Esquerda recheia os bolsos da “classe
artística” que reage como esperado
Caio Coppolla
A morte precoce de Taylor Hawkins, consagrado baterista da banda Foo Fighters, possibilitou que o rapper Marcelo D2 – entre outros menos talentosos – fosse convidado, às pressas, para “substituir” a atração internacional e se apresentar no palco principal do Lollapalooza, um dos maiores festivais de música do país. Assim, o imenso público, que havia comprado ingressos para um show grandioso, teve de se contentar com um comício eleitoral medíocre, o “LulaPalooza”.
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Foto: Sebastião Moreira/EFE |
Ao invés de honrar a memória
do recém falecido ícone do rock e prestar um tributo genuíno à sua obra na
forma de música, Marcelo D2 preferiu dar vazão ao seu egoísmo militante puxando
coro e puxando o saco de um ex-criminoso condenado por corrupção e lavagem de
dinheiro: “Olê, olê, olê, olá! Lula, Lula!”. Sim, a bajulação é
constrangedora e o contexto só agrava a situação... mas não surpreende que a
esquerda se utilize da tragédia alheia como palanque político, um modus
operandi levado ao estado da arte durante a pandemia: às vezes de forma
tosca, como a performance panfletária de D2; outras vezes de maneira mais
sútil, quase subliminar – um estratagema bem mais eficaz para avançar agendas,
disfarçando intenções.
Basta ver os nomes que batizaram as duas leis de fomento à cultura aprovadas pelo Senado às vésperas do processo eleitoral: a Lei Paulo Gustavo prevê o repasse de R$3,8 bilhões de verbas federais para Estados e Municípios investirem em “cultura”, priorizando ações protagonizadas por pessoas LGBTQIA+ e outros grupos identitários; já a nova Lei Aldir Blanc estipula um repasse federal de R$3 bilhões de reais por ano (até 2027) para prefeituras e governos financiarem “iniciativas culturais”. Aldir Blanc foi um dos maiores letristas da MPB e Paulo Gustavo era um ator imensamente popular; ambos foram vítimas de uma pandemia que, segundo a esquerda, é de responsabilidade integral e exclusiva do Presidente da República. Basta um pouco de raciocínio político para compreender que batizar leis com esses nomes é menos uma homenagem legítima e mais uma propaganda política de enorme apelo emocional.
Convenhamos, é muito mais
fácil aprovar no Congresso uma legislação apelidada de Lei Aldir Blanc
do que fazer andar o PL
1.518/21 – nome técnico desse projeto de autoria de Jandira Feghali, Alexandre
Frota e outros deputados do PT, PSOL e PCdoB. A lei estabelece uma
nova política nacional de fomento à cultura, que está privilegiando a “classe
artística” com cerca de 20 bilhões de reais de dinheiro público nos próximos 5
anos. Num país em que milhões de pessoas vivem em extrema pobreza, sem acesso a
saneamento básico, educação, saúde e segurança, essa não parece ser uma
prioridade orçamentária razoável... daí a estratégia de usar nomes de artistas
para aumentar a receptividade dos projetos no parlamento, entre os veículos de
imprensa e junto ao eleitorado.
Na prática, é a esquerda
propondo a distribuição pouco criteriosa de bilhões de reais para conquistar
corações, mentes e bolsos de artistas em pleno ano de eleição. Mas quem se
insurgir contra isso, não estará criticando leis que privilegiam o setor
cultural em detrimento da população mais necessitada do país... não, quem ousar
levantar a voz estará indo contra a própria memória de Paulo Gustavo e Aldir
Blanc. Por isso, não impressiona nem um pouco que ambas as leis tenham sido aprovadas
sem grande resistência. Mas uma coisa é fato: na crise, a esquerda brasileira
prefere rechear a carteira de artistas do que colocar comida no prato do povo –
e se pressionado do jeito certo, o Congresso Nacional não hesitará em colaborar
com esse absurdo.
Título e Texto: Caio Coppolla,
Gazeta do Povo, 28-3-2022, 18h37
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