalim
Pró: O secretário de Alfabetização também apresenta um currículo relevante. Ele é mestre em Educação, tem especializações em História e Teorias da Arte e em Filosofia Moderna e Contemporânea. É, inclusive, aluno do escritor Olavo de Carvalho, “guru” de Bolsonaro. É considerado até pelo entorno bolsonarista como um “Weintraub light”.

Contra: No governo, a associação com Olavo de Carvalho não é bem-vista pelo Congresso. Ainda que tenha um perfil “light” em relação a Weintraub, os próprios bolsonaristas entendem que isso possa criar uma rejeição política junto a parlamentares e, também, a ministros do Supremo Tribunal Federal.
Título e Texto: Rodolfo Costa, revista Oeste, 18-6-2020, 8h30

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