terça-feira, 9 de junho de 2020

‘Muito rara’, diz OMS sobre transmissão da covid-19 por assintomáticos

Organização Mundial da Saúde avisa que, dessa forma, ações de combate ao novo coronavírus devem se concentrar no isolamento de pessoas que apresentam sintomas da doença

Anderson Scardoelli

A semana começa com a Organização Mundial da Saúde agitando o cenário científico. Isso porque nesta segunda-feira, 8 de junho, a OMS anunciou que novas pesquisas revelam que a transmissão da covid-19 por pacientes assintomáticos é possível de ocorrer — mas é “muito rara”.

Maria Van Kerkhove integra a equipe da OMS. Foto: REPRODUÇÃO/CNBC
O anúncio surpreendeu a comunidade científica de todo o planeta. Diferentemente da afirmação de hoje, estudos preliminares realizados pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos indicavam que pessoas assintomáticas teriam o mesmo “poder” de transmitir o novo coronavírus que os infectados que apresentavam sintomas da doença.

A deliberação anterior fez, inclusive, com que governos mundo afora impusessem regras rígidas de isolamento social. No Estado de São Paulo, por exemplo, o confinamento vigora desde 24 de março — sempre com o governador João Doria validando decisões na “ciência”.

“Parece raro que uma pessoa assintomática realmente transmita [o coronavírus]”

“A partir dos dados que temos, ainda parece raro que uma pessoa assintomática realmente transmita [o coronavírus] a um indivíduo secundário”, declarou Maria Van Kerkhove, chefe da divisão de doenças da OMS, de acordo com o site CNBC. “É muito raro”, enfatizou.

Mudança de estratégia
Para além de anunciar a descoberta pela OMS, a representante da entidade indicou a necessidade de repensar as estratégias que visam a combater a disseminação da pandemia. Para Van Kerkhove, as autoridades devem se dedicar a detectar e isolar somente as pessoas que apresentem sintomas de contaminação pelo novo coronavírus. Ela, contudo, ressalva que pode ser necessário realizar mais estudos a respeito. Afinal, a integrante da OMS salientou ter conhecimento de que estudos anteriores indicavam a transmissão a partir dos assintomáticos.

Em outro ponto, entretanto, a mesma Van Kerkhove reforçou que a missão agora será cuidar de quem revele sintomas da doença. “Queremos focar os casos sintomáticos”, disse a médica. “Se seguíssemos todos os casos sintomáticos e os isolássemos, seguíssemos os contatos e os colocássemos em quarentena, reduziríamos drasticamente [a transmissão do novo coronavírus]”, complementou.

Não é a primeira vez nos últimos dias que a OMS faz o mundo científico voltar-se contra estudos ou decisões anteriores. Na semana retrasada, a entidade avisou a interrupção de testes com a hidroxicloroquina, conforme noticiou Oeste. Na ocasião, a organização comunicou que os trabalhos realizados até então não tinham surtido efeito positivo. Uma semana bastou para a própria organização voltar atrás e mudar de estratégia. Assim, a mesma OMS retomou os testes com o medicamento em  3 de junho.
Título e Texto: Anderson Scardoelli, revista Oeste, 8-6-2020, 21h57

5 comentários:

  1. Bolsonaro cita posições antagônicas da OMS em vitória política para o governo

    Presidente da República cita posicionamentos do organismo internacional acerca da hidroxicloroquina e de pacientes assintomáticos

    O presidente Jair Bolsonaro iniciou a 34ª Reunião do Conselho de Governo “comemorando” duas vitórias políticas. Sem alarde, o chefe do Executivo federal citou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou duas decisões recentes que dão respaldo à sua narrativa sobre a hidroxicloroquina e o isolamento.

    A OMS anunciou na segunda-feira, 8, que novas pesquisas apontam como “muito rara” a transmissão da covid-19 a partir de pacientes assintomáticos. Bolsonaro citou isso em sua fala, opinando, contudo, que a imprensa pouco abordou esse assunto. Antes, o organismo internacional tratava os assintomáticos como um grupo passível de transmitir a doença, a ponto de ter recomendado medidas rigorosas de isolamento.

    O presidente da República também destacou outra recente posição contraditória da OMS: o uso da hidroxicloroquina. O organismo internacional chegou a suspender a orientação do uso de cloroquina e hidroxicloroquina em testes para tratamento contra a covid-19, mas voltou atrás na decisão.

