Mário Florentino
A seguir à revolução de 25 de
Abril de 1974, seguiu-se um período conturbado na política portuguesa. Pouco
habituados à democracia, os vários partidos foram-se dividindo entre os que
defendiam uma democracia liberal constitucional de tipo Ocidental, e os que não
queriam nem por nada esse regime. Entre estes últimos, destacava-se o PCP, e o
seu líder carismático, Álvaro Cunhal.
Este partido, aliado do
Partido Comunista da União Soviética, defendia abertamente a instalação de um
regime totalitário em Portugal. Chegou a temer-se que o nosso país se tornasse
na "Cuba da Europa". Felizmente, os democratas não deixaram que esse
caminho triunfasse. Mas isso exigiu muita luta, muita resistência, de muitos
portugueses corajosos que resistiram aos intentos dos inimigos da liberdade.
Liderados por Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, e no MFA pela facção
moderada (conhecida como o "grupo dos nove") combateram os comunistas
pró-soviéticos, em defesa do povo e dos ideais do 25 de Abril.
Essa resistência acabou por
triunfar no golpe de 25 de Novembro de 1975, de Jaime Neves e Ramalho Eanes,
com o qual a via democrática e liberal pôs um ponto final nos delírios
totalitários de Cunhal e dos comunistas, afastando definitivamente o
totalitarismo. Esta história é por
demais conhecida dos portugueses da minha geração, embora seja muito pouco
conhecida pelas gerações mais novas. E é por isso importante voltar a
repeti-la, sobretudo neste ano em que tantos totalitarismos parecem ameaçar de
novo a nossa Europa.
O que surpreende é que durante estes 48 anos a grande maioria das elites políticas portuguesas tenham sempre defendido a importância do PCP na democracia portuguesa. Até sectores do centro-direita, alguns ligados ao PSD, nunca se inibiram de proclamar bem alto que o partido comunista fazia falta e era imprescindível à democracia. Ora, os recentes acontecimentos ligados à invasão da Ucrânia pela Rússia, mostram que essas elites políticas estiveram, e muitas ainda continuam, erradas. Um partido que continua, 48 anos depois, a defender regimes autoritários, e que se recusou a ouvir Volodymyr Zelinskyy (que lidera a corajosa luta do povo ucraniano pela Liberdade), não faz falta nenhuma à democracia portuguesa.
Depois de 22 de Abril de 2022,
dia em que o Presidente da Ucrânia falou no Parlamento português e foi
aplaudido de pé por todos os presentes, a maioria dos portugueses terá
finalmente percebido porque é que a existência de um partido comunista num
regime democrático é uma aberração e uma contradição. Muito provavelmente este partido
não voltará a ter presença na casa da democracia na sequência das próximas
eleições legislativas. À semelhança do que acontece, de resto, na grande
maioria dos países da União Europeia. Quando os comunistas não tiverem qualquer
representação no Parlamento, poderemos finalmente dizer que triunfou o regime
democrático idealizado pelos capitães de Abril no "dia inicial inteiro e
limpo".
Fica BEM 👍
Eunice. "Fui feliz em
tudo o que fiz" é uma das frases conhecidas da grande atriz que nos deixou
na semana passada. Trabalhou durante 80 anos, até ao final. Enorme o seu legado
artístico e humano. Basta dizer que não foi necessário acrescentar o sobrenome
para sabermos sempre de quem estamos a falar. Eunice.
Fica MAL 👎
João Leão. Mais um episódio
com um ex-governante socialista que levanta polémica no momento da saída do
governo. Desta feita, por ter aprovado, enquanto ministro, um financiamento ao
seu futuro empregador, o ISCTE, para onde volta agora como vice-Reitor. Já são
tantos os casos similares com ministros socialistas, que já não nos admiramos.
Muito mau sinal.
Título e Texto: Mário A.
Florentino, Benfica, 25 de abril de 2022
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A Europa de novo em Guerra
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Maioria Absoluta. E agora?
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