J.R. Guzzo
Desde o início da tragédia mundial da Covid, ficou claro para quem tentava pensar com objetividade, coerência e isenção política que o “lockdown”, como se passou a chamar as medidas de fechamento maciço da atividade social, era a arma errada para combater a pandemia. Não só errada: era a mais errada de todas as possíveis.
Foto: Lukas Coch/EFE |
Rapidamente, a paralisia total
revelou-se o que realmente foi: uma reação de pânico e de ignorância das
autoridades públicas, turbinada, também desde o começo, por uma vasta lavagem
cerebral de ordem ideológica.
O “lockdown”, na tábua de
mandamentos da militância da Covid, era um imperativo para “mudar a sociedade”;
deveria ser criada uma “nova normalidade”, caso a humanidade quisesse
sobreviver. Quem tentava argumentar, com fatos e realidades, que o fechamento
radical não fazia sentido, era amaldiçoado como “negacionista” ou “genocida”.
A Covid passou, depois de
deixar mais de 6 milhões de mortos em todo o mundo, cerca de 660 mil no Brasil
– é o que dizem os registros de mortes atribuídas ao vírus. Sobrevive em alguns
focos de resistência entre os jornalistas, funcionários públicos, etc, etc,
etc, mas acabou na vida real – e vai deixando a claro, pouco a pouco, o tamanho
da mentira que foi o “lockdown”.
Se ele funcionasse, por que o
vírus continuou a se espalhar livremente, durante dois anos, com todas as
medidas de repressão à vida em sociedade? Por que as pessoas que obedeciam o
“fique em casa” continuaram a pegar Covid?
Agora, num clima mais
racional, a ciência de verdade – não o charlatanismo dos ministros do STF, dos
governadores e dos prefeitos, que passaram a maior parte dos últimos dois anos
brincando de ditador – começa a esclarecer as coisas.
Um estudo de economistas-pesquisadores da Universidade de Chicago publicado pelo National Bureau of Economic Research do governo federal dos Estados Unidos, e citado pelo Wall Street Journal, é o mais recente demonstrativo concreto, com base em números, do desastre universal que foi o “lockdown”.
Tomando como base três
critérios – mortes, educação e economia – e computando as cifras de todos os
estados americanos, a pesquisa comprova que o fechamento teve efeito próximo ao
zero na redução de mortes; ao mesmo tempo, foi devastador nas escolas e na
performance econômica.
A pesquisa demonstra que a
Flórida, estado que aplicou um mínimo de restrições durante a pandemia – seu
governador, Ron de Santis, foi chamado pela mídia, o tempo todo, de “Governador
Sentença de Morte” –, teve o mesmo número de mortes, proporcionalmente, que a
Califórnia, onde o governo aplicou as medidas de repressão mais agressivas de
todo o país.
Mas, entre os 50 estados, a
Flórida ficou em terceiro lugar na relação dos que menos perderam em educação;
a Califórnia ficou em último. Dos mesmos 50, a Califórnia ficou no 47º lugar
entre os que tiveram o pior desempenho econômico; a Flórida ficou entre os
melhores, no 13º lugar.
Resumo da ópera: a Flórida
registrou um número de mortos equivalente ao da média nacional, mas protegeu
muito melhor os seus cidadãos das devastações que a Covid provocou na economia
e no desempenho escolar das suas crianças e jovens.
O estudo mostra outras
realidades reveladoras. O Havaí, que adotou medidas extremas de “lockdown” –
chegou a proibir, pura e simplesmente, o desembarque de qualquer pessoa em seu
território –, ficou em primeiro lugar em número de mortos, entre os 50 estados.
Na economia foi o pior de todos, com o 50º lugar, e na educação levou o 46º.
Em Nova Iorque, o
ex-governador Andrew Cuomo, que renunciou ao cargo em meio a um escândalo, foi
um campeão do “fique em casa”. Seu estado teve o 48º lugar entre os 50 em
termos de desempenho econômico.
No Brasil, obviamente, não
haverá nenhum estudo semelhante. Aqui o STF vai continuar dando 100% de razão a
qualquer autoridade que quiser prender a população dentro de casa. A mídia vai
continuar considerando como heróis nacionais os governadores que receberam
poderes absolutos e exclusivos – ninguém podia interferir nas suas decisões –
para tratar de uma epidemia que deixou 660 mil mortos.
As classes intelectuais
continuam tratando o “lockdown” como uma causa da esquerda; quem é contra é
condenado como sendo “de direita”, bolsonarista e negativista. Vamos continuar,
oficialmente, não sabendo nada.
Título e Texto: J.R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 11-4-2022, 15h40
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-