    A 34ª Reunião do Conselho está sendo transmitida ao vivo a pedido de Bolsonaro pela TV Brasil 2 e, também, nas redes sociais. Além do presidente, outros ministros estão usando espaço de fala para comentar sobre as realizações de suas pastas durante a pandemia.
    Rodolfo Costa

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  2. Brasil vai propor investigação sobre a OMS

    Segundo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a investigação sobre a OMS deverá começar antes mesmo do fim da pandemia do novo coronavírus

    Araújo participa de reunião ministerial com Bolsonaro nesta terça, 9 | Foto: Agência Brasil

    O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o governo brasileiro subscreveu uma proposta de investigação sobre a Organização Mundial da Saúde (OMS). A declaração foi dada durante a reunião ministerial desta terça-feira, 9.

    Segundo Araújo, o Brasil está em coordenação com a Austrália e a União Europeia para levar adiante uma investigação sobre a influência de “atores políticos” nos “métodos de transparência” e outras questões relativas à resposta da organização à epidemia. As apurações deverão começar antes mesmo do fim da pandemia do novo coronavírus.

    Leia mais: “‘Muito rara’, diz OMS sobre transmissão da covid-19 por assintomáticos”

    Existem duas propostas sendo analisadas na Assembleia-Geral da OMS. Uma delas foi apresentada por Austrália e União Europeia para uma investigação sobre a origem e a expansão do novo coronavírus no mundo.

    Outra proposta feita em cima de um texto apresentado pela UE requer uma avaliação externa especificamente da resposta à epidemia de coronavírus. Esse texto tem o apoio de Japão, Austrália, Canadá, Reino Unido, entre outros países. Até agora, o texto pede que a própria OMS inicie uma avaliação externa “independente, imparcial e completa” da ação do órgão na epidemia.

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  3. A firmeza dessa tal OMS me tonteia:

    OMS esclarece que assintomáticos podem transmitir covid-19
    Uma live especial foi feita para falar sobre a polêmica

    Publicado em 09/06/2020 - 14:29 Por Pedro Ivo de Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Brasília

    Após afirmar que a contaminação a partir de pessoas assintomáticas seria “rara”, a infectologista Maria Van Kerkhove – responsável técnica pelo time de combate à covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS) – esclareceu hoje (9), em uma entrevista especial, que houve um mal-entendido sobre a fala.

    “Recebi muitas mensagens pedindo esclarecimentos sobre alguns argumentos que usei ontem durante a coletiva de imprensa. Acho importante esclarecer alguns mal-entendidos sobre minha fala de ontem. O que sabemos sobre transmissão é que, [das] pessoas que estão infectadas com covid-19, muitas desenvolvem sintomas. Mas muitas não. A maior parte da transmissão conhecida vem de pessoas que apresentam sintomas do vírus e passam para outras através de gotículas infectadas. Mas há um subgrupo de pessoas que não desenvolvem sintomas. E, para entender verdadeiramente esse grupo, não temos uma resposta concreta ainda. Há estimativas de que o número gire entre 6% a 41% da população. Mas sabemos que pessoas que não têm sintomas podem transmitir o vírus”, reiterou.

    A médica fez questão, ainda, de frisar que há diferenças entre “pré-sintomáticos” – aqueles indivíduos que foram infectados, mas que ainda estão na fase de incubação do vírus – e “assintomáticos” – os indivíduos que, apesar de infectados por um período mais longo de tempo, não desenvolveram nenhum sintoma clássico da doença.

    “O que fiz referência ontem, durante a coletiva de imprensa, foi a poucos estudos, dois ou três, que foram publicados e tentaram seguir casos assintomáticos. Eu estava apenas respondendo a uma pergunta [feita por jornalistas], não estava declarando qualquer mudança de abordagem da OMS. Nisso, usei a frase ‘muito rara’, mas isso não quer dizer que a transmissão vinda de pessoas assintomáticas seja ‘muito rara’ globalmente”, argumentou.

    Foco prático
    Segundo Mike Ryan, médico epidemiologista especializado em doenças infecciosas e diretor executivo do Programa de Emergências da OMS, há um foco em ações práticas que diminuam os números de mortos e infectados por covid-19 em escala global. “Estamos tentando entender o que impulsiona a transmissão comunitária. Queremos salvar vidas. Quando damos conselhos sobre estratégias amplas de como controlar a doença, estamos focando em identificar os casos, acompanhar a trajetória [da infecção], testar esses casos e garantir que haja quarentena.”

    O médico voltou a assegurar o entendimento da questão que, segundo a OMS, foi publicada por veículos de todo o mundo e gerou controvérsias sobre o papel do isolamento social e da quarentena. “Qualquer que seja a proporção de transmissão a partir de indivíduos assintomáticos – e esse número é desconhecido –, ela [a transmissão] está ocorrendo. Estamos convencidos disso. A questão é o quanto."

    O que dirão amanhã?

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  4. Por que nossa mídia dá pouca ênfase a este fato?
    Que interesses escusos estão por trás deste "esquecimento"?

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