Segundo Ron Paul, ex-candidato à
Presidência dos EUA, o conflito no Leste Europeu beneficia poucas pessoas, à
custa de muitas
Edilson Salgueiro
“A guerra é uma fraude”,
escreveu certa vez o ex-general norte-americano Smedley Butler. “Uma fraude é
mais bem descrita, acredito, como algo que não é o que parece para a maioria
das pessoas. Apenas um pequeno grupo ‘interno’ sabe do que se trata. É conduzida
para o benefício de poucos, à custa de muitos. Por meio da guerra, algumas
pessoas fazem grandes fortunas.”
É com essa citação que Ron Paul [foto], ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, inicia seu artigo A guerra na Ucrânia é uma fraude, publicado na segunda-feira, 25, pelo portal Ron Paul Institute.
A propaganda continua a
retratar o conflito no Leste Europeu como a história de um Golias que não foi
provocado e resolveu dizimar um inocente Davi. O massacre ocorrerá, dizem, a
menos que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan) enviem enormes quantidades de equipamentos militares para a Ucrânia.
“Como sempre acontece com a propaganda, essa versão dos eventos é manipulada
para trazer uma resposta emocional em benefício de interesses especiais”, diz
Ron Paul.
O complexo industrial dos
Estados Unidos é um dos grupos de interesses especiais que lucram com a invasão
da Ucrânia pela Rússia. Recentemente, durante uma reunião de acionistas, o CEO
da Raytheon, Greg Hayes, disse o seguinte: “Os equipamentos militares enviados
para a Ucrânia estão saindo dos estoques — seja do Departamento de Defesa dos
Estados Unidos seja de nossos aliados da Otan. Isso é uma ótima notícia.
Eventualmente, teremos de reabastecê-los e veremos um benefício para o
negócio”.
Segundo Ron Paul, Hayes não
mentiu. A Raytheon e a Lockheed Martins, além de inúmeros outros fabricantes de
armas, estão desfrutando de um lucro que não conseguiam há anos. “Os Estados
Unidos comprometeram mais de US$ 3 bilhões em ajuda militar à Ucrânia”, afirma
o político. “Eles chamam isso de ajuda, mas, na verdade, é bem-estar social
corporativo. Washington está enviando bilhões de dólares para fabricantes de
armas do exterior.”
Os carregamentos de armas como o míssil antitanque Javelin — fabricado em parceria pela Raytheon e pela Lockheed Martin — estão sendo atacados e explodidos assim que chegam em território ucraniano. “Isso não incomoda a Raytheon. Quanto mais armas explodidas pela Rússia na Ucrânia, mais novos pedidos serão realizados pelo Pentágono”, argumenta Ron Paul.
Os países que integravam o
Pacto de Varsóvia e agora pertencem à Otan também estão envolvidos nessa farsa.
Isso porque descobriram uma forma de descartar suas armas de fabricação
soviética, usadas há 30 anos, e encontraram uma maneira de receber equipamentos
militares mais modernos, produzidos pelos Estados Unidos por outras potências
ocidentais.
“Enquanto muitos simpatizantes da Ucrânia estão aplaudindo essa postura, o pacote multibilionário de armas fará pouca diferença”, alerta Ron Paul. Como disse Scott Ritter, ex-oficial da Inteligência da Marinha dos Estados Unidos: “Posso dizer com absoluta certeza que, mesmo que essa ajuda chegue ao campo de batalha, não terá impacto. E Joe Biden sabe disso”.
O artigo destaca que, na
prática, os russos estão capturando toneladas de armas modernas dos Estados
Unidos e da Otan. Mas não é só isso. Esses armamentos estão sendo utilizados
para matar os próprios ucranianos. “Que ironia”, escreve Ron Paul. “Que tipo de
oportunidades serão oferecidas aos terroristas, com milhares de toneladas de
armas mortais de alta tecnologia flutuando pela Europa? Washington admitiu não
ter como rastrear as armas que está enviando para a Ucrânia e não tem como
mantê-las fora das mãos dos bandidos.”
Para o político, o confronto
no Leste Europeu é uma fraude. “Os EUA estão se intrometendo na Ucrânia desde o
fim da Guerra Fria”, salientou. “O país derrubou o governo ucraniano em 2014 e
plantou as sementes do conflito que estamos testemunhando hoje. A única forma
de sair de um buraco é parar de cavar. Não espere isso tão cedo. A guerra é
muito lucrativa.”
Título e Texto: Edilson
Salgueiro, Revista Oeste, 28-4-2022, 20h
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