Monumento de 38 metros de altura fica no alto do Morro do Corcovado
Ana Cristina Campos
Eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor completa 90 anos como a imagem mais famosa do Brasil. Em 1926, começou a construção do monumento de 38 metros de altura no alto do Morro do Corcovado, a 710 metros do nível do mar. Demorou cinco anos para ficar pronto e foi inaugurado em 12 de outubro de 1931.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil |
O dia do aniversário de um dos
principais cartões postais do país começa hoje (12) às 7h15, com o Ato Cívico
Religioso e a Santa Missa em Ação de Graças pelos 90 Anos do Cristo Redentor e
em honra a Nossa Senhora Aparecida. No evento, que terá a presença de
autoridades públicas e religiosas, haverá o lançamento da Medalha Comemorativa
dos 90 Anos do Cristo Redentor e do Bloco Postal Especial em Homenagem ao
Monumento do Cristo Redentor.
A Esquadrilha da Fumaça, da
Força Aérea Brasileira, fará uma apresentação sobrevoando o monumento. A Banda
do Corpo de Fuzileiros Navais participará musicalmente do evento.
Toda a cerimônia será transmitida
ao vivo pelo canal oficial do Santuário Cristo Redentor no YouTube.
O reitor do Santuário Cristo
Redentor, padre Omar Raposo, destaca que o monumento é o “garoto propaganda” do
país.” É impossível pensar o Brasil no exterior sem que a gente reporte o nosso
olhar e a nossa lembrança para esse precioso monumento no alto do Corcovado”,
diz. “O Cristo Redentor nos passa a sensação de que parece que foi esculpido na
colina da montanha do Corcovado. Isso é tão maravilhoso. Imaginem o que seria
do Rio de Janeiro se não fosse o Cristo Redentor?”
Ele lembra que a estátua
interage perfeitamente com a natureza ao redor, o Parque Nacional da Tijuca, e
traz uma experiência a partir dos braços abertos. “Esses braços comunicam
acolhimento e identificam ainda mais o coração do povo brasileiro, que é um
coração acolhedor, que também possui braços fortes para trabalho, cheio de
energia pra gente poder desenvolver essa nação tão querida”.
Restauração
A qualidade da obra
impressiona a arquiteta e escultora Cristina Ventura, coordenadora da mais
recente restauração do Cristo. “É uma qualidade que chama a atenção nos dias de
hoje. Isso que é o mais espantoso. Você hoje não encontra estruturas muito mais
recentes com a qualidade que foi feita nessa obra”, diz Cristina.
“Não tem nenhuma construção nesses moldes, nesse período, com essa audácia que foi o Cristo. Um outro marco é que o Cristo é a maior escultura art déco do mundo”, acrescenta.
A arquiteta lembra que não só
engenheiros e arquitetos envolvidos no projeto foram audaciosos, mas também os
operários sem equipamento de proteção individual pendurados em andaimes sobre
um precipício de mais de 700 metros de altura. “Eu fico imaginando isso quando
nós, da equipe, fazemos as coisas com tanto amor, imagina para eles que estava
construindo o Cristo Redentor. Que tipo de compromisso que essa galera não
tinha aqui, sabe?”, pondera Cristina.
Para o aniversário de 90 anos,
foram feitos reparos emergenciais em partes que haviam sido danificadas pelas
intempéries: trechos do manto, dedo direito e parte frontal da cabeça. Além
disso, como parte da manutenção preventiva, o Cristo ganhou um equipamento para
medir os ventos que atingem a estátua e também um para-raios reforçado.
Cristo da Bola
Esse projeto audacioso feito de concreto armado e pedra sabão foi financiado por doações da população brasileira. Em 1921, nos preparativos para as comemorações do centenário da Independência do Brasil, um grupo católico promoveu concurso para uma estátua em homenagem a Jesus Cristo. O vencedor foi o arquiteto e engenheiro Heitor da Silva Costa, que liderou o projeto, da concepção até a inauguração da obra, em 12 de outubro de 1931.
O projeto inicial, que tinha a
imagem de Cristo segurando uma cruz na mão esquerda e o globo, na mão direita,
foi apelidado de Cristo da Bola pelos cariocas.
O teólogo Alexandre Pinheiro,
coordenador do Núcleo de Acervo e Memória do Santuário Cristo Redentor, conta
que não foi fácil na época conseguir a autorização do governo republicano para
a obra. Um abaixo-assinado de 20 mil mulheres, lideradas pela escritora Laurita
Lacerda, ajudou a vencer a resistência do então presidente Epitácio Pessoa.
A documentarista Bel Noronha,
que é bisneta de Heitor da Silva Costa, conta que muita gente chegou a
acreditar num mito de que o Cristo teria sido um presente da França para o
Brasil pelo fato de a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, ser um presente do
governo francês para os norte-americanos. E também porque franceses trabalharam
no projeto do Cristo.
Mas foi a arquidiocese do Rio
de Janeiro que organizou campanhas de arrecadação de fundos que mobilizou não
só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil. Toda a construção do Cristo foi
financiada com o dinheiro das doações dos brasileiros.
Os desenhos do projeto de
Heitor da Silva Costa foram feitos pelo pintor Carlos Oswald. E Heitor buscou
parcerias na França para a obra. Para fazer os cálculos estruturais, contratou
o engenheiro Alberto Caquot e para fazer a estátua, o escultor franco-polonês
Paul Landowski, grande expoente do movimento art déco. Landowski fez uma maquete
e a escultura em tamanho real da cabeça e das mãos do monumento, cujos moldes
em gesso foram enviados ao Brasil em partes numeradas.
A escultura foi reproduzida em
concreto armado e revestida em pedra-sabão. Grupos de mulheres se reuniam na
casa paroquial para fazer os mosaicos que eram posteriormente aplicados na
estátua. Muitas escreveram os nomes dos entes queridos no verso dos triângulos
de pedra-sabão.
Além de ser retratado na arte brasileira, como na música Samba do Avião de Tom Jobim, visitas ilustres como o papa João Paulo II, o líder espiritual Dalai Lama, a princesa Diana e príncipe Charles e o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com sua família, já estiveram no alto do Corcovado.
Título e Texto: Ana Cristina
Campos; Edição: Valéria Aguiar – Agência Brasil, 12-10-2021, 7h
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