Mário Florentino
“Caro Chanceler Scholz,
destrua esse novo muro contra a liberdade que existe na Europa (…) não é um
muro de Berlim, é um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravidão, e
este muro fica maior a cada bomba lançada sobre a Ucrânia”, disse hoje Volodymyr
Zelensky perante o Parlamento Alemão.
O historiador Timothy Garton Ash referia-se à revolução de 2004 na Ucrânia desta forma: “A revolução laranja da Ucrânia juntou-se à lista crescente de revoluções europeias de um novo tipo, em grande medida pacíficas e evolucionárias, e cuja linhagem tem já trinta anos desde a “revolução dos cravos” de 1974 em Portugal”. Na conclusão do seu livro “Free World – A América, a Europa, e o Ocidente”, escrito em 2005, este pensador argumentava que “Os Presidentes, os Primeiros-ministros e os Chanceleres chegam e partem: os grandes desafios identificados neste livro permanecem. O modo como os abordarmos nos próximos vinte anos determinará se os nossos filhos viverão em sociedades civilizadas mais livres, ou em sociedades mais fraturadas e intolerantes. E isso depende, consideravelmente, de nós, os cidadãos”.
O argumento é de que nós, os
cidadãos do Mundo Livre, somos capazes de fazer estas revoluções pacíficas e
derrubar muros: “A Ucrânia do Outono de 2004 era um país pobre, uma sociedade
profundamente dividida, com um Estado imensamente corrupto controlado por um
regime de bandidos (…) No entanto, os Vasils e os Svyatoslavs, as Elenas e os
Vovas, vieram para Kiev e acamparam noite após noite, com temperaturas que
caíram até aos dez graus negativos, para fazerem uma revolução de veludo. (…)
Se eles conseguiram tomar o seu destino nas suas próprias mãos, nós também
podemos conseguir”.
Depois dos desenvolvimentos das últimas 3 semanas, na sequência do brutal ataque do ditador Putin à Ucrânia, quase 20 anos após Garton Ash ter escrito aquelas palavras, fica claro que nós, os cidadãos do Mundo Livre, não conseguimos. Ainda não conseguimos acabar com esta divisão entre o Ocidente e o Resto do Mundo. Falhámos esse objetivo.
Defendem alguns que a Ucrânia
deveria render-se e aceitar as condições de Putin para o fim do conflito, por
forma a reduzir a destruição e as vítimas da guerra. Essa posição, defendida
por Miguel Sousa Tavares e por vários comentadores nas TVs e na imprensa, é para
mim incompreensível. Não há equivalência moral entre uma sociedade aberta do
Mundo Livre, e um regime totalitário como o de Putin. Não há equivalência moral
entre um país invadido brutalmente, à revelia do direito internacional, e um
regime que envenena os seus opositores e prende e tortura quem se manifesta
pacificamente na rua contra a guerra. Não pode haver equivalência moral entre
os dois lados desta guerra, por mais argumentos que queiramos trazer para o
debate.
Se o Ocidente não defender o
Mundo Livre, Putin e outros ditadores continuarão a massacrar e escravizar os
seus povos. E serão tentados a expandir o seu poder para outros territórios
europeus. Não há alternativa para o Ocidente a resistir, como resistiu na
segunda Guerra Mundial, e as sanções económicas à Rússia são, naturalmente, uma
resposta inteligente. Na época da globalização e das redes sociais, não será
possível um povo viver muito tempo na mentira. O povo russo acabará por
perceber que nenhum tirano lhe pode tirar a Liberdade. E fará a sua revolução
pacífica, tal como o povo ucraniano em 2004 fez a sua “revolução de veludo”.
Terminada esta guerra, os cidadãos do Mundo Livre devemos ajudar os europeus da Rússia a fazer essa revolução pacífica que derrube o regime tirano de Putin. E derrube o “novo muro” referido por Zelenskyy. Só assim haverá Paz.
FICA BEM 👍
Os primeiros-ministros da
Polónia, Mateusz Morawiecki, da República Checa, Petr Fiala, e da Eslováquia,
Janez Jansa. Numa arriscada viagem de comboio foram a Kiev encontrar-se com o atual
líder do Ocidente, Zelinsky, e declarar-lhe o apoio da União Europeia à sua
luta. "A Europa tem de perceber que se perder a Ucrânia nunca mais será a
mesma. Será uma versão derrotada, humilhada e patética de si mesma"
escreveu o PM polaco após essa viagem.
FICA MAL 👎
As moralistas da
extrema-esquerda radical. Mariana Mortágua e Ana Gomes, sempre afoitas a
criticar tudo e todos, à mínima suspeita de ilegalidade ou irregularidade, num
tom sempre acusatório e moralista, foram agora envolvidas em casos de
legalidade ou ética, o mínimo, duvidosa. Como diz o povo, no melhor pano cai a
nódoa.
Título e Texto: Mário A.
Florentino, Benfica, 17 de março de 2022
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